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Teólogos conservadores acusam papa de propagar heresia

25 de setembro de 2017

Grupo tem como alvo posição mais aberta do pontífice quanto ao recebimento da comunhão por pessoas divorciadas que se casaram novamente. Segundo críticos, Francisco estaria sendo influenciado por ideias de Lutero.

Papa Francisco
Papa Francisco publicou texto que agora é alvo de questionamentos em 2016Foto: Reuters/S. Rellandini

Um grupo de teólogos e clérigos divulgou uma carta aberta neste domingo (24/09) em que critica o papa Francisco por "propagar heresias”. A carta faz uma "correção fraterna" ao pontífice e questiona posições dele em relação ao casamento, à vida moral e ao recebimento dos sacramentos, que o grupo considera contrárias aos princípios da Igreja Católica.

O alvo do documento é um texto escrito pelo papa Francisco, publicado em 2016 com o título de Amoris laetitia, em que o pontífice abre a possibilidade de que católicos divorciados que se casaram novamente participem da comunhão. O grupo entregou a carta ao papa em 11 de Agosto e, por não ter recebido resposta, decidiu publicá-la abertamente.

"O pontífice apoiou direta ou indiretamente a crença de que a obediência à Lei de Deus pode ser impossível ou indesejável e que a Igreja deve às vezes aceitar o adultério como um comportamento compatível com a vida de um católico praticante", afirmou o grupo.

 Até o momento, a carta foi assinada por 62 pessoas de 20 países, principalmente dos Estados Unidos e da Itália, mas não conta com a assinatura de nenhum cardeal ou membro de um alto escalão da Igreja. Contudo, a iniciativa ocorre na sequência de um pedido de quatro cardeais conservadores para que Francisco esclarecesse "dúvidas" a respeito do Amoris laetitia.

O superior-geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio 10º, Bernard Fellay, e Gotti Tedeschi, antigo responsável pelo Conselho de Supervisão do Instituto das Obras Religiosas (conhecido como "Banco do Vaticano"), estão entre os signatários da carta.

De acordo com o grupo que assina a carta, sete posições do papa no Amoris laetitia contradizem "verdades divinamente reveladas" e precisam ser novamente condenadas pela Igreja "para o bem das almas".

Além disso, eles condenam uma suposta simpatia do papa Francisco por Martinho Lutero e afinidade com as ideias do reformador alemão sobre casamento, que, em sua visão, teriam denegrido o matrimônio. 

"De um lado, o casamento é supostamente salvaguardado como um sacramento, enquanto de outro lado o divórcio e o novo casamento são considerados 'misericordiosamente' um status quo a ser integrado – embora apenas 'pastoralmente' – na vida da Igreja, contradizendo assim abertamente as palavras de Nosso Senhor", afirma a carta do grupo de conservadores.

Discussões sobre a moral sexual e sobre o recebimento da comunhão por pessoas divorciadas que se casaram novamente são frequentes na Igreja Católica. Em seu texto de 2016, o papa Francisco pediu mais misericórdia com relação ao tema e recomendou que igrejas locais decidissem individualmente sobre os casos.

PJ/dpa/lusa

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