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Tatuagem, entre arte e produto de consumo em massa

Bianca Witzel (gb)4 de maio de 2015

Da aquarela impressionista às linhas geométricas monocromáticas, artistas reinventam a tatuagem, enquanto seus admiradores atravessam mundo para cravar obras únicas na pele. Mas será que é arte, ou mero bem de consumo?

Obra de Chaim MachlevFoto: Chaim Machlev

Donna Tinta escolhe as cores, desinfeta as mãos, desempacota as agulhas descartáveis e veste luvas esterilizadas. O aparelho de tatuar, com as agulhas perfurando a pele, soa como uma escova de dente elétrica. Por um momento, a tatuadora trabalha em absoluto silêncio.

"Quando estou tatuando, entro num 'modo de design'. É um processo artístico", comenta, após alguns minutos.

Antes limitada a determinados grupos sociais e celebridades, a tatuagem tornou-se parte da cultura cotidiana. De acordo com um estudo feito em 2014 pela Universidade Clínica de Bochum, apenas na Alemanha mais de 6 milhões têm tatuagens.

Para Donna Tinta, tatuagem é arte quando se cria algo únicoFoto: Donna Tinta

Corpo humano como tela

Justamente devido ao número elevado de pessoas tatuadas e ao crescimento dos eventos relacionados à tatuagem, surgem questionamentos. Há quem se pergunte se a tatuagem é arte ou apenas mais um item de consumo em massa.

Para a tatuadora alemã Wiebke Turner – nome verdadeiro de Donna Tinta –, a atividade se torna arte quando se cria algo único. Ela, por exemplo, gosta de trabalhar com temas relacionados a animais, no estilo aquarela, combinando, lado a lado, influências do renascentista alemão Albrecht Dürer e do impressionista francês Claude Monet.

Cada vez mais popular, o estilo aquarela começou a surgir para valer há três anos. Traços de pincel e manchas de cor são integrados à tatuagem de forma deliberada, praticamente não se traçam contornos. A pintura se adapta à pele de forma suave, no que mais parecem pinturas do que tatuagens.

Dürer e Monet, lado a ladoFoto: Donna Tinta

Grão-mestre Ondrash

Diversos outros artistas estão trabalhando com tatuagens no estilo aquarela, assim como Donna. Entre eles, os americanos Amanda Wachob, Justin Nordine e Rusel van Schaik. E alguns talentos do Leste Europeu também começam a ganhar espaço.

O mais popular entre os representantes do estilo é o tcheco Ondrej Konupcik, mais conhecido como Ondrash. Designer de moda, ele é um verdadeiro mestre da arte. Seus clientes viajam até dos Estados Unidos e Austrália à República Tcheca, só para serem tatuados por ele.

Seu estilo é designado "Onda Francesa da Tatuagem Moderna". Ondrash mistura arte abstrata com elementos expressionistas e futuristas. Suas obras fazem muitas vezes lembrar Willem de Kooning, um dos mais importantes representantes do expressionismo abstrato e pioneiro do gestualismo.

Ondrash é mestre do estilo aquarelaFoto: Ondrash

Arte monocromática

Chaim Machlev é outro tatuador que desenvolveu um estilo único. Oriundo de Tel Aviv, começou a trabalhar há dois anos em Berlim. Selecionado pela revista alemã TätowierMagazincomo Revelação do Ano, em 2013, ele é figura disputada na movimentada cena internacional.

Machlev tem uma formação fora do comum: ao contrário de outros tatuadores, não estudou design, mas sim psicologia, e era um bem-sucedido gerente de tecnologia da informação, antes de sua carreira de tatuador começar a decolar.

Seus trabalhos são realizados exclusivamente em preto e são altamente individuais. A estética e as linhas extremamente precisas, que formam intricadas mandalas e ornamentos, denotam seu grande senso de simetria.

Israelense Chaim Machlev se especializa em formas geométricas monocromáticasFoto: Chaim Machlev

Com tantas opções e estilos, é bem difícil escolher uma tatuagem pessoal e o artista certo. Donna Tinta concorda: "Escolher uma tatuagem, um artista, é como escolher o nome do filho. Às vezes, você sabe imediatamente que é aquele. Às vezes pode levar um bom tempo. Não se deve fazer uma tatuagem sem pensar bastante antes" – não importa quão artístico o resultado.

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