"Temos que ser muito mais vigilantes que outros", diz Merkel
Robert Mudge rk
28 de maio de 2019
Em entrevista à rede americana CNN, chanceler alemã vê movimentos populistas com preocupação e diz que é preciso ensinar repetidamente para cada geração a história e que a dignidade humana é inviolável.
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Frequentemente apontada como uma das principais culpadas pela ascensão de movimentos populistas na Europa devido à sua política de refugiados, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou que o aumento de fenômenos como o nacionalismo e a xenofobia no continente são uma evolução preocupante – e que, exatamente por isso, é preciso reforçar ainda mais as instituições e os valores democráticos.
"[É por isso] que precisamos contar aos nossos jovens o que a história provocou em nós e em outros, e sobre esses horrores. Por esse motivo, lutamos pela democracia, por isso temos que apresentar soluções, e sempre temos que nos colocar no lugar das outras pessoas. Por isso, lutamos contra a intolerância, e não toleramos violações de direitos humanos – por isso é que o Artigo 1° da nossa Constituição, a dignidade humana é inviolável, é tão fundamental para nós. Precisa ser ensinado repetidamente para cada nova geração", pontuou Merkel, numa extensa e atípica entrevista para a imprensa internacional.
As declarações foram feitas à jornalista Christiane Amanpour, da rede de televisão americana CNN, um dia após as eleições para o Parlamento da União Europeia, nas quais seu partido conservador, a União Democrata Cristã (CDU) registrou perda expressiva de apoio, apesar de ter sido o agrupamento mais votado na Alemanha, com cerca de 28% dos votos.
Merkel não é conhecida por gostar dos holofotes. Nas últimas semanas, a governante alemã chamou atenção pela ausência e aparente relutância em se envolver no dia a dia político, preferindo deixar a tarefa para sua sucessora na liderança da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, que também pode chegar a substituí-la no cargo de primeira-ministra.
Mas, por enquanto, Merkel ainda é a chanceler federal – e, se tudo correr conforme o planejado e a chamada grande coalizão de governo formada pela CDU, seu partido-irmão bávaro, a União Social-Cristã (CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD) não implodir prematuramente, o mandato de Merkel deverá se manter até as eleições legislativas de 2021.
Ao mesmo tempo em que saudou o fato de mais pessoas terem votado nas legislativas europeias, em comparação com 2014, Merkel alertou que a Alemanha precisa manter a vigilância em relação aos crescentes movimentos populistas e nacionalistas no continente. "Na Alemanha, obviamente, essa evolução sempre tem que ser encarada num certo contexto, no contexto do nosso passado, o que significa que temos que ser muito mais vigilantes que outros", afirmou, a chanceler federal, cuja administração da crise de refugiados na Europa em 2015 é apontada como fator decisivo da migração de parte do eleitorado conservador para a legenda populista de direita e anti-islâmica Alternativa para a Alemanha (AfD).
Merkel também expressou preocupação com o aumento do antissemitismo na Alemanha - "infelizmente, sempre houve um certo número de antissemitas entre nós".
Recentemente, o comissário para o combate ao antissemitismo do governo, Felix Klein, causou polêmica ao recomendar que os judeus no país não usassem o quipá "em todo momento e em todo lugar" na Alemanha.
Merkel também lamentou o fato de, "até hoje, não haver uma única sinagoga, uma única creche para crianças judias, uma única escola para crianças judias que não precisa ser vigiada por policiais alemães". "Infelizmente, com o passar dos anos, não lidamos com isso de maneira satisfatória, para que possamos viver sem isso".
Comentando as legislativas europeias, Merkel admitiu também que seu partido e legendas conservadoras alinhadas com ela na Europa fracassaram ao tratar de assuntos importantes para o eleitorado jovem, como a política climática.
O fortalecimento notável do Partido Verde alemão nessas eleições, com dominância absoluta sobre a temática das mudanças climáticas, proteção ambiental e direitos dos animais, parece ter marcado Merkel, que foi ministra do Meio Ambiente no governo do ex-chanceler conservador Helmut Kohl.
