Quatro dias após a morte do mulá Akhtar Mohammad Mansur em bombardeio americano, extremistas afegãos nomeiam novo chefe. Notícia é divulgada no mesmo dia que atentado mata dez membros do sistema judiciário afegão.
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Os talibãs afegãos anunciaram nesta quarta-feira (25/05) que nomearam o mulá Haibatullah Akhundzada como novo líder religioso, depois de confirmarem oficialmente a morte do mulá Akhtar Mohammad Mansur, num ataque com drones lançado no sábado pelos Estados Unidos.
O anúncio surpreendeu e coincidiu com um atentado suicida dos talibãs perto de Cabul, que matou pelo menos dez funcionários de um tribunal de Justiça nos arredores da cidade. O ato foi classificado pelos talibãs como vingança e deixou evidente o poder dos insurgentes, apesar da mudança de liderança.
O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, afirmou que o ataque contra funcionários do sistema judiciário foi uma resposta à decisão do governo afegão no início do mês de executar seis prisioneiros talibãs.
Novo chefe talibã, Akhundzada é visto como uma figura unificadora num movimento extremista cada vez mais fragmentado, embora ainda não esteja claro se ele vai seguir o rumo tomado por Mansur, de rejeitar negociações de paz com o governo afegão.
"Haibatullah Akhundzada foi nomeado como o novo líder do Emirado Islâmico [Talibã], após um acordo unânime na shura [conselho supremo], e todos os membros da shura prometeram lealdade a ele", afirmaram os insurgentes, através de comunicado.
O presidente dos EUA, Barack Obama, que autorizou os ataques aéreos, tinha confirmado a morte segunda-feira. Ele disse que Mansur rejeitava esforços de "se envolver seriamente em negociações de paz", acrescentando que negociações diretas com o governo afegão são a única forma de se acabar com o conflito no país.
MD/afp/rtr/lusa
O Afeganistão moderno está no passado
O regime do Talibã reprime os direitos humanos, sobretudo das mulheres, na sociedade afegã, dominada pelos homens. Mas houve um tempo em que as mulheres circulavam livremente - e se vestiam como bem entendiam.
Foto: picture-alliance/dpa
Médicas aspirantes
Esta foto, tirada em 1962, mostra duas estudantes de medicina da Universidade de Cabul, ouvindo a professora enquanto examinam uma peça de gesso que representa uma parte do corpo humano. Naquele tempo, mulheres tinham um papel ativo na sociedade. Tinham acesso à educação e podiam trabalhar fora de casa.
Foto: Getty Images/AFP
Estilo nas ruas de Cabul
As fotos mostram duas jovens vestidas ao estilo ocidental, em 1962, do lado de fora do prédio da Rádio Cabul, na capital do país. Hoje em dia, com os fundamentalistas talibãs no poder, as mulheres são obrigadas a usar a burca, cobrindo o corpo totalmente quando estivessem em público.
Foto: picture-alliance/dpa
Direitos nem sempre iguais
Em meados de 1970, era comum ver estudantes do sexo feminino nas instituições de ensino afegãs - como a Universidade Politécnica de Cabul. Mas 20 anos depois, o acesso das mulheres à educação no país foi completamente bloqueado. Isso mudou apenas no fim do primeiro regime talibã, em 2001. Por duas décadas, as mulheres puderam estudar - até os fundamentalistas voltarem ao poder, em 2021.
Foto: Getty Images/Hulton Archive/Zh. Angelov
Informática na juventude
Nesta foto, uma instrutora soviética dá aula de informática para estudantes do Instituto Politécnico de Cabul. Durante os anos de ocupação soviética no Afeganistão, de 1979 a 1989, a cena era comum em diversas universidades do país.
Foto: Getty Images/AFP
Encontro de estudantes
Esta foto de 1981 mostra um encontro informal de estudantes em Cabul. Em 1979, a invasão soviética levou o Afeganistão a dez anos de guerra. Quando os soviéticos se retiraram, a guerra civil tomou conta do país e terminou com a ascensão do Talibã ao poder, em 1996.
Foto: Getty Images/AFP
Escola para todos
A foto mostra moças afegãs do ensino médio em Cabul no tempo da ocupação soviética. Durante o regime talibã, instaurado poucos anos depois, meninas foram barradas das escolas e tiveram acesso à educação negado. Elas também foram proibidas de trabalhar fora de casa.
Foto: Getty Images/AFP
Sociedade de duas classes
Nesta foto tirada em 1981, uma mulher com o rosto à mostra, sem lenço, pode ser vista com suas crianças. Cenas como essas se tornaram raras. Mesmo após 15 anos da queda do regime talibã, mulheres continuam lutando por igualdade em uma sociedade dominada pelos homens. Por exemplo, existe apenas uma motorista de taxi em todo o país.