Surto em frigorífico provoca novo isolamento na Alemanha
23 de junho de 2020
Distrito no oeste do país volta a ter restrições sociais como as do início da pandemia após mais de 1.500 funcionários de frigorífico contraírem a covid-19. Focos localizados da doença levam a aumento de casos no país.
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O governo do estado alemão de Renânia do Norte-Vestfália ordenou nesta terça-feira (23/06) a suspensão parcial da vida pública por um período de uma semana no distrito de Gütersloh, no oeste do país, após 1.553 funcionários de um frigorífico sediado na região terem testado positivo para a covid-19.
Segundo as autoridades locais, a população do distrito – que abriga o município homônimo de Gütersloh e tem cerca de 370 mil habitantes – voltará a sofrer, a princípio até a próxima terça-feira, os mesmos tipos de restrições que vigoraram em todo o país durante os primeiros estágios da pandemia, em março e abril.
Entre outras medidas, está proibida na região a prática de esporte e outras atividades em lugares fechados, e cinemas e bares não poderão abrir. Os encontros em público só serão permitidos para pessoas do mesmo domicílio ou apenas duas pessoas de domicílios distintos.
Escolas e creches na região já haviam sido fechadas em 17 de junho. Atualmente, cerca de 7 mil pessoas – funcionários da empresa e suas famílias – estão cumprindo quarentena.
O governador da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, afirmou que não haverá proibição de viagens para a população, entretanto, pediu aos cidadãos que evitem deixar a área e afirmou que haverá controle de viajantes.
A ideia é poder determinar em sete dias, com a realização de testes maciços, até que ponto o coronavírus se disseminou da fábrica para a população local.
O surto no frigorífico da companhia Tönnies, a maior do ramo na Alemanha, com 6.500 funcionários, gerou protestos em frente à sede da empresa, na localidade de Rheda-Wiedenbrück, que fica no distrito de Gütersloh. Muitas pessoas pediram a renúncia do proprietário, Clemens Tönnies. Ele, porém, garantiu que vai tirar a empresa da crise.
Nesta terça-feira, o Instituto Robert Koch (RKI) para o controle e prevenção de doenças infecciosas apelou para que os alemães permaneçam cuidadosos em relação à covid-19. "Temos de continuar tendo cuidado", disse Lothar Wieler, chefe do RKI, em Berlim. "Se dermos uma chance para que o vírus se dissemine, ele se disseminará, como podemos ver nos eventos atuais de surto", acrescentou.
Wieler ressaltou que sobretudo surtos localizados, como em Gütersloh, contribuem para que haja um aumento nos números da covid-19 na Alemanha. Recentemente, também foram registrados surtos em Warendorf, no oeste do país, em Göttingen, no centro, e em Magdeburg e no bairro berlinense de Neukölln, no leste.
Após uma média de cerca de 350 novos casos diários terem sido registrados nas últimas semanas, os números da doença cresceram desde a semana passada, de acordo com Wieler. Os números do RKI de segunda-feira apontam para 540 novas infecções no país; na terça-feira, foram registrados 503 novos casos.
O número de reprodução R, que indica a média de pessoas que uma pessoa infectada contagia, permaneceu por um longo tempo estável, abaixo de 1. Entretanto, desde 21 de junho, o fator tem estado entre 2 e 3, segundo Wieler. Isso significa que uma pessoa infectada contamina, em média, de duas a três outras pessoas.
Segundo dados mais recentes, o número R na Alemanha é atualmente de 2,76, enquanto o chamado R de sete dias é de 1,83 – este reflete o desenvolvimento epidemiológico entre oito e 16 dias atrás e está menos sujeito a flutuações diárias.
O RKI registrou na Alemanha um total de 190.862 infecções confirmadas e 8.895 mortos em decorrência da covid-19.
O silêncio ocupa os principais pontos turísticos das capitais europeias, devido às restrições de contato social por causa da pandemia do novo coronavírus. Veja como estão alguns lugares da Europa.
Desde domingo, quando a chanceler federal Angela Merkel anunciou mais restrições à circulação de pessoas na Alemanha, as ruas de Berlim e outras cidades alemãs estão mais vazias. O plano de nove pontos anunciado pelo governo proíbe encontros públicos de mais de duas pessoas, a não ser familiares. Todos devem manter uma distância de 1,5 metro dos outros e ir para a rua somente se necessário.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken
Estrangeiros barrados, fronteiras fechadas
Além de limitar o movimento interno, a Alemanha reforçou as restrições à entrada de estrangeiros no país. Como resultado, o tráfego no aeroporto mais movimentado do país, em Frankfurt, teve uma queda significativa.
Foto: picture-alliance/nordphoto/Bratic
Os bávaros devem ficar em casa
Na Baviera, estado mais meridional da Alemanha, as pessoas estão proibidas de sair às ruas para evitar a propagação do novo coronavírus. Sob as medidas que estarão em vigor por pelo menos duas semanas, as pessoas não podem se reunir no exterior em grupos e os restaurantes foram fechados. As ruas de Munique ficaram vazias.
Foto: picture-alliance/Zuma/S. Babbar
Paris isolada
A atividade nas ruas normalmente movimentadas de Paris parou completamente depois que a França anunciou um bloqueio nacional na semana passada. As pessoas não podem sair de casa, a menos que seja para como comprar comida, visitar um médico ou ir ao trabalho. O prefeito de Paris, no entanto, pediu medidas de confinamento mais rigorosas à medida que o número de infecções aumenta em todo o mundo.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Camus
Capital britânica ficou mais vazia
O Reino Unido fechou todos os bares, pubs e restaurantes para combater a ameaça do coronavírus. O primeiro-ministro, Boris Johnson, exortou todos os cidadãos a evitar qualquer viagem e contatos não essenciais com outras pessoas.
Foto: picture-alliance/R. Pinney
Milão, no coração da pandemia
No norte da Itália, só os pombos se atrevem a fazer aglomerações na rua. A catedral de Milão ergue-se solitária para o céu numa praça deserta. Na Itália, as pessoas só podem sair de suas casas para trabalhar ou fazer compras.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/L. Bruno
Vaticano fechado ao público
Embora um número esmagador de casos de coronavírus tenha sido registrado na região da Lombardia, no norte da Itália, Roma e o Vaticano também foram forçadas a restringir severamente as reuniões públicas. Toda a Itália está sob quarentena. As lojas fecharam e os turistas deixaram o país. A Praça de São Pedro, no Vaticano, está bloqueada. Em Roma, museus e pontos turísticos estão fechados.
Foto: picture-alliance/dpa/Zuma/G. Galazka
Espanha, um país fortemente atingido pela crise
O governo espanhol prorrogou até 11 de abril o estado de emergência no país. A Espanha tem o segundo maior número de casos de doenças pelo novo coronavírus na Europa, atrás da Itália. Barcelona e Madri são particularmente atingidas.
Os cidadãos austríacos também já não podem circular livremente. Desde meados de março, todos os bares e restaurantes estão fechados. O marco de Viena - a Catedral de Santo Estêvão - está fechada aos turistas, os serviços na igreja são realizados sem fiéis e são transmitidos por rádio. Também a praça em frente à catedral, normalmente bastante movimentada, está deserta.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Gredler-Oxenbauer
República Tcheca se fecha
A tradicional Ponte Carlos, em Praga, normalmente visitada por multidões de turistas, agora está em silêncio. A República Tcheca declarou estado de emergência por causa da pandemia do novo vírus e impôs uma extensa proibição de entrada e saída. Todas as ligações transfronteiriças de trens e ônibus também foram suspensas. A liberdade de circulação dos habitantes foi rigorosamente restringida.