Teatro alemão oferece entrada gratuita a quem usar suástica
20 de abril de 2018
Peça satírica sobre juventude de Hitler estreia na Alemanha em meio a polêmica: quem vestir símbolo nazista entra de graça, quem pagar é convidado a usar Estrela de Davi. Teatro defende ideia como experimento social.
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Apesar das críticas, estreia nesta sexta-feira (20/04) na cidade de Constança, no sul da Alemanha, uma peça satírica sobre a juventude de Adolf Hitler, intitulada Minha luta (Mein Kampf) – mesmo nome do controverso livro escrito pelo ditador nazista nos anos 1920.
O espetáculo, escrito pelo húngaro George Tabori, morto em 2007, esteve no centro de uma polêmica nesta semana, depois que o teatro prometeu oferecer entrada gratuita aos espectadores que concordassem em vestir uma braçadeira com uma suástica nazista ao longo da apresentação.
Aqueles que preferirem pagar pelo ingresso serão convidados a usar uma Estrela de Davi, símbolo judaico, "como um sinal de solidariedade às vítimas da tirania do nacional-socialismo", afirma o teatro municipal de Constança em sua página na internet.
Ambos os símbolos serão entregues ao público na entrada do auditório, antes do início do espetáculo, e devem ser devolvidos na saída.
A promotoria alemã informou ter recebido uma série de queixas contra a peça, que estreia na data em que Hitler faria aniversário, 20 de abril. Em carta aberta, a Sociedade Alemã-Israelense da região pediu um boicote ao espetáculo, tachando a atitude do teatro como de mau gosto.
O teatro se defendeu afirmando se tratar de um experimento social. Segundo uma porta-voz, a intenção dos produtores ao oferecer ingresso gratuito em troca do uso da suástica é mostrar como as pessoas podem ser facilmente corrompidas.
Em entrevista à emissora SWR, a diretoria do teatro municipal afirmou que o número de espectadores dispostos a trajar o símbolo nazista foi surpreendente e assustador.
Apesar das críticas, a promotoria decidiu nesta quarta-feira que não abriria uma investigação criminal contra o teatro, alegando que a ideia é aceitável no que diz respeito à liberdade artística.
Segundo a lei alemã, a exibição pública de suásticas e outros símbolos nazistas é ilegal no país, a menos que seja feita como parte de uma apresentação artística coberta por garantias constitucionais de liberdade de expressão.
O teatro de Constança descreveu a peça de Tabori, baseada na autobiografia de Hitler e dirigida agora por Serdar Somuncu, como uma caricatura do líder nazista durante sua juventude.
A obra mostra "que nós não estamos livres de ideologias que, concentradas em uma única personalidade, podem se transformar em horrores históricos mesmo nos dias de hoje", afirma o teatro.
