Fim da longa novela jurídica no TSE marca o afastamento de apenas um dos problemas do presidente: delações e andamento de inquérito no STF sugerem que nova tempestade política pode estar próxima.
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Terminado o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Michel Temer não terá muito tempo para celebrar o resultado. Se tivesse ocorrido há um mês, a decisão do tribunal poderia ter marcado o início de um período de tranquilidade para o Planalto e reforçar o argumento de que o governo tem força para chegar até o fim de 2018. Mas esse cenário está descartado desde 17 de maio, quando veio à tona a delação da processadora de carnes JBS, que implicou Temer diretamente. Neste momento, o fim da longa novela jurídica contra a chapa Dilma-Temer no TSE marca o afastamento de apenas um dos problemas legais que assombram o presidente e um intervalo breve antes da próxima tempestade política.
Depois da prisão do ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e da velocidade com que foi apresentada a denúncia criminal contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) pelos seus papéis no caso JBS, existe a expectativa de que Temer venha a ser o próximo alvo de uma ação mais dura da Procuradoria-Geral da República (PGR) nos próximos dias. No caso, a apresentação de uma denúncia formal contra o presidente - o desdobramento do inquérito criminal no Supremo Tribunal Federal (STF) que tramita contra Temer, e que também inclui Loures e apura a suspeita de prática de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à investigação.
No pedido de prisão de Loures, o procurador-geral, Rodrigo Janot, já deu sinais da carga que pretende apresentar contra Temer. No documento, ele chamou o ex-deputado e ex-assessor de "homem de total confiança, verdadeiro longa manus (executor do crime planejado por outro) do presidente da República, Michel Miguel Elias Temer Lulia". Janot também reafirmou que o ex-assessor especial do presidente "aceitou e recebeu com naturalidade, em nome de Michel Temer", oferta de propina de Joesley Batista, um dos controladores da JBS.
Com Loures na prisão desde o último sábado (03/06), os prazos entre o inquérito e a apresentação da denúncia foram encurtados por causa de uma determinação do ministro do STF Edson Fachin. Pela regra, a denúncia deve ser apresentada em até 15 dias quando um dos investigados estiver atrás das grades - neste caso, até a semana que vem.
A PGR ainda pode solicitar uma prorrogação, mas a própria equipe do presidente já começou a trabalhar com a hipótese de que os dois próximos meses devem ser monopolizados por esse novo flanco que se abriu contra o Planalto. O mandato de Janot também acaba em setembro, e a expectativa é que o procurador-geral queira soltar tudo que tem contra o presidente até o fim desse prazo.
Nesta semana, paralelamente ao julgamento no TSE, a defesa de Temer já teve que lidar com uma lista enviada pela Polícia Federal com mais de 80 perguntas sobre o papel do presidente nos crimes envolvendo a JBS. No final, o presidente se recusou a responder ao questionário - ele não era obrigado a fazê-lo.
Nova batalha jurídica
Caso a PGR apresente a denúncia contra Temer nos próximos dias, será o início de uma etapa com muitas semelhanças ao processo de impeachment que culminou na queda de Dilma Rousseff - com a diferença de que num caso por crime comum, e não por responsabilidade, as opções para barrar o andamento na origem são mais escassas para o atual ocupante do Planalto.
Segundo o artigo 217 da Constituição, quando a PGR apresentar a denúncia, caberá ao ministro Fachin notificar o presidente e pedir para que ele ofereça uma resposta no prazo de 15 dias. Em seguida, o documento será encaminhado pelo STF ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Como se trata de um caso criminal, o papel de Maia será apenas burocrático. Um aliado do Planalto, Maia já vem usando seus poderes de presidente do Congresso e engavetando uma série de pedidos de impeachment contra Temer (inclusive um apresentado pela OAB). Neste caso, no entanto, Maia não poderá fazer o mesmo, e será obrigado a encaminhar o documento para análise da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ).
