Tóquio tem recorde de casos pelo segundo dia consecutivo
28 de julho de 2021
Capital japonesa supera 3 mil infecções em 24 horas pela primeira vez. Especialistas atribuem alta à variante delta, e não acreditam em ligação com os Jogos Olímpicos.
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A cidade de Tóquio registrou nesta quarta-feira (28/07) o recorde de casos de covid-19 pelo segundo dia consecutivo, em meio à realização dos Jogos Olímpicos.
Em 24 horas, foram contabilizados 3.177 casos de coronavírus, superando os 2.848 registrados na terça-feira. Foi a primeira vez que a cidade ultrapassou as 3 mil infecções diárias. No total, a capital japonesa contabiliza 206.745 casos desde o começo da pandemia.
Especialistas dizem que a onda de infecções em Tóquio está sendo impulsionada pela variante delta, mais contagiosa, e que não há evidências de que a doença esteja sendo transmitida dos participantes dos Jogos Olímpicos para o público em geral.
As infecções estão em alta não apenas na capital, mas também em cidades vizinhas. Nesta quarta-feira, Kanagawa reportou 1.051 casos em 24 horas, superando a marca de mil pela primeira vez, e Saitama e Chiba também registraram aumentos.
As três cidades recebem competições dos Jogos Olímpicos e cogitam pedir ao governo japonês para serem incluídas no estado de emergência vigente até o dia 22 de agosto em Tóquio.
Os Jogos Olímpicos ocorrem sob fortes críticas da população, que na grande maioria era contra a realização do evento em meio à pandemia.
Desde 1º de julho, foram confirmados 174 casos de covid-19 em pessoas ligadas aos Jogos Olímpicos – 17 delas são atletas.
Queda de casos entre os idosos
Os contágios entre as pessoas com mais de 65 anos, faixa etária que foi priorizada na vacinação, diminuíram drasticamente, mas os casos graves ou moderados entre jovens ainda não vacinados têm aumentado, segundo informou a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, em entrevista à emissora pública NHK.
Koike apelou aos jovens para que se imunizem e cumpram as medidas de segurança sanitária, como o distanciamento social e o uso de máscaras.
No decorrer da pandemia, o Japão, com cerca de 126 milhões de habitantes, manteve seus casos e mortes em nível baixo em comparação com muitas outras nações. No entanto, o atraso na campanha de vacinação, que teve início apenas em fevereiro, e o ritmo lento de imunização preocupam, e teme-se que os hospitais possam ficar sobrecarregados.
Vacinação no Japão
Até esta quarta-feira, apenas 26,3% da população japonesa estava totalmente vacinada. Entre os idosos, esse percentual é de 70%, o equivalente a cerca de 24,8 milhões de pessoas.
Alguns jovens já conseguiram se vacinar em universidades ou no trabalho, mas grande parte ainda aguarda ser chamada pelo critério de idade.
No entanto, há preocupação com uma parcela dos jovens que hesita em se imunizar, com pesquisas mostrando que muitos têm dúvidas, em parte devido a falsos rumores sobre efeitos colaterais.
A incidência de casos de covid-19 no Japão é de cerca de 4 infecções a cada 100 mil habitantes em sete dias, índice bem abaixo de países como Estados Unidos (18,5), Alemanha (15) e Reino Unido (48).
Tóquio vive desde 12 de julho seu quarto estado de emergência, com estabelecimentos funcionando em horário reduzido e restringindo a venda de bebidas alcóolicas. A população é aconselhada a sair de casa apenas para tarefas essenciais, mas cada vez mais pessoas descumprem a orientação.
le/ek (AP, Efe, Lusa)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
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Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
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Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
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Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
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Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
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Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
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A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
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Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
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Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
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Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
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