1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaAfeganistão

Talibã anuncia novo governo interino no Afeganistão

7 de setembro de 2021

Lista de nomeados contém apenas nomes de membros do grupo fundamentalista islâmico, contrariando pedido da comunidade internacional. Líder de organização considerada terrorista pelos EUA será ministro do Interior.

Combatentes talibãs em cima de veículo blindado
Talibã não informou duração do governo provisório nem citou planos de eleiçãoFoto: HOSHANG HASHIMI/AFP via Getty Images

Os talibãs anunciaram nesta terça-feira (07/09) a composição do novo governo interino do Afeganistão, que não contará com mulheres e será formado apenas por integrantes do grupo fundamentalista islâmico.

O mulá Hassan Akhund será o primeiro-ministro interino, com Abdul Ghani Baradar ocupando a chefia do gabinete de ministros, segundo revelou o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, em entrevista coletiva concedida em Cabul.

Sarrajuddin Haqqani será o ministro do Interior interino, Mullah Yaqoob será o ministro da Defesa em exercício, e Amir Khan Muttaqi será o ministro do Exterior.

Apesar das alegações de que eles governariam de forma diferente do regime repressivo que liderou na década de 1990, a lista estava cheia de partidários da velha guarda talibã.

Eles também teriam dissolvido o Ministério de Assuntos da Mulher, dias depois de reprimir violentamente protestos liderados por mulheres contra a restrição de suas liberdades sob o regime do Talibã.

O Talibã não informou o tempo de duração do governo interino e não mencionou planos para organizar eleições.

Quem são os nomeados

Akhund tem sido há décadas o líder do conselho de liderança do Talibã, e Yaqoob é filho do fundador do Talibã, Mohammed Omar.

Já Haqqani é descendente de uma família poderosa e líder da rede Haqqani, que se tornou uma suborganização do Talibã e é considerada uma organização terrorista pelos Estados Unidos.

Muttaqi é membro estabelecido do aparato diplomático do grupo, representando a organização islâmica nas negociações de paz mediadas pela ONU.

A lista não parecia incluir nenhuma figura não talibã, como exigido pela comunidade internacional.

Líder supremo ordena imposição dalei sharia

O líder supremo do grupo islamista, Haibatullah Akhundzada, afirmou em sua primeira mensagem após a tomada de poder no Afeganistão, que o novo governo deve fazer valer a sharia (lei islâmica). 

“Asseguro a todos os compatriotas que os representantes trabalharão duro para impor as regras islâmicas e a lei sharia no país”, disse o líder em comunicado.

Akhundzada, que jamais foi visto em público, disse à população do país que os novos líderes vão assegurar “paz duradoura, prosperidade e desenvolvimento”, e ressaltou que as pessoas não devem deixar o país. “O Emirado Islâmico não tem problemas com ninguém”, garantiu.
 
“Tudo contribuirá para o fortalecimento do sistema e do Afeganistão e, dessa forma, reconstruirmos nosso país devastado pela guerra”.

Na segunda-feira, o Talibã clamou vitória na província de Panjshir, no nordeste do país, a última região afegã ainda resistindo ao governo. No entanto, as forças de resistência em Panjshir disseram que a luta ainda está em andamento.

Quando as forças dos Estados Unidos começaram a deixar o Afeganistão neste ano, após uma missão de 20 anos, o Talibã aproveitou para invadir uma vasta maioria do território e recuperar o poder, empurrando milhares de refugiados para as fronteiras e provocando uma corrida desesperada dos estrangeiros para deixarem o país.

md/ek (Efe, AP, Reuters)

Pular a seção Mais sobre este assunto