A CCJ, por sua vez, terá que submeter o documento à votação dos seus 66 membros. A comissão já é dominada por aliados de Temer, mas isso não significa uma vantagem para o presidente. Ao contrário da comissão do que ocorre em uma comissão de impeachment, independentemente de a CCJ julgar ou não a denúncia válida, ela terá que ser submetida à votação pelo Plenário da Câmara - é aqui que será travada a disputa que pode resultar no afastamento do presidente.
São necessários os votos de dois terços dos deputados (342 votos) em votação nominal para que o processo avance e Temer se torne réu. A votação é nominal, no microfone aberto.
Neste caso, a denúncia ainda seria remetida mais uma vez ao STF, que será responsável pelo julgamento - também ao contrário do que ocorre em um impeachment, onde o Senado assume essa tarefa. Temer então será afastado por até 180 dias até a conclusão do julgamento. Para barrar o andamento todo, o presidente precisa de 172 votos ou ausências na votação do Plenário.
Fatos novos
O Planalto exibe confiança de que o número será facilmente atingido, já que conta com uma base aliada que passa de 300 deputados. Interlocutores do Planalto já falam de uma reserva de 250 deputados - nas últimas votações de medidas provisórias no Plenário, o governo obteve entre 260 e 280 votos a seu favor.
Mas a situação de Temer nesse sentido também lembra os últimos esforços de Dilma nas semanas anteriores ao impeachment. O presidente escalou seus líderes para seduzir o "centrão" da Câmara com a oferta de cargos e emendas para deputados de partidos como o PSD e PP, tal como ocorreu com a petista, sentindo que grandes aliados como o PSDB já começam a se afastar. Também se discute a possibilidade de mudar alguma regras para que a votação seja secreta, uma forma de poupar deputados leais do constrangimento de barrar uma denúncia contra o presidente.
No caso de Dilma, a oferta de "bondades" de nada adiantou: ela só conseguiu reunir 144 votos ou ausências a seu favor.
Os prazos para uma votação seguem indefinidos, especialmente por causa do recesso do Judiciário e da Câmara, que vai ocorrer em meados de julho. O drama então deve se estender por no mínimo dois meses. Na teoria, o tempo pode permitir que o presidente recomponha suas forças e espere que as medidas econômicas apresentem resultados. Só que na prática, o tempo vem sendo inimigo do Planalto, já que permite o aparecimento de fatos negativos novos, capazes de trazer instabilidade na base e aumentar a tensão no governo.
Só nesta semana decisiva no TSE foram dois: a prisão do ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) - um colaborador próximo de Temer - e a revelação de um episódio nebuloso envolvendo o presidente e o empréstimo de um jatinho do empresário Joesley Batista, da JBS. Este último caso envolve uma viagem ocorrida em 2011, quando Temer ainda era vice-presidente. Inicialmente, o presidente negou o episódio, mas depois voltou atrás e disse que não sabia de quem era a aeronave.
Capítulos do desgaste político do governo
Ações do governo e de parlamentares aprofundam desgaste da população com políticos. Rejeição a governo Temer cresce, e acusações de suposto "acordão" para barrar Lava Jato alimentam crise política.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Queda do ministro do Trabalho
05/07: uma decisão do Supremo afastou o ministro do Trabalho, Helton Yomura de suas funções. Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes na concessão de registros para sindicatos. Yomura entregou o cargo no mesmo dia. Caio Vieira de Mello assumiu a pasta.
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Greve dos caminhoneiros
21/05: uma greve nacional de caminhoneiros paralisou o Brasil por dez dias. O governo inicialmente não abordou o problema, deixando que a greve ganhasse força. No final, Temer cedeu a todas as exigências dos grevistas e abandonou a política de preços da Petrobras para segurar o preço do diesel. A medida derrubou as ações da Petrobras e levou à saída do presidente da empresa, Pedro Parente.
Foto: DW/N. Pontes
Prisão de amigos de Temer
29/03: uma operação da Polícia Federal prendeu dez pessoas, entre eles dois amigos do presidente Temer: o ex-assessor da Presidência José Yunes e o ex-coronel da PM João Baptista Lima Filho. Ambos foram apontados como operadores de propinas pagas a Temer. Na mesma operação foi preso o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB).
