Terra perde biodiversidade em ritmo alarmante, diz ONU
23 de março de 2018
Estudos mostram que nenhuma região do planeta está a salvo da perda de flora e fauna. Cientistas apontam estilo de vida humano como principal fator para redução das espécies, que coloca em risco o próprio homem.
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A Terra está perdendo plantas, animais e água limpa em um ritmo alarmante, revelaram nesta sexta-feira (23/03) quatro relatórios sobre a biodiversidade divulgados pela ONU. Os estudos abrangentes mostrou que nenhuma região do planeta está em boas condições e que essa tendência de destruição é causada, principalmente, pela atividade humana.
Durante três anos, mais de 500 especialistas de mais de 100 países, reunidos na Plataforma Intergovernamental sobre Serviços de Ecossistemas e da Biodiversidade (IPBES), analisaram o estado da fauna e flora no mundo.
"A biodiversidade, a variedade essencial de formas de vida na terra, continua a diminuir em todas as regiões do mundo. Essa tendência alarmante coloca em risco a qualidade de vida das pessoas em todo lugar", destacaram os pesquisadores.
Os estudos mostraram ainda que as mudanças climáticas se tornarão uma ameaça cada vez maior para a biodiversidade a partir de 2050, somadas aos danos provocados pela poluição e o desmatamento para abrir espaço à agricultura.
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A atual tendência de destruição da biodiversidade coloca em risco economias, meios de subsistência, a segurança alimentar e a qualidade de vida, destacou a ONU.
Segundo o presidente do IPBES, Robert Watson, a redução da biodiversidade é um efeito colateral de um mundo cada vez mais rico e cada vez mais populoso. O pesquisador destacou que a maneira como a sociedade tenta conseguir mais comida, água potável, energia e terra está provocando essa diminuição. Watson ressalta que as mudanças climáticas e o aquecimento global, causados também pelo homem, são outros fatores que contribuem para esse cenário.
Ameaça global
Para as Américas, o relatório indica que, se a tendência de destruição seguir o ritmo atual, em 2050, haverá 15% menos plantas e animais do que agora. Em relação ao período anterior à colonização do continente, a redução será de 40%. Quase 25% das espécies conhecidas da região estão ameaçadas.
Os pesquisadores estimaram ainda que o valor da biodiversidade do continente é de 24,3 trilhões de dólares, valor superior ao do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos.
A previsão para a região da Ásia-Pacífico indica que, em 2048, não haverá mais reservas de peixes para pesca comercial. Essa área perderá ainda 45% de sua biodiversidade e 90% de seus corais.
Já a África pode perder mais da metade de suas suas espécies de aves e mamíferos até 2100. Mais de 20% das espécies da região estão ameaçadas ou já foram extintas.
Até mesmo na Europa e Ásia Central, região que, segundo Watson, é a que está no melhor caminho para a proteção das espécies, cerca de 28% de animais e plantas estão ameaçados. A expansão da agricultura convencional e da silvicultura são os principais problemas da região.
Para reverter essa tendência destrutiva, os pesquisadores destacam que governos e a sociedade precisam mudar seu modo de governar e seus estilos de vida. Watson afirma que economizar água e energia, além da diminuição do consumo de carne vermelha são ações individuais para salvar o planeta.
"Algumas espécies estão ameaçadas de extinção. Outras, vão diminuir em número. A Terra será um lugar mais solitário. Trata-se de uma questão moral. Nós humanos temos o direito de extingui-los?", questionou Watson.
CN/rtr/ap/ots
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Tesouro de sementes no Ártico
Em Spitzbergen, perto do Polo Norte, são armazenadas sementes de todo o mundo. A ideia é criar um "back-up" da biodiversidade, que pode ser útil após guerras, catástrofes ou mudanças climáticas.
Foto: Michael Marek
Paisagem deslumbrante
Spitzbergen é um arquipélago pertencente à Noruega, com área equivalente às da Bélgica e da Suíça juntas. Árvores? Sem chance! Para onde quer que se olhe, o que se vê são pequenas montanhas de topos achatados. O ar é cristalino, e o céu, azul vivo – uma paisagem deslumbrante. No verão, há luz 24 horas por dia. No inverno, é sempre escuro, e a temperatura cai para -25 graus Celsius.