Para Merkel, o sucesso do Partido Verde é "um desafio para que se encontre respostas e soluções ainda melhores para esses assuntos". "Acima de tudo, precisamos mostrar que vamos cumprir os objetivos climáticos que definimos", afirmou.
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Em 1° de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs atacaram a Polônia, sob ordens de Hitler. A guerra que então começava duraria até 8 de maio de 1945, deixando um saldo até hoje sem paralelo de morte e destruição.
Foto: U.S. Army Air Forces/AP/picture alliance
1939
No dia 1° de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs atacaram a Polônia sob ordens de Adolf Hitler – supostamente em represália a atentados poloneses, embora isso tenha sido uma mentira de guerra. No dia 3 de setembro, França e Reino Unido, que eram aliadas da Polônia, declararam guerra à Alemanha, mas não intervieram logo no conflito.
1939
A Polônia mal pôde oferecer resistência às bem equipadas tropas alemãs – em cinco semanas, os soldados poloneses foram derrotados. No dia 17 de setembro, o Exército Vermelho ocupou o leste da Polônia – em conformidade com um acordo secreto fechado entre o Império Alemão e a União Soviética apenas uma semana antes da invasão.
Foto: AP
1940
Em abril de 1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca e usou o país como base até a Noruega. De lá vinham as matérias-primas vitais para a indústria bélica alemã. No intuito de interromper o fornecimento desses produtos, o Reino Unido enviou soldados ao território norueguês. Porém, em junho, os aliados capitularam na Noruega. Nesse meio tempo, a Campanha Ocidental já havia começado.
1940
Durante oito meses, soldados alemães e franceses se enfrentaram no oeste, protegidos por trincheiras. Até que, em 10 de maio, a Alemanha atacou Holanda, Luxemburgo e Bélgica, que estavam neutros. Esses territórios foram ocupados em poucos dias e, assim, os alemães contornaram a defesa francesa.
Foto: picture alliance/akg-images
1940
Os alemães pegaram as tropas francesas de surpresa e avançaram rapidamente até Paris, que foi ocupada em meados de junho. No dia 22, a França se rendeu e foi dividida: uma parte ocupada pela Alemanha de Hitler e a outra, a "França de Vichy", administrada por um governo fantoche de influência nazista e sob a liderança do general Pétain.
Foto: ullstein bild/SZ Photo
1940
Hitler decide voltar suas ambições para o Reino Unido. Seus bombardeios transformaram cidades como Coventry em cinzas e ruínas. Ao mesmo tempo, aviões de caça travavam uma batalha aérea sobre o Canal da Mancha, entre o norte da França e o sul da Inglaterra. Os britânicos venceram e, na primavera europeia de 1941, a ofensiva alemã estava consideravelmente enfraquecida.
Foto: Getty Images
1941
Após a derrota na "Batalha aérea pela Inglaterra", Hitler se voltou para o sul e posteriormente para o leste. Ele mandou invadir o norte da África, os Bálcãs e a União Soviética. Enquanto isso, outros Estados entravam na liga das Potências do Eixo, formada por Alemanha, Itália e Japão.
1941
Na primavera europeia, depois de ter abandonado novamente o Pacto Tripartite, Hitler mandou invadir a Iugoslávia. Nem a Grécia, onde unidades inglesas estavam estacionadas, foi poupada pelas Forças Armadas alemãs. Até então, uma das maiores operações aeroterrestres tinha sido o ataque de paraquedistas alemães a Creta em maio de 1941.
Foto: picture-alliance/akg-images
1941
O ataque dos alemães à União Soviética no dia 22 de junho de 1941 ficou conhecido como Operação Barbarossa. Nas palavras da propaganda alemã, o objetivo da campanha de invasão da União Soviética era uma "ampliação do espaço vital no Oriente". Na verdade, tratava-se de uma campanha de extermínio, na qual os soldados alemães cometeram uma série de crimes de guerra.
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1942
No começo, o Exército Vermelho apresentou pouca resistência. Aos poucos, no entanto, o avanço das tropas alemãs chegou a um impasse na Rússia. Fortes perdas e rotas inseguras de abastecimento enfraqueceram o ataque alemão. Hitler dominava quase toda a Europa, parte do norte da África e da União Soviética. Mas no ano de 1942 houve uma virada.
