1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Unidos pelo medo

18 de janeiro de 2008

Representantes da Alemanha, França, Itália e Reino Unido se encontraram na cidade francesa de Bercy. Tema foram as repercussões da crise no setor imobiliário dos EUA e a preparação de um plano de ação preventiva.

Padoa-Schioppa, Lagarde, British Darling e Steinbrück em BercyFoto: picture-alliance/dpa

O temor das repercussões da crise no setor imobiliário dos EUA sobre a União Européia levou os ministros das Finanças das maiores potências econômicas européias a se reunirem nesta quinta-feira (17/01) na França.

Os representantes da Alemanha, França, Itália e Reino Unido pleitearam uma maior transparência dos mercados financeiros, sobretudo no que se aplica aos "produtos estruturados". A ministra francesa Christine Lagarde observou ser importante criar "sistemas de alerta, para que não ocorram crises como a do verão passado [meados de 2007]".

Para este fim, e para que se possa lidar melhor com riscos de liqüidez, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deveria assumir um novo papel e colaborar com outras instituições financeiras e instâncias fiscalizadoras, propuseram Lagarde e seus colegas de pasta, Peer Steinbruck (Alemanha) Tommaso Padoa-Schioppa (Itália) e Alistair Darlin (Reino Unido).

O Comissário Europeu para Assuntos Econômicos e Monetários, Joaquin Almunia, também esteve presente ao encontro na cidade de Bercy. Ele admitiu que os riscos aumentaram nos Estados Unidos e na Europa, e que as atuais turbulências financeiras podem levar a uma revisão para baixo das previsões de crescimento na UE. Entretanto o quadro "não é de recessão", como nos Estados Unidos, pois Bruxelas não prevê "uma desaceleração econômica", assegurou Almunia.

Situação séria

Os ministros exigiram também melhores padrões para as chamadas agências de rating. Estas são acusadas de não divulgar a tempo os riscos dos créditos imobiliários negociados entre os bancos dos EUA.

As agências de rating são entidades privadas que avaliam a solvência de empresas, bancos ou entidades públicas que desejam acesso aos mercados de capitais. Desta forma, as agências exercem tanto funções de regulação como de controle.

Para o ministro alemão Steinbruck, a atual crise tem que ser saneada pelos próprios atores financeiros. Ele considera decisivo na atual situação restabelecer a confiança dos mercados. "Será extremamente importante todos os institutos de crédito do mundo tentarem esclarecer o mais breve possível que riscos e, possivelmente, que prejuízos carregam consigo."

Recentemente, o Instituto IKB, de Düsseldorf, e o saxão SachsenLB entraram em dificuldades financeiras pelo insucesso de especulações com sociedades ad hoc, que não constavam de seus balancetes.

O Deutsche Bank também anunciou cortes de pessoal em seu departamento de investimentos bancários, em decorrência da crise. Segundo seu porta-voz, "menos de 300 postos" serão sacrificados, especialmente em Nova York e Londres. Steinbrück considera "muito séria" a situação dos mercados. Por outro lado, a economia se desenvolve "relativamente bem" na Europa e na Alemanha, ressalvou.

O pior está por chegar

Nos últimos dias, grandes bancos norte-americanos chocaram seus acionistas com desvalorizações bilionárias e mesmo prejuízos consideráveis.

Na Alemanha, o banco imobiliário Hypo Real Estate (HRE) fez manchete ao corrigir em menos 390 milhões de euros o valor de seus investimentos nos EUA. Há apenas um mês, a diretoria do HRE declarara que a instituição permanecera praticamente intocada pela crise imobiliária naquele país.

Na opinião dos peritos econômicos que assessoram o governo alemão (os "Cinco Sábios"), a crise desencadeada pelo mercado imobiliário norte-americano ainda não alcançou seu ponto máximo. "Estimo que o clímax chegará em meados do ano", prognosticou o "sábio " Peter Bofinger. Seu colega Wolfgang Franz teme que o país ainda não esteja a salvo da crise do setor financeiro.

O encontro em Bercy foi uma preparação para a conferência em Londres dos chefes de Estado e de governo dos quatro países parceiros da UE e G7, marcada para 29 de janeiro próximo. (av)

Pular a seção Mais sobre este assunto