Foto: Reuters/U. Marcelino
Governo desiste da reforma da Previdência
16/02: uma das principais pautas de Temer, a PEC da reforma da Previdência foi definitivamente abandonada pelo Planalto após o decreto de intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. A previsão é que a intervenção dure até o final do ano. Até lá, pelas regras constitucionais, nenhuma PEC pode ser aprovada. Antes mesmo do anúncio, o governo já enfrentava dificuldades para aprovar a reforma.
Foto: Agência Brasil/Antonio Cruz
Nomeação de ministra é suspensa
08/01: Após a saída de Ronaldo Nogueira do Ministério do Trabalho, o governo indicou para o seu lugar a deputada Cristiane Brasil. A posse, no entanto, foi suspensa por um juiz, que entendeu que a nomeação ofendia a “moralidade administrativa”. Brasil era acusada de empregar funcionários sem carteira assinada. Em fevereiro, diante do impasse, o partido de Brasil desistiu de insistir na indicação.
Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados
Câmara rejeita denúncia
25/10: Apesar da tentativa da oposição de esvaziar o plenário e adiar a votação, a Câmara dos Deputados rejeitou a segunda denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente da República, Michel Temer, pelo placar de 251 contra 233. A decisão livra novamente o presidente de uma investigação por parte do STF.
Foto: Reuters/A. Machado
Brasileiros veem aumento da corrupção
09/10: Para 78% dos brasileiros, o nível de corrupção aumentou no país nos últimos anos, segundo relatório da organização Transparência Internacional publicado em Berlim. Entre os 20 países analisados, o Brasil é o quarto da lista, atrás de Peru (79%), Chile (80%) e Venezuela (87%). Além disso, 56% dos brasileiros acham que o governo não combate a corrupção no setor público de forma satisfatória.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Popularidade despenca
28/09: Uma pesquisa do Ibope mostrou que a aprovação do governo Temer caiu para apenas 3%. Trata-se do menor índice obtido por um presidente desde o início da série histórica do instituto, em 1986. Antes de Temer, o pior havia sido José Sarney, que em junho/julho de 1989 ficou com 7%. A reprovação do governo Temer chegou a 77%.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Segunda denúncia contra Temer
14/09: O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Temer por obstrução de Justiça e organização criminosa. A segunda denúncia envolvendo o presidente, enviada ao STF, se baseia na delação de executivos da JBS, bem como do operador Lúcio Funaro. Segundo Janot, Temer teria poder de decisão no chamado "quadrilhão do PMDB da Câmara", além de ter atuado para comprar o silêncio de Funaro.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
STF autoriza inquérito contra Temer
12/09: O ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou a abertura de inquérito para investigar Temer, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures e dois empresários por acusações de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro, em caso que envolve o chamado Decreto dos Portos. A defesa de Temer rechaçou as acusações e afirmou que as investigações têm o objetivo de enfraquecer o governo.
Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
PF vê indícios de crimes por Temer e ministros
11/09: Em inquérito que apura a suspeita de crimes praticados pelo PMDB da Câmara Federal, a Polícia Federal concluiu que "ficaram comprovados indícios da prática do crime de organização criminosa". Segundo a PF, integrantes da cúpula do partido "mantinham estrutura organizacional com o objetivo de obter vantagens indevidas em órgãos da administração pública direta e indireta".
Foto: Getty Images/AFP/E.Sa
Temer se salva, mas com Congresso dividido
02/08: Após uma ofensiva intensa para reagrupar forças junto aos parlamentares, Temer conseguiu se livrar do processo por corrupção passiva. A Câmara dos Deputados rejeitou a denúncia contra o presidente, com 263 votos contra o envio da matéria ao STF, e 227 a favor. Após a votação, Temer descreveu o resultado no plenário como "claro e incontestável".
