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Ataques em Oslo

23 de julho de 2011

O norueguês de 32 anos, preso depois dos ataques na Noruega, não tinha ligação com grupos neonazistas e não era conhecido da polícia. Causas que motivaram os atentados ainda são desconhecidas.

Equipes de resgate socorrem vítimas na ilha de Utøya
Equipes de resgate socorrem vítimas na ilha de UtøyaFoto: dapd

Anders B., norueguês de 32 anos preso suspeito de ser o responsável pela explosão em Oslo e o tiroteio na ilha de Utøya nesta sexta-feira (22/07), "surgiu do nada", disse o porta-voz da polícia norueguesa, Roger Andersen. A polícia nega que Anders B. pertença a qualquer grupo de extrema-direita conhecido na Noruega.

O suspeito loiro, de olhos azuis – típico norueguês –, aparentemente não tem qualquer ligação com grupos terrorista ou de extrema-direita, disse a polícia neste sábado (23/07), ao tentar buscar explicações para a pior tragédia vivida no país desde a Segunda Guerra.

"Nós o teríamos no nosso radar se ele fosse ativo em qualquer grupo neonazista", comentou o porta-voz da polícia. No entanto, Andersen não negou a possibilidade de que o suspeito tenha sido influenciado por uma ideologia extremista.

A fonte de informação disponível sobre o suspeito, até o momento, é a internet. Ele aparenta ser um cristão conservador nacionalista. Em seu perfil do Facebook, Anders B. descreve-se como produtor orgânico, administrador de uma fazenda. Antes de sua página sair do ar, ele era listado como "conservador, cristão e solteiro". Não havia qualquer indicação sobre o risco de um ataque iminente.

Por outro lado, seis dias antes do atentado, Anders B. postou no Twitter uma mensagem ambígua, ainda que uma espécie de presságio, citando o filósofo inglês John Stuart Mills. "Uma pessoa com uma convicção é igual a força de 100 mil que têm apenas interesses."

Anders B., suspeito de ter executado os dois ataquesFoto: picture alliance/dpa

Ideologia individual

Um dos amigos do suspeito disse ao jornal norueguês Verdan´s Gang (VG) que o antigo colega de classe era introvertido e mantinha pontos de vistas nacionalistas. O suspeito chegou a fazer parte do conservador Partido Progressista, que briga por restrições severas contra imigração, mas abandonou o partido. Líderes do grupo político descreveram Anders B. como um membro que "ficava nos bastidores e não era muito ativo".

Artigos assinados pelo norueguês e publicados na internet mostram que ele tinha ideias anti-islâmicas e discordava fortemente da postura do governo atual quanto à imigração, porque tal maneira de governar estaria, segundo os textos, levando a Noruega ao multiculturalismo.

"Quando o multiculturalismo deixou de ser uma ideologia designada a desconstruir a cultura europeia, tradição, identidade e Estados nacionais?", dizia uma entrada publicada no ano passado pelo suspeito no site de direita document.no, destacada pelo diário norueguês Aftenposten.

Acesso a armas e fertilizantes

Segundo reportagem do VG, Anders B. vivia com sua mãe num apartamento num prédio de quatro andares em Oslo. O jornal também afirma que o norueguês não tinha qualquer conexão com organizações militares, além de ter servido obrigatoriamente o exército do país.

No entanto, Anders B. era membro de um clube de tiro, o que deu a ele acesso à pistola Glock, fabricada por uma empresa austríaca e bastante usada por policiais, e a uma arma automática. Testemunhas disseram que o atirador estaria usando uma M16 quando abriu fogo contra os participantes do acampamento da juventude na ilha Utøya.

Segundo informações divulgadas ainda no sábado, Anders B. teria comprado, em maio último, seis toneladas de fertilizante da fornecedora Felleskyoepet Agri. O produto pode ser usado na fabricação de bomba caseira.

Sem especificar o tipo exato, o fornecedor disse que Anders B. encomendou o fertilizante por meio de sua própria empresa, uma produtora orgânica a centenas de quilômetros a norte de Oslo. "Foram seis toneladas, o que é uma encomenda pequena e normal para o padrão de produção agrícola", informou um porta-voz da Felleskyoepet Agri.

Autor: Gabriel Borrud (np)
Revisão: Marcio Damasceno

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