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Não autorizei Loures a negociar em meu nome, diz Temer

18 de janeiro de 2018

Investigado por corrupção, presidente responde à PF perguntas sobre irregularidades na edição do Decreto dos Portos. Empresas do setor portuário são suspeitas de pagar propina em troca de benefícios.

Michel Temer
Temer nega irregularidades na edição do Decreto dos PortosFoto: Getty Images/AFP/E. Sa

O presidente Michel Temer afirmou à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (18/01) que não autorizou o seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) a receber dinheiro ou negociar no seu nome. A declaração foi feita no documento no qual respondeu as 50 perguntas de investigadores que apuram supostas irregularidades na edição do chamado Decreto dos Portos.

"Nunca solicitei que o sr. Rodrigo Rocha Loures recebesse recursos de campanha ou de qualquer outra origem em meu nome", disse Temer numa das respostas. O presidente acrescentou que não pediu ao ex-assessor que acompanhasse o decreto e negou saber que ele estaria sendo pressionado por empresários para conseguir benefícios com a edição do documento.

"Peço vênia para realçar a impertinência de tal questão, por colocar em dúvida a minha honorabilidade e dignidade pessoal", criticou Temer nas respostas que foram enviadas por sua defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Loures é um dos principais personagens do escândalo que quase afastou Temer da Presidência por duas vezes. O ex-assesor foi flagrado em abril recebendo uma mala com 500 mil reais de um diretor da JBS, Ricardo Saud. O dinheiro, segundo a investigação da Polícia Federal, era de propina e teve o presidente como beneficiário. Loures seria o operador de Temer para assuntos ligados ao grupo. Ambos negam as acusações

O inquérito no qual Temer prestou depoimento, no entanto, apura se o presidente recebeu propina para editar o Decreto dos Portos, que teria favorecido a empresa Rodrimar, que atua no Porto de Santos. Além de Temer, são investigados Loures e os donos da Rodrimar Antônio Celso Grecco e Ricardo Mesquita.

Nas respostas, Temer negou irregularidades no decreto, editado em maio do ano passado. O presidente disse que jamais foi procurado por empresários para tratar da edição do documento. Ele admitiu, porém, ter relação com Antônio Celso Grecco.

O interrogatório de Temer foi solicitado pelos delegados responsáveis pelo caso e autorizado pelo ministro Luis Roberto Barroso, relator da investigação, que tem como base documentos apreendidos na Operação Patmos e em escutas telefônicas de Loures.

Nos telefonemas, Loures articula com a Casa Civil para que o decreto beneficie empresas que obtiveram concessões de portos antes de 1993, como é o caso da Rodrimar, e comunica as alterações no texto do decreto a um diretor da empresa.

O pedido de abertura da investigação havia sido feito em junho pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em setembro, o STF autorizou o inquérito contra Temer e Loures, que são acusados de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.  Assim como o presidente, o ex-assessor nega as acusações.

Após a abertura do inquérito, a Rodrimar declarou que nunca recebeu qualquer privilégio e que o decreto atendeu a uma reivindicação de todo o setor de terminais portuários do país.

CN/abr/efe/ots

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