Foto: picture-alliance/Photoshot
Líder do governo na Câmara condenado
01/08: A Justiça de Sergipe condenou o líder do governo Temer na Câmara, o deputado federal André Moura (PSC-SE), por improbidade administrativa, com a perda de seus direitos políticos por oito anos. A sentença menciona convênios fraudulentos e prejuízo de 1,4 milhão de reais ao patrimônio público.
Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
Temer vence na CCJ, mas com manobras
13/07: A Comissão de Cidadania e Justiça (CCJ) da Câmara rejeitou o parecer que recomendava o avanço da acusação de corrupção passiva contra ele. Mas a vitória foi tática e impulsionada por uma série de manobras, com a distribuição de verbas e a substituição de membros da CCJ não considerados suficientemente leais ao Planalto.
Foto: Agência Brasil/Wilson Dias
Janot denuncia Temer
26/06: O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente Michel Temer ao STF pelo crime de corrupção passiva. É a primeira vez que um presidente da República é denunciado à Corte no exercício do mandato. A acusação tem como base uma investigação contra o peemedebista decorrente da delação de executivos da JBS. Ex-assessor Rodrigo Rocha Loures também foi denunciado.
Foto: Reuters/U. Marcelino
STF confirma delações
22/06: a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou a favor da manutenção da homologação do acordo de delação premiada dos executivos da empresa JBS. Os magistrados decidiram ainda que o relator Edson Fachin deve permanecer no caso. As delações causaram um terremoto político e colocaram Michel Temer no centro de um escândalo de corrupção.
Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Primeira derrota
20/06: no mesmo dia em que Temer assistiu a uma apresentação de balé em Moscou, a bandeira reformista do governo sofreu uma derrota significativa. O projeto que prevê mudanças na legislação trabalhista foi rejeitado por uma comissão do Senado, graças a uma combinação de indiferença e abandono de alguns membros da base aliada.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/A. Dusek
Viagem à Rússia e Noruega
20/06: numa conturbada semana, para passar uma imagem de "normalidade", Temer viaja à Rússia e Noruega, onde destaca melhora na economia do Brasil. Em Moscou, o presidente se reuniu com Putin para estreitar os laços entre os países. Em Oslo, foi alvo de críticas. A premiê norueguesa expressou preocupação com a Lava Jato e o desmatamento no Brasil.
Foto: Picture alliance/dpa/A. Nikolsky/TASS
Presidente acusado por corrupção
19/06: em relatório preliminar entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a investigação envolvendo Michel Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, a Polícia Federal (PF) acusa o presidente pelo crime de corrupção passiva, mas pede um prazo maior para concluir o inquérito referente aos delitos de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Processo no TSE
09/06: A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de absolver a chapa Dilma-Temer deu sobrevida ao governo, mas não lhe ajudou muito a melhorar a imagem perante a opinião pública: a vitória por 4 votos a 3 só se deu porque os depoimentos da Odebrecht e dos marqueteiros do PT não foram levados em conta no processo.
03/06: o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer, foi preso pela Polícia Federal em Brasília. A detenção
abriu mais uma frente para o governo: Loures foi apelidado de "homem da mala" pela imprensa após ter sido filmado carregando 500 mil reais entregues por um emissário da empresa JBS.
Foto: Wikipedia/R. Theodorovy
Presidente acusado de obstrução à Justiça
17/05: Revelação de conteúdo de diálogo entre o presidente Temer e o empresário Joesley Barbosa, da JBS, mergulha país no caos e ameaça governo. Presidente, segundo reportagem do jornal "O Globo", teria consentido com pagamento de mesada para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em outubro de 2016.
Foto: imago/Agencia EFE
O preço alto das reformas
05/05: Diante da obsessão do governo em aprovar com celeridade a aprovação das reformas da previdência e trabalhista, Palácio do Planalto teria dado aval à aprovação de medidas para negociar dividas fiscais de empresas com a Receita Federal e também cede a interesses da bancada ruralista.
