Israel retoma ataques à Faixa de Gaza
15 de julho de 2014O confronto entre Hamas e Israel chega ao oitavo dia, após uma tentativa de trégua frustrada. O Exército israelense voltou a bombardear a Faixa de Gaza nesta terça-feira (15/07), após a recusa do grupo radical islâmico em aceitar o cessar-fogo proposto pelo Egito.
"Teria sido melhor resolver diplomaticamente. Foi isso que tentamos, ao aceitar a proposta egípcia. Mas o Hamas não nos deixou escolha a não ser expandir e intensificar os ataques contra eles", declarou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
O chefe de governo acrescentou que o Hamas pagará o preço por ter optado em seguir com a violência e ignorado a proposta de cessar-fogo. Pela manhã, Israel havia confirmado que aceitava a trégua e interrompeu a operação militar. Mas o Hamas continuou lançando mísseis contra o território israelense e, seis horas depois, Israel voltou a atacar a Faixa de Gaza.
Militares divulgaram o ataque de, pelo menos, 20 novos alvos do Hamas, incluindo lançadores de mísseis, túneis e arsenais de armas. Segundo o Exército, militantes palestinos já teriam lançado mais de 125 mísseis contra Israel nesta terça-feira.
Consta que pelo menos 194 palestinos e um israelense já morreram no conflito. O presidente de Israel, Shimon Peres, declarou que a morte de civis por ataques aéreos à região apresenta um dilema moral, mas diz ver pouca alternativa, enquanto os militantes do Hamas se recusarem a suspender fogo.
Na mesma entrevista, Peres elogiou o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas: "É um líder real e sério, que está pronto para a paz, e acredito que podemos ter a paz com ele." Tendo como sede administrativa a cidade de Ramallah, na Cisjordânia, a Autoridade conta com apoio do Ocidente.
Destruição e mortes
A situação na Faixa de Gaza preocupa a ONU. "O nível de perdas humanas e a destruição em Gaza é imensa", declarou o porta-voz da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina e do Oriente Médio (UNRWA) Sami Mshasha.
O número de mortos aumenta a cada hora. Além disso, mais de 1.100 pessoas já ficaram feridas no conflito. "Há uma grande quantidade de mulheres e crianças entre os mortos, e isso preocupa muito a UNRWA", comentou Mshasha.
A agência relatou também que cerca de 560 residências foram totalmente destruídas, milhares de edifícios sofreram danos e 47 instalações da UNRWA também foram atingidas. Mais de 17 mil pessoas buscaram refúgio em 20 escolas administradas pela agência, cujas coordenadas foram enviadas para autoridades israelenses, a fim de evitar ataques contra esses locais.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha também chamou a atenção para a situação na Faixa de Gaza. Segundo a organização, o bombardeio devastou o abastecimento de água na região, afetando milhares de pessoas. O conflito também impede os técnicos de fazerem os reparos necessários.
"Água e o serviço de eletricidade foram afetados, como resultado das hostilidades. Se elas não pararem, a questão não é se, mas quando a população já sitiada vai enfrentar uma crise aguda no abastecimento de água", declarou Jacques de Maio, diretor de operações da Cruz Vermelha em territórios palestinos e israelenses.
Washington também criticou o conflito. "Os novos números de mortes indicam que a situação não é sustentável. Todos os olhos se voltam agora para o Hamas e os grupos em território palestino que lançam mísseis", declarou um porta-voz do governo americano.
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