Foto: Michael Marek
Polo de pesquisa
Nos últimos anos, a região se tornou um centro para a pesquisa internacional sobre o Ártico. Biólogos marinhos, meteorologistas, geólogos e geofísicos usam Spitzbergen como base para suas atividades científicas.
Foto: Michael Marek
Mudanças climáticas
Em Spitzbergen, existem cerca de 350 geleiras. Mas as mudanças climáticas chegaram ao arquipélago: as geleiras estão derretendo e, ainda neste século, poderíamos ver a região do Ártico totalmente sem gelo no verão. O número de peixes e aves na área aumentou, e as cavalas, por exemplo, migraram de águas mais quentes para zonas costeiras de Spitzbergen.
Foto: Michael Marek
Casas coloridas e carvão
Em Longyearbyen, capital de Spitzbergen, cerca de 2.500 pessoas vivem em suas casas de madeira coloridas nos arredores do Adventdalen, vale lateral do fiorde Isfjord. Longyearbyen e Spitzbergen já foram conhecidas por seu carvão, mas hoje não há mais que algumas poucas minas por ali.
Foto: Michael Marek
Logística complicada
A logística para o abastecimento da área é grande. Cada lâmpada, maçã ou pedaço de aço precisa ser trazido à região de avião ou de barco – percorrendo 950 quilômetros a partir da porção continental da Noruega.
Foto: Michael Marek
Entrada oculta
A arca do tesouro fica a apenas um quilômetro de distância de Longyearbyen. Do lado de fora, é possível ver apenas a entrada estreita de concreto em meio à neve.
Foto: Michael Marek
Dentro da montanha
Atrás da entrada, um túnel de 120 metros de comprimento aprofunda-se pela montanha. Graças a um sistema de resfriamento, a temperatura é mantida constante em -7 graus Celsius, tanto no verão como no inverno.
Foto: Michael Marek
Cofre de sementes
No final do túnel, uma porta leva a um cofre. O frio ártico de Spitzbergen funciona como uma proteção natural para as sementes. Por trás de toda essa estrutura, está o medo de não se saber exatamente as consequências que uma diminuição da biodiversidade pode ter para a humanidade.
Foto: Michael Marek
Segurança inviolável
Spitzbergen é, por várias razões, um local ideal para armazenar sementes. A Noruega não está em guerra e, além disso, de acordo com o Tratado de Spitzbergen, de 1920, a região é uma zona desmilitarizada. A área é geomorfologicamente estável, e o cofre de sementes está 130 metros acima do nível do mar – mesmo com uma inundação, ele não seria afetado.
Foto: Michael Marek
Bilhões de sementes
Em média três vezes por ano, a movimentação é intensa, quando as sementes são entregues e desaparecem dentro dos túneis. As três câmaras têm capacidade para armazenar 4,5 milhões de espécies de plantas, cada uma delas representada por uma média de 500 sementes. Ou seja, nos três compartimentos há espaço para cerca de 2,25 bilhões de sementes. Atualmente, apenas a sala do meio é utilizada.
Foto: Michael Marek
De volta para casa
Recentemente, devido à guerra civil na Síria, sementes armazenadas foram pedidas de volta – pela primeira vez na história do forte de sementes. O destinatário foi o Centro Internacional para Pesquisa Agrícola em Regiões Secas, para onde foram levadas variedades de cereais do Oriente Médio resistentes à seca. Nesse meio tempo, a sede da organização acabou se mudando para Beirute.
Foto: Michael Marek
Sementes do futuro?
As sementes da Alemanha, por exemplo, são protegidas por embalagens de alumínio hermeticamente fechadas. Atualmente, Spitzbergen armazena 865 mil amostras de sementes de 5.103 espécies de plantas de todo o mundo. O catálogo oficial inclui amostras de 217 países.