Presidente nega intenções eleitorais na intervenção federal na segurança pública do Rio e afirma que, se ela não der certo, foi o seu governo que errou, e não as Forças Armadas.
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O presidente Michel Temer negou nesta sexta-feira (23/02) que a intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro tenha fundo eleitoral. "É uma jogada de mestre, mas não é eleitoral", disse à Rádio Bandeirantes. Ele também negou que pretende ser candidato à Presidência em outubro.
Temer chegou ao poder em maio de 2016, quando, na qualidade de vice-presidente, substituiu a então presidente Dilma Rousseff, destituída pelo Congresso.
Na entrevista, Temer afirmou que, se a intervenção federal no Rio de Janeiro não der certo, o governo dele não deu certo. Ele acrescentou ter absoluta convicção de que dará certo. "É um jogo de alto risco, mas é um jogo necessário."
"Se não der certo, não deu certo o governo, porque o comandante supremo das Forças Armadas é o presidente da República. De modo que as Forças Armadas nada mais fizeram do que obedecer o comando do seu comandante supremo. Se não der certo, foi o governo que errou, não foram as Forças Armadas", declarou Temer.
Na entrevista, Temer disse que o governo federal chegou a cogitar uma intervenção total no Rio de Janeiro. Mas, segundo o presidente, a medida era muito radical e, por isso, foi descartada. Temer disse que, numa intervenção total, o governador pode ser afastado. "Foi cogitado num primeiro momento, mas logo afastei a ideia por que seria uma coisa muito radical, e logo refutei. E refutando ficamos com a conclusão de que deveríamos intervir na área da segurança pública e no sistema penitenciário."
Temer disse que ele e ministros conversaram com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, que concordou com a intervenção na área de segurança pública. O presidente destacou que não se trata de uma intervenção militar, mas civil e administrativa.
AS/abr/efe
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Carnaval de protestos no Brasil
Rio de Janeiro viveu um dos carnavais mais politizados dos últimos anos, em parte por causa do corte de verbas. Alvos foram Michel Temer, o prefeito Marcelo Crivella, violência e corrupção.
Foto: Imago/Fotoarena
Mensagem contra a intolerância
A cantora Pabllo Vittar foi um dos maiores destaques do desfile da Beija-Flor de Nilópolis, que encerrou o Carnaval do Rio com uma parada que conquistou aplausos do público e dos jurados. A música "Todo Dia", de Vittar, tem 216 milhões de visualizações no YouTube. A cantora foi convidada para ser o pilar de um dos principais temas da Beija-Flor: a luta contra a intolerância.
Foto: Getty Images/AFP/M. Pimentel
"Manifestoches"
A escola Paraíso do Tuiuti passou de desconhecida a assunto mais comentado do Twitter no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial. O enredo tematizou a escravidão e apresentou alegorias críticas às leis trabalhistas e à situação política no país. A ala "manifestoches" ironizou os manifestantes que foram às ruas a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Foto: Getty Images/AFP/M. Pimentel
Escravidão contemporânea
"Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?", questionou o estribilho da escola fundada em 1952 no bairro de São Cristóvão. A Paraíso do Tuiuti abordou a história da escravidão e suas "sobras" contemporâneas, como o trabalho em lavouras de cana retratado na foto. Criticou, assim, a reforma trabalhista e propostas recentes do governo de redefinir (e precarizar) o trabalho escravo no país.
Foto: Imago/Fotoarena
"Vampiro do Neoliberalismo"
Em cima de um carro alegórico que representava a escravidão contemporânea, esse destaque foi um dos que mais chamou a atenção no desfile da Tuiuti, escola que voltou para a elite do samba carioca em 2016. O "Vampiro do Neoliberalismo" ostenta a faixa presidencial, em alusão ao presidente Michel Temer e às suas reformas econômicas.
Foto: Getty Images/AFP/M. Pimentel
Desfile chocante
A Beija-Flor de Nilópolis levou para a Marquês de Sapucaí os problemas sociais do Brasil, empolgando o público, que continuou a cantar o enredo depois que o desfile acabou. Inspirada na obra "Frankenstein", a escola apresentou paralelos com as cenas de terror vividas por grande parte da sociedade brasileira. Além da violência, a escola também criticou a corrupção e a intolerância.
Foto: picture-alliance/AP/S. Izquierdo
Prefeito ausente...
Entre a rainha Jéssica Maia (e.) e o Rei Momo de 2018, Milton Júnior (d.), o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, aplaude durante cerimônia que marcou o início oficial do carnaval carioca. Mas o bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, que condena a festa, não ficou para a folia: viajou para a Alemanha. Este ano, Crivella cortou pela metade a verba destinada às agremiações.
Foto: picture alliance/AP/L. Correa
...e criticado
A tradicional Mangueira retratou Crivella como um Judas, em alusão à "traição" do prefeito às escolas. As organizações o apoiaram durante a campanha eleitoral, em 2016. Crivella justificou pela recessão a redução de verbas de R$ 2 milhões para R$ 1 milhão e descreveu o carnaval uma festa "não prioritária". A Mangueira mandou recado ao evangélico: "Prefeito, pecado é não brincar o carnaval!!"
Foto: picture alliance/AP/S. Izquierdo
Homenagem à mulher negra
O Salgueiro mostrou a trajetória das mulheres negras. A agremiação é presidida por Regina Celi, a segunda mulher a comandá-la. O Salgueiro retratou deusas egípcias, líderes angolanas e quilombolas, as "heroínas do passado" e do presente. O abre-alas da escola tinha mulheres grávidas como destaque. Na foto, a comissão de frente, que mostrou um ritual sagrado em homenagem ao "mistério da vida".
Foto: picture alliance/AP Images/L. Correa
Nem tudo é protesto
Depois do Salgueiro, foi a vez da Imperatriz Leopoldinense ir à Marquês de Sapucaí com o enredo "Uma noite real no museu nacional". A apresentação comemorou os 200 anos do Museu Nacional, autodefinido como "a mais antiga instituição científica do Brasil e maior museu de história natural e antropológica da América Latina". Foi criado em junho de 1818 por D. João VI.
Foto: Imago/Fotoarena
Refugiados
Campeã do ano passado, a Portela não empolgou durante o segundo dia de desfiles na Sapucaí. A escola contou a história de judeus perseguidos na Europa que se refugiaram em Pernambuco. Mas, com um enredo sobre a culinária brasileira, difusão de aromas pela avenida e um ritmo de bateria que lembrou o funk, a União da Ilha foi destacada pela imprensa, juntamente com Salgueiro e Beija-Flor.