Tempestade de inverno: Biden decreta emergência em Nova York
27 de dezembro de 2022
Evento climático histórico já deixou mais de 50 mortos nos Estados Unidos. Ainda há residentes da região de Buffalo presos em carros soterrados e em suas próprias casas.
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decretou na noite desta segunda-feira (26/12) estado de emergência para o estado de Nova York, o mais afetado pela forte tempestade de inverno Elliot. A medida facilita a ajuda federal para dar resposta às necessidades da população.
Biden autorizou o Departamento do Interior e a Agência de Gestão de Emergência a coordenar as ações necessárias para lidar com a situação e "aliviar a adversidade e o sofrimento" causados pela tempestade, de acordo com um comunicado da Casa Branca.
Causada por uma frente fria ártica, a tempestade afetou os Estados Unidos desde os Grandes Lagos, perto da fronteira com o Canadá, até ao rio Bravo, ou Grande, na fronteira com o México, afetando cerca de 60% da população do país.
Fortes tempestades de neve e ventos ciclônicos deixaram milhares isolados em suas casas e em estradas. Milhares de passageiros ficaram retidos em aeroportos na véspera de Natal, devido a voos cancelados. Houve ainda cortes no fornecimento de energia em quase 1,7 milhão de residências e empresas devido a problemas na infraestrutura elétrica.
Devido à chamada "tempestade do século", a cidade de Nova York registrou uma temperatura mínima de -10,5 °C no dia de Natal, o que não acontecia desde 1872, enquanto Washington, a capital dos EUA, registrou -10 °C e Tampa, na Florida, chegou a marcar temperaturas abaixo de zero, o que não acontecia desde 1966.
Tempestade deixa mais 50 mortos
A tempestade de inverno Elliot já deixou mais de 50 mortos nos Estados Unidos. O número de mortos no estado de Nova York, epicentro do caos, subiu para 27, 18 deles na cidade de Buffalo, município devastado pela neve.
De acordo com a emissora NBC, ao menos 60 pessoas morreram no país devido à tempestade. Já o canal ABC fala em ao menos 51 mortos. Muitas das vítimas foram encontradas em carros soterrados ou no meio da neve. Outros morreram de ataque cardíaco enquanto tentavam limpar a neve.
A neve deve continuar a cair nesta terça-feira. Estradas no estado de Nova York estão lotadas de carros, ônibus, caminhões e ambulâncias soterrados na neve, dificultando os trabalhos de resgaste e limpeza. Estima-se que ainda haja residentes nos veículos, o que deve elevar o número de vítimas.
Centenas de soldados da Guarda Nacional estão ajudando equipes de emergência locais a resgatar passageiros presos em automóveis e a distribuir alimentos a residentes que ficaram sem eletricidade. Muitos dos socorristas acabaram presos no meio da nevasca.
Mark Poloncarz, chefe do Executivo do condado de Erie, onde fica Buffalo, pediu ainda nesta segunda-feira que a população respeite a proibição de viagens. Apesar da medida em vigor, centenas de motoristas tiveram que ser resgatados de seus veículos no final de semana.
"Há carros por toda parte, em todas as direções nas estradas. Eles foram basicamente soterrados e precisam ser desenterrados e rebocados. Esse trabalho de limpeza vai levar tempo", ressaltou Poloncarz.
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Biden conversa com governadora
Biden expressou nesta segunda-feira suas orações por aqueles que morreram na tempestade de inverno Elliot. O presidente convocou ainda a governadora de Nova York, Kathy Hochul, para oferecer seu apoio para enfrentar os estragos que a tempestade deixou naquele estado.
"Meu coração está com aqueles que perderam entes queridos neste fim de semana de feriado. Você está em minhas orações e nas de Jill (primeira-dama)", escreveu o presidente no Twitter. A mensagem foi acompanhada por uma foto de Biden em um escritório ligando para Hochul, com quem ele falou para "obter uma atualização sobre o clima extremo de inverno que assola Nova York".
"Estamos prontos para garantir que eles tenham os recursos necessários para superar isso", prometeu.
Já a governadora pediu que a população permaneça em casa por pelo menos mais um dia. "A situação não é ruim como nos últimos dois dias, mas ainda é uma situação perigosa para ficar do lado de fora", advertiu.
Evento climático único
Uma série de combinações de fatores meteorológicos causou a forte tempestade. O Serviço Nacional de Meteorologia descreveu a tempestade de inverno, que começou na quinta-feira, como um evento "único em uma geração".
Mesmo no estado da Flórida, no sul, o termômetro caiu para abaixo de zero pela primeira vez em quase cinco anos no Aeroporto Internacional de Tampa, e atingiu 6,1 °C em West Palm Beach.
Os meteorologistas disseram que o frio extremo foi alimentado por um "ciclone bomba", que acontece quando a pressão atmosférica cai muito rapidamente em uma forte tempestade.
