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Termina prazo dado por europeus a Maduro

3 de fevereiro de 2019

Sete nações da UE prometem reconhecer Juan Guaidó como presidente da Venezuela se não houver convocação de eleições presidenciais. Ultimato vai até este domingo. Trump afirma que envio de tropas ao país é "uma opção".

Presidente venezuelano, Nicolás Maduro
Presidente venezuelano, Nicolás MaduroFoto: Reuters/Miraflores Palace

O prazo estabelecido por sete países da União Europeia (UE) para que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convoque novas eleições presidenciais chega ao fim neste domingo (03/02).

Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Portugal, Holanda e Bélgica disseram que reconhecerão o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino, caso Maduro não respeite o ultimato de oito dias.

A ministra de Assuntos Europeus da França, Nathalie Loiseau, disse à TV LCI neste domingo que, "se até esta noite o presidente Maduro não se comprometer a organizar eleições presidenciais, a França considerará Juan Guaidó legítimo para organizá-las em seu lugar, e nós o consideraremos como presidente interino até a realização de eleições legítimas na Venezuela".

Mais tarde, a ministra reiterou o alerta em outra entrevista à mídia francesa: "O ultimato termina hoje".

No mesmo dia, o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, disse que Viena iria "reconhecer e apoiar Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela" se Maduro não convocar novas eleições.

O líder austríaco também afirmou, através do Twitter, que manteve uma "chamada telefônica muito boa com o presidente" Guaidó.

"Envio de tropas é opção"

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse à emissora americana CBS que o envio de militares para a Venezuela é "uma opção". O líder americano relatou ainda que Maduro pedira para encontrá-lo, mas que ele recusou o pedido.

Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, dispõe de pouco controle sobre instituições do Estado e aparato governamental.Foto: picture-alliance/dpa/sincepto/R. Hernandez

Maduro rechaçou o ultimato dos países da UE classificando-o de um "descaramento". Ele disse aos participantes de uma manifestação pró-governo no sábado que é "o verdadeiro presidente da Venezuela".

Na quinta-feira, o Parlamento Europeu reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como líder interino do país e instou os países-membros da União Europeia a fazerem o mesmo.

Os ministros do Exterior da UE, contudo, continuam cautelosos, temendo a criação de um precedente que possa ser aproveitado por outras figuras da oposição em outras partes do mundo. Eles optaram por deixar que cada Estado dentro do bloco de 28 nações adote sua própria posição sobre reconhecer Guaidó ou não.

Maduro permaneceu desafiador neste domingo, compartilhando nas redes sociais imagens da manifestação pró-governo do dia anterior e agradecendo à nação por "tanto amor, tanto cuidado e compromisso eterno", afirmando que "somos guerreiros e guerreiras da paz".

Em entrevista gravada na sexta-feira e agendada para ser transmitida neste domingo, Maduro também disse que pessoas nas fábricas, universidades e outras áreas estão se preparando para o combate. "Simplesmente vivemos em nosso país e pedimos que ninguém intervenha nos assuntos internos. E estamos nos preparando para defender nosso país", disse ele à emissora espanhola La Sexta.

Manifestações em ambos os lados

No sábado, manifestações da oposição e pró-regime levaram milhares de pessoas às ruas de Caracas. Maduro chegou a sugerir que convocaria uma eleição parlamentar antecipada, enquanto Guaidó anunciou a instalação de centros de coletas nos países vizinhos Colômbia e Brasil para mantimentos e remédios enviados para venezuelanos atingidos pelas sanções.

O assessor de segurança nacional dos EUA, John Bolton, dissera que disponibilizaria o transporte para a chegada dos carregamentos humanitários, em resposta ao pedido de Guaidó.

Maduro já havia recusado a entrada de ajuda humanitária, alegando que esta precederia uma intervenção militar liderada pelos EUA.

Manifestação contra Maduro em Caracas reuniu dezenas de milhares de pessoasFoto: Getty Images/AFP/F. Parra

Em um possível sinal de enfraquecimento do apoio a Maduro, a agência de notícias Reuters informou que a tropa de choque da polícia deixou manifestantes passarem e se reunirem em pelo menos três cidades durante os comícios de sábado.

Além disso, Maduro também enfrentou uma deserção de grande significado horas antes das manifestações, quando o general da Força Aérea Francisco Yánez anunciou seu apoio a Guaidó e o chamou de "ditador" em um vídeo.

Militar na ativa de mais alto escalão a renegar Maduro até então, Yánez também afirmou que "90% das Forças Armadas" não estão apoiando o líder socialista, acrescentando que "a transição para a democracia é iminente".

Mais tarde, o embaixador da Venezuela no Iraque, Jonathan Velasco, também anunciou seu apoio a Guaidó.

Ao propor "eleições antecipadas" neste sábado, Maduro falou em eleições parlamentares – e não presidenciais – para a Assembleia Nacional, presidida por Guaidó.

Críticos ao governo acusam Maduro de destruir a economia da Venezuela, que já foi impulsionada pelo setor energético, e de atropelar as instituições democráticas.

Guaidó, que no mês passado se autoproclamou presidente interino e pediu a realização de uma nova eleição presidencial, tem pouco controle sobre as instituições do Estado e o aparato governamental.

MD/rtr/ap/dpa

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