Foto: Luis Macedo /ABr
Cúpula arrastada para o caos
11/04: O relator da Lava Jato no Supremo, ministro Luiz Edson Fachin, pede abertura de inquérito contra 76 políticos, entre os quais oito ministros do governo Temer, entre eles Eliseu Padilha (PMDB, Casa Civil, na foto com Temer), Moreira Franco (PMDB, Secretaria-Geral da Presidência); Helder Barbalho (PMDB, Integração Nacional); e Aloysio Nunes (PSDB, Relações Exteriores).
Foto: Getty Images/AFP/E.Sa
Machismo no Planalto?
08/03: Declarações do presidente na ocasião do Dia Internacional da Mulher provocam perplexidade na sociedade brasileira e no exterior, e indignação de movimentos feministas. Presidente citou a mulher, Marcela Temer, ao analisar a importância da figura feminina na educação dos filhos e no controle do orçamento familiar, nas compras de supermercado, relegando a mulher a atividades domésticas.
Foto: Getty Images/AFP/M. Sharma
A blindagem sob o comando de Romero Jucá
15/02: O senador Romero Jucá (PMDB-RR), braço-direito de Temer no Congresso, protocola emenda constitucional para blindar presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Pela regra, eles só poderiam ser responsabilizados por atos cometidos no exercício de seus mandatos. Ou seja, seriam blindados de investigações da Lava Jato. Diante do constrangimento, Jucá recuou.
Foto: Geraldo Magela/Agencia Senado
A aula de fisiologismo de Eliseu Padilha
14/02: O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, diz em palestra flagrada pelo jornal "Estado de S.Paulo" que os ministérios de Temer foram montados para garantir votos no Congresso. Ele diz que havia intenção de nomear "notáveis" e citou como exemplo a Saúde. O PP indicou o deputado Ricardo Barros. "Vocês garantem todos os nomes do partido em todas as votações? Então o Ricardo será o notável."
Foto: Wilson Dias/Agencia Brasil
Caso Marcela: a censura de Temer à imprensa
10/02: A pedido da Presidência, Justiça proíbe o jornal "Folha de S.Paulo" de divulgar dados sobre a chantagem de um hacker contra Marcela Temer, a primeira-dama. O hacker, condenado a 5 anos e 10 meses de prisão, clonou o celular de Marcela e disse ter acesso a um áudio que comprometeria o presidente. A investigação foi coordenada por Alexandre de Moraes, depois nomeado ministro da Justiça.
Foto: Imago
Nomeação de Moraes para o Supremo
06/02: O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes (PSDB), é indicado para a vaga de Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal. Havia a expectativa de que Temer indicaria um nome técnico, do meio jurídico, não ligado à política. A enorme proximidade de Moraes com Temer tornou a indicação bastante polêmica, já que ele será o revisor da Lava Jato no Supremo, e Temer foi citado 44 vezes em delações.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Foro privilegiado para Moreira Franco
03/02: Temer dá status de ministro a Moreira Franco, que era secretário-executivo do Programa de Parceria de Investimentos. Ele virou ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Citado 34 vezes em delações da Lava Jato, com o codinome "Angorá", Franco passa a ter foro privilegiado, ou seja, só pode ser julgado pelo Supremo. Pela demora dos julgamentos, o foro é visto como benefício a políticos.
Foto: Reuters/A. Machado
Novos ministérios: a contradição
03/02: No dia em que nomeou Moreira Franco ministro, Temer anunciou a criação de outro ministério, o de Direitos Humanos, entrando em rota de colisão com o discurso antes da posse. Tanto o presidente quanto seu partido, o PMDB, defenderam o enxugamento da máquina e a redução das pastas e criticavam o número de ministérios sob Dilma Rousseff. O governo tem hoje 28 pastas. Sob Dilma, tinha 32.
Foto: Wilson Dias/ABr/CC BY 3.0 BR
Senado e Câmara X Lava Jato
01/02: O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) é eleito sem dificuldades para a presidência do Senado, com os votos de 61 dos 81 senadores. Na Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) derrota grupo ligado a Eduardo Cunha (PMDB), preso na Lava Jato, e permanece na presidência da Casa. Os dois foram eleitos em sintonia com o Palácio do Planalto. Ambos tiveram os nomes citados em delações da Lava Jato.