O ciclone se desenvolveu perto dos Grandes Lagos, provocando condições de nevasca, incluindo ventos fortes e neve.
cn/lf (Reuters, Efe, Lusa, ots)
Como as mudanças climáticas impactaram 2022
Calor, seca, incêndios, tempestades extremas, inundações – mais uma vez, o ano foi marcado por muitos eventos climáticos direta ou indiretamente influenciados pelas mudanças climáticas. Uma retrospectiva em fotos.
Foto: Thomas Coex/AFP
Na Europa, 2022 foi mais quente e seco do que nunca (agosto)
Calor extremo e a pior seca em 500 anos marcaram o verão na Europa. Na Espanha, mais de 500 pessoas morreram na onda de calor mais forte já registrada no país, com temperaturas acima de 45º C. No Reino Unido, o termômetro bateu 40º C pela primeira vez. Partes do continente nunca estiveram tão secas nos últimos mil anos, e muitas regiões racionaram água.
Foto: Thomas Coex/AFP
Graves incêndios devastaram a Europa (julho)
De Portugal, Espanha e França, no oeste, passando pela Itália até a Grécia e Chipre, no leste, e a Sibéria, no norte, florestas estiveram em chamas em todo o continente em 2022. Os incêndios queimaram cerca de 660 mil hectares somente até meados do ano, um recorde desde o início dos registros, em 2006.
Chuvas de monção extremas caíram sobre o Paquistão. Cerca de um terço do país ficou debaixo d'água, 33 milhões de pessoas perderam suas casas, mais de 1.100 morreram e as doenças estão se espalhando. Chuvas extremamente fortes também atingiram o Afeganistão. Milhares de hectares de terra foram destruídos. A fome no país está piorando.
Foto: Stringer/REUTERS
Calor, seca e tufões afetaram a Ásia (agosto e setembro)
Antes das enchentes, o Afeganistão e o Paquistão, assim como a Índia, tiveram calor extremo e seca. A China passou por sua seca mais extrema em 60 anos e seu pior calor já registrado. No outono, 12 tufões assolaram a China. Coreia do Sul, Filipinas, Japão e Bangladesh também sofreram com fortes tempestades, que estão se tornando cada vez mais fortes devido às mudanças climáticas.
Foto: Mark Schiefelbein/AP Photo/picture alliance
Na África, consequências dramáticas
O clima no continente africano está esquentando mais rápido do que a média global. Por isso, a África é particularmente afetada por mudanças nas chuvas, secas, tormentas e inundações. Na Somália, a seca de 2022 foi a pior em 40 anos. Um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas. Na foto, um alagamento no Senegal em julho.
Foto: ZOHRA BENSEMRA/REUTERS
Fuga e fome nos países africanos
Estiagens e inundações tornam difícil a criação de gado ou a agricultura em cada vez mais regiões do continente africano. Como resultado, mais de 20 milhões de pessoas correm risco de morrer de fome, principalmente na Etiópia, na Somália e no Quênia.
Foto: Dong Jianghui/dpa/XinHua/picture alliance
América do Norte: Incêndios e inundações
No final do verão no Hemisfério Norte, incêndios graves ocorreram nos estados americanos da Califórnia, Nevada e Arizona, em particular. Uma cúpula de calor se formou em todos os três estados, com temperaturas chegando a 40º C. No início do verão, fortes chuvas haviam causado grandes alagamentos no Parque Nacional de Yellowstone e no estado de Kentucky.
Foto: DAVID SWANSON/REUTERS
América e Caribe: ciclones violentos
Em setembro, o furacão Ian causou grande devastação no estado americano da Flórida. As autoridades falaram de "danos em escala histórica". O Ian já havia passado por Cuba, onde causou interrupção no fornecimento de eletricidade por vários dias. O ciclone tropical Fiona se moveu até a costa leste do Canadá depois de causar graves danos inicialmente na América Latina.
Foto: Giorgio Viera/AFP/Getty Images
Tempestades tropicais devastam América Central
Não apenas o Fiona assombrou a América Central. Em outubro, o furacão Julia trouxe devastação severa a Colômbia, Venezuela, Nicarágua, Honduras e El Salvador. Devido ao aquecimento global, as superfícies dos oceanos estão esquentando, o que torna os furacões mais fortes.
Foto: Matias Delacroix/AP Photo/picture alliance
Seca extrema na América do Sul
Há uma seca persistente em quase todo o continente sul-americano. No Chile, por exemplo, isso ocorre desde 2007. Desde então, a água dos córregos e rios em muitas regiões diminuiu entre 50% a mais de 90%. Em regiões do México, quase não chove há vários anos consecutivos. Argentina, Brasil, Uruguai, Bolívia, Panamá e partes do Equador e da Colômbia também sofrem com a seca.
Foto: IVAN ALVARADO/REUTERS
Alagamentos na Austrália e Nova Zelândia
Na Austrália, fortes chuvas em 2022 causaram graves inundações várias vezes. De janeiro a março, choveu tanto na costa leste quanto na Alemanha durante todo o ano. A Nova Zelândia também foi afetada. O responsável é o fenômeno climático La Niña, que é amplificado pelas mudanças climáticas, pois a atmosfera mais quente absorve mais água e as chuvas aumentam.