Sydney aciona militares para garantir respeito a lockdown
30 de julho de 2021
Em meio a um surto da variante delta do coronavírus na maior cidade da Austrália, cerca de 300 soldados devem ajudar a fiscalizar cumprimento de rígidas medidas de isolamento. Emprego do Exército é alvo de críticas.
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A Austrália convocou o Exército para garantir que sejam cumpridas medidas anticoronavírus em Sydney. Cerca de 300 soldados ajudarão no patrulhamento das ruas da maior cidade do país, comunicou nesta sexta-feira (30/07) a polícia australiana.
Os soldados passarão por um treinamento específico no fim de semana antes de iniciar patrulhas na segunda-feira. Os militares ajudarão a polícia a ir de porta em porta para garantir que as pessoas que testaram positivo para covid-19 estejam respeitando as normas de isolamento, explicou Mick Fuller, comissário da polícia de Nova Gales do Sul, estado onde fica Sydney. Os militares não estarão armados e estarão sob o comando da polícia.
Devido a um surto da variante delta do coronavírus, que começou em junho na Austrália e já causou quase 3 mil infecções e resultou em 13 mortes, vigora em Sydney um lockdown rígido até pelo menos 28 de agosto. A medida impede que os cerca de 5 milhões de habitantes da cidade saiam de casa, exceto para exercícios físicos, compras, cuidados médicos ou outras questões essenciais.
Autoridades estabeleceram nesta semana para alguns subúrbios mais afetados restrições ainda mais severas, que incluem testes obrigatórios e uso de máscaras ao ar livre.
Apesar das medidas de isolamento, as infecções continuam a se espalhar em Sydney. A metrópole registrou 170 novos casos nesta sexta-feira, e um recorde de 239 no dia anterior. O ministro da Saúde do estado de Nova Gales do Sul, Brad Hazzard, reclamou que as pessoas estavam esperando tempo demais para fazerem o teste depois de apresentarem sintomas.
Insatisfação nos subúrbios
O mais recente aumento de casos em Sydney remonta a um motorista de aeroporto sem máscara e não vacinado, que foi infectado no mês passado. O surto se alastrou desde o distrito à beira-mar de Bondi até os subúrbios mais pobres no oeste, onde líderes comunitários afirmaram que os moradores se sentiam injustamente visados pelas novas medidas.
"Eles não têm outra ideia a não ser trazer os militares como último recurso, porque estão perdidos para as respostas aos problemas que criaram", disse Steve Christou, prefeito de Cumberland, um condado onde cerca de 60% de seus 240 mil residentes são estrangeiros. "Eles são uma comunidade pobre, vulnerável e não merecem essas restrições ou essas medidas extensas e duras", prosseguiu.
As pessoas nos subúrbios do oeste de Sydney foram orientadas a ficar dentro de um raio de 5 quilômetros de casa e precisam fazer um teste de covid-19 a cada três dias para serem autorizadas a exercer trabalhos essenciais fora da área. A polícia também recebeu poderes para fechar empresas e lojas que violassem as regras.
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Baixa taxa de vacinação
A Austrália lidou com a crise do coronavírus muito melhor do que muitos dos outros países desenvolvidos. O país registrou pouco mais de 34 mil casos de infecção e menos de mil mortes. Mas isso foi alcançado em grande parte graças ao fechamento quase total de sua fronteira desde o início da pandemia.
No entanto, a taxa de vacinação da Austrália é uma das mais baixas entre as nações industrializadas. A campanha de vacinação começou devagar devido a uma escassez de doses – apenas 18% da população adulta está completamente imunizada – e a variante delta, mais contagiosa, gerou novos surtos, abalou a confiança pública e gerou indignação.
Com o aumento das críticas, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, elaborou uma plano de desconfinamento de quatro estágios. A Austrália está agora na fase A, com grandes partes do país entrando e saindo de lockdowns para conter o vírus, explicou Morrison.
A fase B será alcançada quando 70% dos adultos estiverem vacinados, o que, segundo Morrison, significaria maiores liberdades e direitos especiais aos imunizados. O primeiro-ministro não especificou um prazo, mas afirmou que a fase B poderia ser alcançada antes do Natal.
Morrison disse que a fronteira será reaberta gradativamente na fase C, quando 80% dos adultos estiverem vacinados. "Estamos vacinando a nação e isso permite que ela avance para os tipos de liberdade que buscamos", disse.
pv/lf (rtr, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine