Após aprovação no Senado, medida que permitirá aos alunos escolher 40% do currículo escolar é sancionada no Palácio do Planalto, mas deve entrar em efeito apenas a partir de 2019.
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O presidente Michel Temer sancionou nesta quinta-feira (16/02), em cerimônia no Palácio do Planalto, a lei aprovada no Senado na semana passada, através de medida provisória, que implementa mudanças no ensino médio, a etapa educacional de jovens entre 15 e 17 anos que antecede a formação em nível superior.
Hoje, os alunos do ensino médio estudam 4 horas por dia e são obrigados a cursar 13 disciplinas. A reforma aumenta a carga diária para 5 horas e introduz uma nova lógica curricular: 60% do currículo dos três anos do ensino médio serão preenchidos pelo conteúdo obrigatório previsto na Base Nacional Comum Curricular, mas divididas em cinco áreas de conhecimento: linguagens, ciências da natureza, ciências humanas, matemática e formação técnica e profissional.
O restante da grade curricular, os outros 40%, será cursada conforme os chamados itinerários formativos, de acordo com as preferências de cada estudante, que poderá escolher, entre essas cinco áreas, a qual dará ênfase.
As matérias de educação física, arte, sociologia e filosofia, que até então eram opcionais, passam a ser obrigatórias. Outra mudança estabelece que profissionais com experiência e conhecimento em uma determinada área poderão ser contratados pelas escolas mesmo que não tenham formação acadêmica específica para lecionar.
A nova lei ainda não será colocada em prática, uma vez que sua aplicação ainda depende da definição da Base Nacional Comum Curricular, que ainda está em processo de elaboração. A nova regulamentação deverá entrar em efeito apenas em 2019.
O ministro da Educação, José Mendonça Filho, exaltou o que chamou de "maior e mais importante reforma estrutural básica" no país, lembrando que a discussão sobre o tema se estendeu durante 20 anos no Congresso.
RC/abr/ots
Quem faz a educação funcionar
Histórias de persistência, dedicação e trabalho dos que fazem parte das escolas públicas que, apesar das dificuldades, estão entre as mais destacadas do país.
Foto: DW/N. Pontes
Campeão olímpico
Quando estava no 7º ano, Antônio Wesley de Brito Vieira ganhou sua primeira medalha numa Olimpíada de Matemática. Hoje, aos 19 anos, está no 2º ano do curso de Matemática na Universidade Federal do Piauí e, por causa dos prêmios que acumulou na escola, recebe uma bolsa que ajuda a pagar os custos. Ele quer ser professor e, sempre que pode, retorna à Augustinho Brandão, onde fez o ensino médio.
Foto: DW/N. Pontes
Sala dos professores
No intervalo, os professores da escola Augustinho Brandão, em Cocal dos Alves, Piauí, se encontram. A diretora Aurilene Vieira (de blusa rosa) divide a mesa com ex-alunos, que se tornaram professores. A profissão é disputada na cidade. Cursos de graduação semipresenciais ajudaram na formação desta nova geração. Ainda assim, todos se deslocam para cidades maiores para concluir os estudos.
Foto: DW/N. Pontes
Hora extra em casa
O professor de matemática Antônio Amaral foi o primeiro a inscrever os alunos da escola Augustinho Brandão numa Olimpíada de Matemática. Para tirar a dúvida dos competidores, ele instalou uma lousa nos fundos de sua casa, onde recebe os estudantes depois das aulas, nos fins de semana e feriado. Os filhos de Amaral, Sávio e Saulo, gêmeos de 14 anos, também são medalhistas e bons de cálculo.
Foto: DW/N. Pontes
O vigia que é doutorando
No portão da escola, Tarcísio Vieira de Brito não perde um minuto sequer. Quando não precisa liberar a entrada ou saída de alunos e funcionários, o vigia se concentra nos estudos. Ele concluiu o ensino médio aos 22 anos, estudou Biomedicina, fez mestrado e cursa agora um doutorado. Obstinado, ele diz que só larga o posto de vigia quando passar num concurso de professor de universidade pública.
Foto: DW/N. Pontes
Professora e ex-zeladora
A professora Flávia, como é chamada na escola Antônio Custódio, em Sobral, também é conhecida como a maga da alfabetização. A relação dela com a escola é longa: aos 18 anos, trabalhava como substituta da zeladora – que era sua avó – fazendo serviços gerais. Hoje, aos 25 anos, Flávia é formada em Pedagogia, fez curso técnico em Saneamento Básico e trabalha como professora efetiva.
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Ex-secretária na sala de aula
Faz dois anos que Socorro Mesquista, 54 anos, começou a sua vida como professora. Antes, ela trabalhava como secretária da escola Antônio Custódio desde 2010, mas resolveu estudar Pedagogia para viver a rotina dentro da sala de aula. Professora de Matemática, ela planeja um curso de especialização para 2017.
Foto: DW/N. Pontes
Futuro empresário
Aos 14 anos, Wendel Manfrini de Andrade Mendes já sabe qual será sua profissão: quer ser empresário. Dono de várias medalhas em Olimpíadas de Matemática, o aluno do 9º ano do ensino fundamental da escola Dorilene Arruda Aragão, em Sobral, é disputado por escolas particulares por seu excelente desempenho. Ana Lívia, de 7 anos, diz que quer seguir o mesmo caminho que o irmão mais velho.
Foto: DW/N. Pontes
Salas de aulas para todos
Reunir todos os alunos num único prédio foi a primeira vitória da escola Francisca Josué, em Deputado Irapuan Pinheiro, Ceará. Nas salas de aula, blocos vazados garantem uma maior ventilação, já que a temperatura na região pode ultrapassar os 40˚C. No Ideb, a escola obteve 8,2. Alunos e professores ainda comemoram o bom resultado.
Foto: DW/N. Pontes
Leitura divertida
No intervalo da aula, diversos livros ficam à espera dos alunos do ensino fundamental 1 da escola Francisca Josué. A escola implantou um programa de incentivo à leitura em que, a cada semana, um estudante leva uma maleta de livros para casa. No dia da devolução, sempre às quintas-feiras, os pais comparecem e trazem ilustrações, que ajudam o filho a contar a história em voz alta para toda a turma.
Foto: DW/N. Pontes
Disputa no campo
A disputa pela bola é acirrada no intervalo. Todos vestem o mesmo uniforme, mas os integrantes dos dois times sabem diferenciar seus jogadores. Eles disputam uma partida de futebol num campo sem linhas, onde as traves não estão alinhadas. O campo improvisado não impede que as crianças corram atrás da vitória. A torcida animada vibrava a cada gol, sem fazer diferença entre os times.