Tensão aumenta na Califórnia após Trump enviar tropas
Publicado 9 de junho de 2025Última atualização 10 de junho de 2025
Protestos antideportação persistem em Los Angeles mesmo após chegada da Guarda Nacional, e Pentágono anuncia reforço de mais 700 fuzileiros navais. Presença de militares não foi autorizada por autoridades locais.
Los Angeles voltou a ser palco de protestos e queima de veículos no domingoFoto: Mario Tama/Getty Images
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Confrontos entre manifestantes e forças de segurança voltaram a ocorrer no domingo (08/06) em Los Angeles, nos EUA, após a chegada de membros da Guarda Nacional, marcando o terceiro dia de protestos violentos contra ações anti-imigração na cidade.
Ao longo do domingo houve registro de queima de veículos e de pelos menos 27 detenções de manifestantes. A polícia de Los Angeles também anunciou a proibição de aglomerações em toda a área central da cidade. Imagens também mostraram uma repórter australiana levando um tiro de borracha na perna enquanto cobria os confrontos.
Cerca de 2 mil soldados da Guarda Nacional, uma força militar de reserva usada em situações como desastres naturais, mas não tanto em distúrbios civis, estão em Los Angeles. Eles começaram a chegar na madrugada de domingo. No dia seguinte, à tarde, o Pentágono anunciou o envio de mais cerca de 700 fuzileiros navais como reforço.
O governo do presidente Donald Trump, que mobilizou esses contingentes, afirma que esses soldados ficarão encarregados de proteger prédios e funcionários federais, incluindo agentes de imigração.
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Trump x democratas da Califórnia
Também prosseguiram as tensões entre o governo federal liderado pelo republicano Donald Trump, que ordenou o envio de tropas da Guarda Nacional, e as autoridades democratas do estado da Califórnia, que se posicionaram contra a mobilização dos militares da reserva para lidar com os protestos.
O governador do estado, o democrata Gavin Newsom, disse que vai processar o governo pelo que chamou de ato "imoral e ilegal".
"Atualmente, não há necessidade de a Guarda Nacional ser enviada para Los Angeles, e fazê-lo dessa maneira ilegal e por um período tão longo é uma violação grave da soberania do estado que parece intencionalmente projetada para inflamar a situação, ao mesmo tempo em que priva o estado de enviar esse pessoal e recursos para onde eles são realmente necessários", disse Newsom em carta enviada à Casa Branca.
Mais tarde, diante de críticas de Tom Homan, o diretor do Serviço de Imigração dos EUA (conhecido pela sigla ICE), o governador Newsom disse: "Venham me pegar, me prender, vamos acabar logo com isso, valentão. Não dou a mínima, mas me preocupo com minha comunidade".
"Todos os governadores democratas concordam: as tentativas de Donald Trump de militarizar a Califórnia são um alarmante abuso de poder", disse ainda Newsom.
A decisão do presidente Trump de acionar quase 2.000 membros da Guarda Nacional marcou a primeira vez desde 1965 que um presidente mobilizou militares da reserva de um estado sem o consentimento do governador local.
Mais cedo, o republicano Trump já havia dirigido insultos a Newsom quando divulgou pela primeira vez que estava considerando enviar militares para o estado.
"Se o governador Gavin Newscum (forma usada por Trump para mesclar Newsom e scum, palavra que significa "escória" em inglês), da Califórnia, e a prefeita Karen Bass, de Los Angeles, não conseguem fazer seu trabalho, o que todos sabem que não conseguem, então o governo federal intervirá e resolverá o problema", disse o presidente americano.
No domingo, Trump afirmou que as tropas vão garantir "uma legalidade muito severa e ordem" e pareceu deixar as portas abertas para novas mobilizações militares, em outras cidades. "Há pessoas violentas", disse.
Los Angeles vem sendo palco de protestos violentos desde a última sexta-feiraFoto: Jae C. Hong/AP Photo/picture alliance
Protestos
As tensões em Los Angeles eclodiram na sexta-feira passada, quando manifestantes entraram em confronto com forças policiais que conduziam batidas para que resultaram na detenção de 44 supostos imigrantes irregulares na área central de Los Angeles.
No sábado, membros do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (conhecido pela sigla ICE) estenderam as operações para o município vizinho de Paramount, uma área de grande concentração de imigrantes latinos, provocando ainda mais protestos. Imagens mostraram dezenas de agentes de segurança tentando dispersar os manifestantes com gás lacrimogênio.
Nas últimas semanas, o governo dos EUA efetuou várias alterações no ICE com o objetivo de promover mais detenções. O objetivo de Trump é efetuar, pelo menos, 3 mil detenções por dia.
jps/ra/as (AP, ots)
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