1942
A Itália havia entrado na guerra em junho de 1940, como aliada da Alemanha, e atacado tropas britânicas no norte da África. Na primavera de 1941, Hitler enviou o Afrikakorps como reforço. Por muito tempo, os britânicos recuaram – até a segunda Batalha de El Alamein, no outono de 1942. Ali a situação mudou, e os alemães bateram em retirada. O Afrikakorps se rendeu no dia 13 de maio de 1943.
Foto: Getty Images
1942
Atrás do fronte leste, o regime de Hitler construiu campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau. Mais de seis milhões de pessoas foram vítimas do fanatismo racial dos nazistas. Elas foram fuziladas, mortas com gás, morreram de fome ou de doenças. Milhares de soldados alemães e da SS estiveram envolvidos nestes crimes contra a humanidade.
Foto: Yad Vashem Photo Archives
1943
Já em seu quarto ano, a guerra sofreu uma virada. No leste, o Exército Vermelho partiu para o contra-ataque. Vindos do sul, os aliados desembarcaram na Itália. A Alemanha e seus parceiros do Eixo começaram a perder terreno.
1943
Stalingrado virou o símbolo da virada. Desde julho de 1942, o Sexto Exército alemão tentava capturar a cidade russa. Em fevereiro, quando os comandantes desistiram da luta inútil, cerca de 700 mil pessoas já haviam morrido nesta única batalha – na maioria soldados do Exército Vermelho. Essa derrota abalou a moral de muitos alemães.
Foto: picture-alliance/dpa
1943
Após a rendição das tropas alemãs e italianas na África, o caminho ficou livre para que os Aliados lutassem contra as potências do Eixo no continente europeu. No dia 10 de julho, aconteceu o desembarque na Sicília. No grupo dos Aliados estavam também os Estados Unidos, a quem Hitler havia declarado guerra em 1941.
Foto: picture alliance/akg
1943
Em setembro, os Aliados desembarcaram na Península Itálica. O governo em Roma acertou um armistício com os Aliados, o que levou Hitler a ocupar a Itália. Enquanto os Aliados travavam uma lenta batalha no sul, as tropas de Hitler espalhavam medo pelo resto do país.
No leste, o Exército Vermelho expulsou os invasores cada vez mais para longe da Alemanha. Iugoslávia, Romênia, Bulgária, Polônia... uma nação após a outra caía nas mãos dos soviéticos. Os Aliados ocidentais intensificaram a ofensiva e desembarcaram na França, primeiramente no norte e logo em seguida no sul.
1944
Nas primeiras horas da manhã do dia 6 de junho, as tropas de Estados Unidos,Reino Unido, Canadá e outros países desembarcaram nas praias da Normandia, no norte da França. A liderança militar alemã tinha previsto que haveria um desembarque – mas um pouco mais a leste. Os Aliados ocidentais puderam expandir a penetração nas fileiras inimigas e forçar a rendição de Hitler a partir do oeste.
Foto: Getty Images
1944
No dia 15 de agosto, os Aliados deram início a mais um contra-ataque no sul da França e desembarcaram na Provença. As tropas no norte e no sul avançaram rapidamente e, no dia 25 de agosto, Paris foi libertada da ocupação alemã. No final de outubro, Aachen se tornou a primeira grande cidade alemã a ser ocupada pelos Aliados.
Foto: Getty Images
1944
No inverno europeu de 1944/45, as Forças Armadas alemãs reuniram suas tropas no oeste e passaram para a contra-ofensiva em Ardenne. Mas, após contratempos no oeste, os Aliados puderam vencer a resistência e avançar inexoravelmente até o "Grande Império Alemão" – a partir do leste e do oeste.
Foto: imago/United Archives
1945
No dia 8 de maio de 1945, os nazistas se renderam incondicionalmente. Para escapar da captura, Hitler se suicidou com um tiro no dia 30 de abril. Após seis anos de guerra, grande parte da Europa estava sob entulhos. Quase 50 milhões de pessoas morreram no continente durante a Segunda Guerra Mundial. Em maio de 1945, o marechal de campo Wilhelm Keitel assinava a ratificação da rendição em Berlim.