Tênis, calmantes e álcool
9 de novembro de 2003A autobiografia do ídolo do tênis alemão, Augenblick, verweile doch... parodia um verso usado por Goethe em Fausto. Não só aí Boris Becker deu sinais de querer evitar o lugar-comum. Em alusão à onda de livros deste gênero lançados nos últimos tempos na Alemanha por todos os tipos de vips, o tenista adverte que suas memórias não contêm nada sobre sexo, nem uma lista das mulheres com quem dormiu.
"Nunca falo de assuntos de cama com meus amigos. Se já não o faço na vida privada, muito menos em público", disse o ídolo de 35 anos ao jornal popular Bild, que já na semana passada havia publicado alguns trechos da obra. O ex-tenista, que no próximo dia 22 completa 36 anos, garante tratar-se de uma obra sincera, fruto de muita reflexão. "Conto coisas minhas, e não de outros", para que seus três filhos tenham "minha verdade, preto no branco".
Dois deles ─ Noah, de 9 anos, e Elias, de 4 ─, nasceram do matrimônio com Barbara Feltus, que após a separação mudou-se com os meninos para a Flórida. A terceira ─ Anna ─ é fruto de uma breve relação com a modelo Angela Ermakova, que vive em Londres.
No livro, Becker narra os detalhes deste relacionamento e faz questão de salientar que o encontro íntimo com Angela não foi na lavanderia do hotel e sim num banheiro.
Reunir os filhos e as mães no Natal
Apesar de não manter com a menina a mesma relação que tem com os dois filhos, o tenista se define como "muito familiar" e revela que continua sonhando com uma festa de Natal conjunta, com as três crianças e as duas mães.
Não só seus fãs aguardaram a obra com interesse, também dois estúdios de Hollywood teriam manifestado interesse em rodar um filme. O próprio Becker ─ condenado no ano passado por sonegação de impostos, motivo pelo qual mora na Suíça ─ poderia participar do elenco. Além das atividades como empresário, especula-se que ele iniciará carreira como apresentador numa emissora alemã de tevê dedicada ao esporte.
Em suas memórias, enfoca a dependência com calmantes e álcool. Os problemas do mais jovem campeão em Wimbledon (com 17 anos, em 1985), teriam começado em 1987, por causa da pressão no mundo do tênis. O ex-número um do mundo conta que seu grande problema foram os remédios para dormir, dos quais só conseguiu se libertar em 1992.
"Contra a falta de sono, usava Planum; contra a dor, havia outras pílulas", escreveu. "Para combater a solidão, mulheres e uísque ajudavam." Os medicamentos criaram nele uma tendência à melancolia e depressão, que inclusive o impedia de se alegrar em vitórias importantes. A dependência foi vencida em 1992, revela Boris Becker em suas memórias, lançadas pela editora Bertelsmann.