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Teerã muda versão e nega execução de alemão-iraniano

5 de novembro de 2024

Regime fundamentalista agora diz que o dissidente Jamshid Sharmahd morreu antes mesmo de ter pena de morte aplicada. Família da vítima pressiona por detalhes e exige a entrega do corpo.

Jamshid Sharmahd
Sequestrado por forças iranianas em 2020, Jamshid Sharmahd foi condenado à morte pelo crime de espalhar "corrupção na Terra"Foto: fars

Pressionado a dar detalhes sobre a morte do dissidente e cidadão alemão-iraniano Jamshid Sharmahd, o regime do Irã afirmou nesta terça-feira (05/11) que ele faleceu antes que pudesse ter sua pena de morte executada.

"Jamshid Sharmahd foi sentenciado à morte. Sua execução era iminente, mas ele morreu antes que [a pena] pudesse ser aplicada", disse um porta-voz do Judiciário iraniano a repórteres, sem dar detalhes sobre o caso.

A declaração contradiz o anúncio anterior feito pelo regime iraniano de que Sharmahd havia sido executado.

Os comentários vieram após a filha da vítima, Gazelle Sharmahd, cobrar publicamente detalhes de Teerã sobre a morte do pai e pedir que o corpo dele seja devolvido à família.

Quem era Jamshid Sharmahd?

O desenvolvedor de software tinha 69 anos e era natural do Irã, mas criou-se na Alemanha e adquiriu dupla cidadania. Mais tarde, ele acabou imigrando para os Estados Unidos e fixando residência na Califórnia.

Sharmahd seria ligado ao grupo Tondar, que luta para derrubar o regime fundamentalista iraniano. A conexão foi exposta após um ciberataque contra um site associado aos dissidentes.

Acusado de envolvimento em um ataque a bomba em 2008 a uma mesquita na cidade iraniana de Shiraz, que deixou 14 mortos, Sharmahd foi sequestrado por agentes do regime iraniano durante uma viagem a Dubai em 2020.

O Irã não deu detalhes sobre o sequestro. O país não reconhece a dupla nacionalidade.

Sharmahd foi condenado à pena capital em fevereiro de 2023 pelo crime de espalhar "corrupção na Terra", uma tipificação vaga e genérica que o regime islâmico usa para uma série de supostos crimes, geralmente relacionados a valores religiosos.

A morte de Sharmahd deixou ainda mais tensas as relações entre o Irã e a Alemanha. A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, disse que o caso expunha as "regras desumanas do regime em Teerã" e reagiu anunciando o fechamento de todos os três consulados iranianos na Alemanha.

Teerã condenou a resposta alemã, dizendo que ela equivalia a uma sanção oficial.

ra (AP, Reuters)