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CulturaAfeganistão

Talibã queima instrumentos musicais no Afeganistão

30 de julho de 2023

Grupo afirma que música "desorienta a juventude e destrói a sociedade". Quando os talibãs estiveram no poder pela primeira vez, nos anos 1990, música não religiosa foi proibida.

Instrumentos musicais em chamas, enquanto quatro homens observam
Muitos músicos fugiram do país depois que o Talibã retomou o poderFoto: Afghanistan's Ministry for the Propagation of Virtue and the Prevention of Vice/AFP

A polícia religiosa do Talibã queimou vários instrumentos musicais na província de Herat, no oeste do Afeganistão, segundo uma reportagem da agência de notícias estatal Bakhtar publicada neste domingo (30/07).

O líder do Ministério para a Promoção da Virtude e a Prevenção do Vício na província, Sheikh Aziz al-Rahman al-Muhajir, justificou que a música leva à "desorientação da juventude e à destruição da sociedade", podendo corromper as pessoas, de acordo com citações da reportagem.

Imagens divulgadas pelo ministério talibã mostram autoridades reunidas em torno de uma pilha de instrumentos musicais e caixas de som em chamas, entre eles guitarras e órgãos.

O Talibã, durante seu primeiro regime no Afeganistão, entre 1996 e 2001, chegou a proibir a música não religiosa no país – que tem uma forte tradição musical, influenciada principalmente pela música clássica iraniana e indiana.

O Afeganistão também tem uma cena de música pop próspera, que adiciona instrumentos eletrônicos e batidas dançantes a ritmos mais tradicionais.

Ambos os segmentos musicais floresceram nos últimos 20 anos no país, antes de o Talibã retomar o poder em agosto de 2021, na esteira da retirada das forças dos Estados Unidos e da Otan do território afegão.

Alunos e professores do Instituto Nacional de Música do Afeganistão, que já foi famoso por sua inclusão, não voltaram às salas de aula desde a retomada do poder pelos talibãs. Muitos músicos também fugiram do país temendo a repressão.

Direitos cerceados

Dois anos atrás, o Talibã prometeu um governo mais moderado do que quando esteve no poder no fim da década de 1990. O grupo disse, por exemplo, que não minaria os direitos das mulheres e das minorias. Mas, em vez disso, reintroduziu medidas duras de acordo com sua estrita interpretação da lei islâmica, a sharia.

Nesses quase dois anos, o Talibã realizou execuções públicas, proibiu a educação de meninas além da sexta série e também baniu as mulheres da maioria das formas de emprego.

Recentemente, o regime anunciou que todos os salões de beleza femininos – fonte de renda de milhares de mulheres afegãs – deveriam ser fechados porque ofereciam serviços proibidos pelo Islã.

ek/gb (AFP, DPA)

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