EK/afp/dpa/ots
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Memoriais do Terror Nazista
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, diversos memoriais foram inaugurados na Alemanha para homenagear as vítimas do conflito e os perseguidos e mortos pelo regime nazista.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de concentração de Dachau
Um dos primeiros campos de concentração criados durante o regime nazista foi o de Dachau. Poucas semanas depois de Hitler chegar ao poder, os primeiros prisioneiros já foram levados para o local, que serviu como modelo para os futuros campos do Reich. Apesar de não ter sido concebido como campo de extermínio, em nenhum outro lugar foram assassinados tantos dissidentes políticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Reichsparteitagsgelände
A antiga área de desfiles do Partido Nacional-Socialista em Nurembergue, denominada "Reichsparteitagsgelände", foi de 1933 até o início da Segunda Guerra palco de passeatas e outros eventos de propaganda do regime nazista, reunindo até 200 mil participantes. Lá está atualmente instalado um centro de documentação.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Casa da Conferência de Wannsee
A Vila Marlier, localizada às margens do lago Wannsee, em Berlim, foi um dos centros de planejamento do Holocausto. Lá reuniram-se, em 20 de janeiro de 1942, 15 membros do governo do "Terceiro Reich" e da organização paramilitar SS (Schutzstaffel) para discutir detalhes do genocídio dos judeus. Em 1992, o Memorial da Conferência de Wannsee foi inaugurado na vila.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de Bergen-Belsen
De início, a instalação na Baixa Saxônia servia como campo de prisioneiros de guerra. Nos últimos anos do conflito, eram geralmente enviados para Bergen-Belsen os doentes de outros campos. A maioria ou foi assassinada ou morreu em decorrência das enfermidades. Uma das 50 mil vitimas foi a jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida com a publicação póstuma do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
No complexo de edifícios Bendlerblock, em Berlim, planejou-se um atentado fracassado contra Adolf Hitler. O grupo de resistência, formado por oficiais sob comando do coronel Claus von Stauffenberg, falhou na tentativa de assassinar o ditador em 20 de julho de 1944. Parte dos conspiradores foi fuzilada no mesmo dia, no próprio Bendlerblock. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas da Igreja de São Nicolau
Como parte da Operação Gomorra, aviões americanos e britânicos realizaram uma série de bombardeios contra a estrategicamente importante Hamburgo. A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade portuária, servia aos pilotos como ponto de orientação e foi fortemente danificada nos ataques. Depois de 1945 não foi reconstruída, e suas ruínas foram dedicadas às vítimas da guerra aérea na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Sanatório Hadamar
A partir de 1941, portadores de doenças psiquiátricas e deficiências eram levados para o sanatório de Hadamar, em Hessen. Considerados "indignos de viver" pelos nazistas, quase 15 mil – de um total de 70 mil em todo o país – foram mortos ali com injeções de veneno ou com gás. O atual memorial engloba a antiga instituição da morte e o cemitério contíguo, onde estão enterradas algumas das vítimas.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento de Seelow
A Batalha de Seelow deu início à ofensiva do Exército Vermelho contra Berlim, em abril de 1945. No maior combate em solo alemão, cerca de 100 mil soldados das Wehrmacht enfrentaram o Exército soviético, dez vezes maior. Após a derrota alemã, em 19 de abril o caminho para Berlim estava aberto. Já em 27 de novembro de 1945 era inaugurado o monumento nas colinas de Seelow, em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial ao Holocausto em Berlim foi inaugurado em 2005, em memória aos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas na Europa. Não muito distante do Bundestag (parlamento), 2.711 estelas de cimento de tamanhos diferentes formam um labirinto por onde os visitantes podem caminhar livremente. Uma exposição subterrânea complementa o complexo do Memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento aos Homossexuais Perseguidos
De formas inspiradas no Memorial do Holocausto e próximo a ele, o monumento aos homossexuais perseguidos pelo nazismo foi inaugurado em 27 de maio de 2008, no parque berlinense Tiergarten. Uma abertura envidraçada permite ao visitante vislumbrar o interior do monumento, onde um vídeo infinito mostra casais de homens e de mulheres que se beijam.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Monumento aos Sintos e Roma Assassinados
O mais recente memorial central foi inaugurado em Berlim em 2012. Em frente ao Reichstag, um jardim lembra o assassinato de 500 mil ciganos durante o regime nazista. No centro de uma fonte de pedra negra, está uma estela triangular: ela evoca a forma do distintivo que os prisioneiros ciganos dos campos de concentração traziam em seus uniformes.
Foto: picture-alliance/dpa
'Pedras de Tropeçar'
Na década de 1990, o artista alemão Gunter Demnig começou um projeto de revisão do Holocausto: diante das antigas residências das vítimas, ele aplica placas de metal onde estão gravados seus nomes e as circunstâncias das mortes. Há mais de 45 mil dessas "Stolpersteine" (pedras de tropeçar) na Alemanha e em 17 outros países europeus, formando o maior memorial descentralizado às vítimas do nazismo.