Tabaré Vázquez toma posse como presidente do Uruguai
1 de março de 2015
É a segunda vez que Vázquez assume o comando do país. Ex-líder José Mujica deixa estabilidade econômica e redução da pobreza como legados, mas infraestrutura, educação e segurança ainda são desafios.
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O novo presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, tomou posse neste domingo (01/03) em cerimônia realizada em Montevidéu. É a segunda vez que Vázquez, de 75 anos, assume a presidência do país – ele havia ocupado o cargo entre 2005 e 2010, quando foi sucedido por José Mujica.
Em discurso, Vázquez lembrou que há exatamente dez anos ele tomava posse como presidente pela primeira vez. “Hoje a vida me dá uma segunda oportunidade. Nos últimos dez anos aconteceu muita coisa no Uruguai e no mundo”, afirmou o novo presidente na Praça Independência, a principal de Montevidéu.
Vázquez tem como principais desafios em seus cinco anos de mandatos implementar avanços nas áreas de educação, infraestrutura, segurança e, ainda, em relação ao déficit fiscal. O antecessor José Mujica, eleito senador, deixou importantes conquistas para o país sul-americano, como a estabilidade econômica e a redução da indigência e da pobreza a níveis mínimos históricos.
No evento de posse estavam presentes vários líderes sul-americanos como Dilma Rousseff, Rafael Correa (Equador), Raúl Castro (Cuba), Ollanta Humala (Peru) e Michelle Bachelet (Chile). Cristina Kirchner – por realizar no domingo um discurso anual para o Congresso – e Nicolás Maduro – por causa da crise econômica e política em Caracas – foram as maiores ausências entre os líderes latino-americanos.
Mujica sai com 65% de aprovação
José Mujica despediu-se neste domingo da presidência da mesma maneira simples com a qual ganhou a popularidade entre seus compatriotas e no exterior. O ex-guerrilheiro de 79 anos passou a faixa presidencial a Vázquez e deixou a cerimônia em seu inconfundível fusca azul.
"O povo uruguaio tem que fazer todo o possível para ajudar um governo que começa. Dar toda a força que puder, pois se as coisas correrem bem, melhor será para o país", disse o agora ex-presidente antes de deixar a Praça Independência vestindo um terno sem gravata e usando óculos de sol.
"Fizemos algumas coisas e outras não, mas virão outros que são melhores e, assim, sucessivamente", afirmou. Mujica, que adquiriu grande popularidade internacional por sua maneira simples de falar e se vestir, assim como por seus discursos anticonsumismo, terminou sua gestão com 65% de aprovação popular, de acordo com pesquisa realizada em dezembro pela consultoria Equipos.
FC/rtr/efe/dpa
Cinco anos de Mujica
O dia 28 de fevereiro é o último do mandato do presidente uruguaio, José Mujica. Em cinco anos de poder, ele conquistou simpatias e mostrou que não tem papas na língua.
Foto: Getty Images/AFP
Sobre o poder
"O poder não muda as pessoas, apenas revela quem elas realmente são."
Foto: Getty Images/AFP
Sobre a pobreza
"Pobres não são aqueles que têm pouco, são aqueles que querem muito. Eu não vivo na pobreza, vivo com austeridade, faço renúncias. Preciso de pouco para viver."
Foto: picture-alliance/AP Photo
Sobre o consumo
"Se eu tivesse muitas coisas, teria de lidar com elas. A verdadeira liberdade está em consumir pouco."
Foto: picture-alliance/dpa/I. Franco
Sobre os vizinhos
"Esta velha é pior do que o caolho ... O caolho era mais político, esta é teimosa." (Referindo-se à presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sem saber que havia um microfone aberto.)
Foto: picture-alliance/AP/N. Pisarenk
Sobre as pragas contemporâneas
"A economia suja, o tráfico de drogas, a fraude e a corrupção são pragas contemporâneas protegidas por essa inversão de valores, essa que sustenta a ideia de que somos mais felizes se enriquecermos seja como for."
Foto: Reuters/V. Ruiz Garcia
Sobre o México
"Olhando de longe, dá a impressão de que é um tipo de Estado falido, no qual as autoridades públicas estão totalmente perdidas, desgastadas." (Entrevista após o massacre dos estudantes mexicanos. O governo uruguaio esclareceu não ver o México como um Estado falido.)
Foto: Getty Images/AFP/H. Guerrero
Sobre o mar e a Bolívia
"As pessoas não podem viver de forma anacrônica. De alguma maneira, a Bolívia tem que encontrar uma saída para o mar. E se não der por aqui, tem que sair por ali. E enquanto isso, continuar lutando pelo outro. Este é um problema de que o Mercosul deve se ocupar. A Bolívia tem de pedir ajuda ao Mercosul para resolver este problema." (Entrevista para o jornal "El Deber")
Foto: picture-alliance/photoshoot/N. Celaya
Sobre Guantánamo
O Uruguai "tomou parte na vanguarda mundial pela criação de instrumentos internacionais de paz. (...) Recolhendo do nosso melhor passado essa vocação, oferecemos nossa hospitalidade para seres humanos que sofriam um sequestro atroz em Guantánamo. O motivo, incontestável, é uma questão humanitária." (Carta aberta ao presidente Obama)
Foto: Reuters
Sobre os gastos militares
"Desperdiçamos dois bilhões de dólares por minuto em gastos militares no mundo inteiro. Dizer que não tem dinheiro é falta de vergonha na cara."
Foto: picture-alliance/dpa
Sobre a Fifa
"A Fifa é um bando de velhos filhos da p..." (Comentário feito após o jogador uruguaio Luis Suárez ter sido suspenso da Copa do Mundo de 2014 por ter mordido um jogador italiano durante uma partida.)