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Terrorismo

"Teorias conspiratórias instigam ataques da extrema direita"

21 de fevereiro de 2020

Visão de mundo racista e marcada por teorias da conspiração é ponto em comum entre extremistas de direita que cometeram ataques recentes, como em Hanau e Christchurch, diz Jan Rathje, da Fundação Amadeu Antonio.

Hanau Trauer um Opfer nach Amoklauf
Foto: picture-alliance/AA/D. Aydemir

Para o especialista em violência praticada por extremistas Jan Rathje, o atentado na cidade de Hanau, na Alemanha, tem paralelos com casos semelhantes ocorridos em outros locais do mundo, como os ataques de Christchurch, na Nova Zelândia.

Segundo ele, casos assim se encaixam num contexto internacional de violência de extrema direita, no qual agressores que agem sozinhos são influenciados por teorias conspiratórias de direita, como a "grande troca populacional" ou a existência de forças ocultas que comandam os destinos do mundo, bem como o antissemitismo.

Rathje trabalha para a Fundação Amadeu Antonio, uma ONG que luta contra o racismo e o extremismo de direita. Ela leva o nome de Amadeu Antonio Kiowa, um angolano que foi brutalmente assassinado por neonazistas na Alemanha, no início dos anos 1990.

DW: No atentado de Hanau há um vídeo e uma carta do agressor. O senhor vê paralelos com Christchurch ou outros ataques?

Jan Rathje: Merece atenção que o suspeito de ser o agressor falou em inglês no vídeo. No atentado em Halle também foi assim. Ou seja, a mensagem é endereçada à comunidade internacional. Isso também ocorreu no caso do autor do atentado em Christchurch. Mas, pelo que se sabe até o momento, há algumas inconsistências. No vídeo, ele se dirige à população dos Estados Unidos. Já na carta em que assume a autoria, e que é atribuída a ele, ele se dirige ao povo alemão.

Essas pessoas agem sozinhas?

Sim, essas pessoas executam seus crimes sozinhas. Mas não se deve desprezar o contexto cultural em que essas pessoas vivem antes de executar o seu crime. Também no caso de Halle, o suspeito tinha uma visão de mundo de cunho extremista de direita, fortemente marcada por ideologias conspiratórias, ou seja, pela ideia de que forças ocultas são responsáveis e estão por trás de todo o mal do mundo, e isso acompanhado de fantasias racistas de aniquilação, antissemitismo e tramas antifeministas.

Também aqui a ideia de uma chamada "grande troca populacional" desempenha um papel, ou seja, a tese de que a população dos países ocidentais está sendo substituída por imigrantes ou até mesmo deve ser substituída por eles. Esse parece ser um tema recorrente.

Esse é o tema conspiratório central da extrema direita quando se trata de terrorismo. É o mito da chamada "grande troca", que nos Estados Unidos, desde os anos 1990, é chamado de "genocídio branco" pela extrema direita hardcore. Essa história é muito velha. Hitler já escreveu sobre isso em Minha luta. É um tema muito velho, que volta a produzir efeito agora.

É possível evitar atentados como o de Hanau?

No caso de indivíduos que se radicalizam em comunidades online, às quais se conectam de forma anônima, é difícil. Aí fica-se na dependência de levar a sério os comentários feitos pelas pessoas. Para isso é necessário um contato e prestar atenção quando as pessoas soltam certas declarações, sejam elas discriminatórias, sejam elas acompanhadas de fantasias de violência. Nesse momento, deve-se abrir os olhos. Mas às vezes é difícil identificar pessoas que não circulam nos meios clássicos de extrema direita.

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