Medida busca conter crise institucional gerada com a paralisação de policiais, bombeiros e agentes penitenciários no estado, que estão há meses sem receber. Intervenção ficará em vigor até 31 de dezembro.
Anúncio
O presidente Michel Temer anunciou nesta sexta-feira (07/12) uma intervenção federal em Roraima até 31 de dezembro. A medida procura conter a crise institucional gerada depois de policiais, bombeiros e agentes penitenciários deflagrarem uma paralisação.
Segundo Temer, a intervenção federal foi a única saída encontrada para o problema. "A governadora [Suely Campos] acha que de fato a situação está se complicando e que a melhor solução seria essa. Com isso queremos pacificar as questões de Roraima”, disse em breve pronunciamento.
Os agentes de segurança resolveram paralisar as atividades por 72 horas devido aos meses de salários atrasados. Por não poder fazer greve, os policiais militares contaram com apoio de suas esposas que bloquearam a entrada e saída dos batalhões.
Logo após anúncio da paralisação, diante dos riscos de rebelião nas penitenciárias de Roraima, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, já havia solicitado nesta sexta-feira uma intervenção federal urgente.
Temer convocou para o sábado uma reunião dos Conselhos da Defesa Nacional e da República para tratar da questão, como determina a lei. A intervenção precisa ainda do aval do Congresso. O governador eleito Antonio Denarium (PSL) deve ser nomeado como interventor.
Uma intervenção parcial na área de segurança do estado já havia sido decretada no mês passado, devido à crise penitenciária. Em janeiro de 2017, uma rebelião na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo deixou 33 mortos.
O estado enfrenta ainda uma crise migratória, causada pela entrada de milhares de venezuelanos no país, que fogem da escassez de alimentos, medicamentos e produtos básicos que assola a Venezuela.
Roraima é a principal porta de entrada de refugiados venezuelanos no Brasil. Estima-se que 500 pessoas dessa nacionalidade entrem por dia no país pela fronteira com o estado. A ONU estima que 85 mil venezuelanos entraram no Brasil desde 2015.
Em agosto a violência contra migrantes tomou conta da cidade de Pacaraima, no norte do estado, onde moradores destruíram um acampamento de venezuelanos e expulsaram de forma violenta mais de mil imigrantes do município, que fica na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Depois do conflito, Temer autorizou o uso das Forças Armadas para reforçar a segurança em Roraima.
CN/abr/rtr/ots
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube
Entre 400 e 600 imigrantes chegam diariamente a Pacaraima, na fronteira da Venezuela com o Brasil. Sobrecarregada, pequena cidade é palco de xenofobia. Quem pode pagar segue logo viagem para Boa Vista.
Foto: DW/Y. Boechat
Chegada ao centro de acolhimento
Venezuelanos recém-chegados ao Brasil recebem café e biscoitos no centro de acolhimento de refugiados na fronteira com a Venezuela, em estrutura montada pelo governo federal na cidade de Pacaraima. Diariamente, entre 400 e 600 venezuelanos chegam a este posto para pedir refúgio ou residência no Brasil. Aqui são vacinados e examinados, antes de poderem seguir para Boa Vista.
Foto: DW/Y. Boechat
Vacinação necessária
Isabeli Ortega, de apenas um ano, aguarda para ser vacinada no posto de acolhimento do governo federal na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Muitos dos imigrantes venezuelanos que chegam ao Brasil não foram imunizados contra doenças que estavam praticamente erradicadas da região, como o sarampo.
Foto: DW/Y. Boechat
Convivência difícil em Pacaraima
Brasileiros e venezuelanos discutem na área central da pequena Pacaraima. Sem estrutura para abrigar tantos imigrantes, a cidade entrou em colapso, e moradores passaram a atacar imigrantes. Desde o dia 18 de agosto, quando 1,2 mil venezuelanos foram expulsos da cidade por brasileiros armados com paus e pedras, o clima em Pacaraima é de tensão.
Foto: DW/Y. Boechat
Próximo passo
Imigrantes venezuelanos em Pacaraima se preparam para embarcar em ônibus que os levarão a Boa Vista. Ao preço de R$ 20, a viagem de mais de 200 km ainda é um luxo para boa parte dos imigrantes que chegam ao Brasil. Muitos não têm dinheiro para bancar o trajeto e, como não há a opção de transporte gratuito, ficam na pequena cidade fronteiriça tentando conseguir recursos para viajar.
Foto: DW/Y. Boechat
Destino: Boa Vista
Imigrantes venezuelanos aguardam a chance de ir para Boa Vista em um dos pontos de táxi da cidade. A corrida até a capital custa, em média, R$ 50 por pessoa. Os venezuelanos que cruzam a fronteira com algum recurso financeiro costumam optar pela viagem de táxi. O êxodo em direção ao Brasil aqueceu o mercado de transporte local.
Foto: DW/Y. Boechat
Abrigos sobrecarregados
Roupas secam ao sol no abrigo Rondon 1, em Boa Vista. Pouco mais de 4 mil imigrantes venezuelanos vivem em refúgios como este na capital de Roraima. Construídos pelo governo federal com o apoio da ONU, os abrigos são insuficientes para a grande quantidade de imigrantes que chegam à cidade.
Foto: DW/Y. Boechat
Interiorização aos poucos
Esta família venezuelana aguarda a chance de deixar Roraima e seguir em direção a outros estados brasileiros. Em seis meses, o programa de interiorização do governo federal conseguiu transferir apenas mil dos 30 mil venezuelanos que estão instalados em Roraima. Até o fim do ano, promete o Planalto, outros 2,3 mil venezuelanos seguirão para diferentes estados do país.