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Talibã chacina estudantes no Paquistão

16 de dezembro de 2014

Atentado a escola militar em Peshawar deixa 141 mortos, dos quais 132 crianças e adolescentes, mais 124 feridos e é condenado por líderes de todo o mundo. Talibã paquistanês afirma ser represália a operação militar.

Foto: Reuters/A. Soomro

O mais sangrento ataque terrorista da história do Paquistão deixou 141 mortos, entre eles 132 crianças e adolescentes, e causou comoção e consternação em vários países nesta terça-feira (16/12). O atentado foi executado pelo Talibã paquistanês numa escola militar em Peshawar, no noroeste do país. Segundo as Forças Armadas, há ainda 124 feridos, sendo 121 crianças ou adolescentes.

O ataque contra a escola durou cerca de oito horas e foi encerrado com uma operação militar que resultou na morte dos sete terroristas do Talibã que o executaram. Segundo um porta-voz do Exército, os terroristas começaram a disparar de modo aleatório logo que entraram na escola e não tinham qualquer intenção de fazer reféns. Além de estarem armados, eles estariam vestindo coletes com explosivos.

O Thereek-e-Taliban Pakistan (TTP, ou Movimento dos Talibãs do Paquistão) assumiu a autoria do atentado e declarou tê-lo executado em represália à operação militar lançada em junho e ainda em andamento contra os seus esconderijos e os dos seus aliados da Al Qaeda no Waziristão do Norte, zona tribal no noroeste junto à fronteira afegã. "Este ataque é uma resposta à contínua ofensiva militar de Zarb-e-Azb, à morte de combatentes talibãs e à perseguição de suas famílias", afirmou Muhammad Khorasani, porta-voz do grupo, à agência de notícias AFP.

O Tehreek-e-Taliban Pakistan é o maior grupo extremista do Paquistão e o mesmo que tentou assassinar a jovem Malala Yousafzai. Formado em 2007, o movimento reúne uma série de grupos extremistas das zonas tribais do noroeste do Paquistão, junto à fronteira com o Afeganistão, e trava uma "guerra santa" contra o governo de Islamabad pela aliança que forjou com os Estados Unidos para combater o terrorismo na região.

Parentes e amigos das vítimas expressam sua dor em PeshawarFoto: Reuters/F. Aziz

"Parecia a morte se aproximando"

Segundo o porta-voz das Forças Armadas, a intenção dos terroristas era aterrorizar e matar. Aparentemente não havia o objetivo de fazer reféns para futuras negociações. Testemunhas relataram que os terroristas passaram de sala em sala, atirando contra tudo o que viam.

Um adolescente de 16 anos que sobreviveu ao ataque disse que ele e alguns colegas se esconderam embaixo das mesas quando quatro atiradores entraram na sala de aula. "Eu vi um par de botas grandes e pretas vindo na minha direção, o cara provavelmente estava procurando estudantes escondidos embaixo dos bancos", relatou o garoto à agência de notícias AFP, já no hospital.

Ele contou que decidiu se fazer de morto e mesmo assim foi alvejado em ambas as pernas. Para conter os gritos de dor, mordeu a gravata. "O homem das botas grandes continuou procurando por estudantes e disparando balas nos corpos deles. Eu fiquei deitado, o mais quieto que eu podia, e fechei meus olhos, esperando para levar mais um tiro."

"Meu corpo tremia. Eu vi a morte tão perto, e nunca vou esquecer aquelas botas pretas se aproximando de mim. Parecia que era a morte se aproximando." Havia cerca de 500 estudantes na escola quando o ataque ocorreu.

Um adolescente é atendido no hospital após a chacinaFoto: AFP/Getty Images/A Majeed

Condenação internacional

O massacre foi condenado pelas Nações Unidas e diversos países, entre eles os Estados Unidos, o Brasil e Alemanha. "Os Estados Unidos condenam com veemência esse ataque hediondo", afirmou o presidente Barack Obama, em comunicado, no qual também reiterou o compromisso de Washington na luta contra o terrorismo e o extremismo. Ao atacar estudantes e professores, "os terroristas mostraram uma vez mais a sua perversão", acrescentou.

Em Londres, o ministro do Exterior do Reino Unido, Philip Hammond, também expressou o apoio do país ao governo paquistanês, qualificando o ataque como "atroz". O chefe da diplomacia britânica declarou estar "horrorizado" com o ataque, lamentando a "trágica perda de vidas".

"Nada pode justificar um ataque atroz como este contra crianças que vão à escola", disse Hammond, em comunicado, acrescentando que Londres trabalha "ombro a ombro com o governo e o povo do Paquistão na luta contra o terrorismo e o extremismo".

Também o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou o ataque, afirmando que a ação dos talibãs paquistaneses foi "um ato hediondo e covarde" cometido contra crianças indefesas.

O governo brasileiro também condenou com veemência o atentado. "Neste momento de pesar e consternação, o povo e o governo brasileiro manifestam a sua solidariedade ao governo do Paquistão e às famílias enlutadas. O Brasil reitera, igualmente, seu repúdio à violência e sua condenação categórica de atos terroristas, independentemente de suas motivações", afirma nota do Itamaraty.

"O sequestro e assassinato de crianças e adolescentes é uma crueldade sem igual", afirmou a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. O presidente do país, Joachim Gauck, qualificou o atentado de um ato covarde de terrorismo.

Operação militar encerrou o ataque dos talibãs, que durou oito horasFoto: picture-alliance/AP Photo/M. Sajjad

AS/afp/ap/lusa/ots

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