Terra vive nova época geológica, defendem cientistas
29 de agosto de 2016
Para grupo de especialistas, impacto da ação humana sobre o planeta pôs fim ao Holoceno e marca início de nova época, chamada Antropoceno. Recomendação, apresentada em congresso de geologia, aguarda aprovação oficial.
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A ação do homem sobre a Terra é tão impactante que justificaria a declaração de uma nova época geológica, segundo acredita um grupo internacional de cientistas. A recomendação foi apresentada nesta segunda-feira (29/08) ao Congresso Internacional de Geologia, que ocorre na África do Sul.
Para os especialistas, a época denominada Antropoceno, ou "Nova Idade do Homem", teria se iniciado em meados do século 20, entre as décadas de 40 e 50, quando houve dispersão de material radioativo após testes com bombas nucleares, o que causou impacto significativo no planeta.
Segundo os cientistas, porém, há uma série de outros sinais que podem servir de justificativa para a declaração de uma nova época, como a poluição por plástico, a fuligem do ar e até mesmo as ossadas deixadas pela proliferação global de galinhas domésticas, criadas para alimentar a população.
Especialistas se referem ao período desde os anos 50 como a "Grande Aceleração", e uma olhada nos gráficos que mostram as mudanças químicas e socioeconômicas na Terra a partir dessa data deixa evidente o porquê de tal denominação.
As concentrações de dióxido de carbono, metano e ozônio estratosférico no ar, as temperaturas da superfície terrestre, a acidificação dos oceanos, a captura de peixes marinhos, as perdas de floresta tropical, o crescimento populacional, a construção de grandes barragens, o turismo internacional – todos esses indicadores decolaram a partir de meados do século 20.
Para os cientistas, um dos principais culpados é o aquecimento global, impulsionado pela queima de combustíveis fósseis. "Muitas dessas mudanças são duradouras geologicamente, e algumas são praticamente irreversíveis", justifica o estudo apresentado na Cidade do Cabo.
Para que o Antropoceno seja de fato declarado realidade, a recomendação do grupo de cientistas – denominado Working Group on the Anthropocene (WGA) – precisa ser aprovada oficialmente, o que pode levar pelo menos dois anos, já que exige a ratificação de vários organismos acadêmicos.
Os geólogos dividem a história da Terra em distintas épocas. Atualmente, segundo o consenso vigente, vive-se o Holoceno, que teve início há quase 12 mil anos com o fim da última era glacial.
O termo Antropoceno foi introduzido nos anos 2000 pelo biólogo americano Eugene Stoermer e pelo meteorologista holandês Paul Crutzen. Desde então, a denominação é constantemente utilizada no meio acadêmico e defendida por muitos grupos de cientistas, apesar de não oficial.
EK/afp/dpa/ots
Natureza extrema
Do árido deserto do Atacama até a aldeia mais chuvosa do mundo, na Índia, do pico mais alto à profundeza mais obscura: a Terra guarda recantos extremos surpreendentes.
Foto: gemeinfrei
O local mais frio: Plateau da Antártica Oriental
Aqui nunca faz um "friozinho". Numa noite de inverno realmente fria, as temperaturas podem baixar para até 92 graus negativos. Mas essa situação pode mudar em breve: pesquisadores norte-americanos registraram recentemente o maior nível mensal de CO2 na atmosfera desde o início das medições. Mesmo assim, dificilmente o lugar se tornará mais acolhedor.
Foto: EPA/YONHAP NEWS AGENCY
O local mais quente: Vale da Morte, EUA
O calor opressivo do Parque Nacional do Vale da Morte, no estado da Califórnia, pode ser demais até para aqueles que curtem um bom banho de sol. A temperatura máxima registrada aqui foi de 56,67 graus Celsius, em 10 de julho de 1913, em Greenland Ranch. Aqui, passar os dias de verão sob o sol sempre foi algo impensável.
Foto: gemeinfrei
O ponto mais alto: Monte Everest, Nepal
O pico mais alto do mundo, com 8.848 metros, é o Monte Everest, no Himalaia. O alpinista neozelandês Edmund Hillary e o indiano Tenzin Norgay foram os primeiros vitoriosos a chegarem ao cume, em 29 de maio de 1953. As recentes avalanches no Everest, causadas pelo terremoto de 25 de abril no Nepal, mataram ao menos 18 pessoas. Um triste fim para a temporada de escaladas.
Foto: Getty Images/P. Bronstein
O ponto mais profundo: Depressão Challenger
Para atingir o ponto mais profundo da Terra é preciso estar a bordo de um submarino. A Depressão Challenger está situada a 11 quilômetros de profundidade na Fossa das Marianas, a sudoeste da ilha de Guam, no Oceano Pacífico. Até hoje, apenas três pessoas alcançaram essa profundeza. Uma delas foi o cineasta James Cameron, que usou este submarino em 2012.
Foto: REUTERS
O local mais seco: Deserto do Atacama, Chile
Se você vive num lugar úmido ou está cansado de chuva e garoa, vá para o deserto do Atacama, no Chile, simplesmente o lugar mais árido e seco do mundo. Em sua região central há lugares onde nunca caiu uma gota de chuva sequer – pelo menos desde o início das medições.
A população do estado de Meghalaya, no nordeste da Índia, na fronteira com Bangladesh, certamente não se importaria em repassar alguns litros de chuva para o Atacama. Com uma precipitação anual de 11.873 milímetros (ou seja, 11,86 metros!), a aldeia Mawsynram é o lugar mais úmido do planeta. A título de comparação, a precipitação média anual em Londres é de 650 milímetros.
Foto: BIJU BORO/AFP/Getty Images
O lugar mais populoso: Xangai, China
Na cidade chinesa de Xangai moram 24,15 milhões de pessoas – isso é mais do que as populações do Paraná e do Rio Grande do Sul somadas. Devido ao número elevado de habitantes, a cidade sofre com a crescente deterioração da qualidade do ar. O aumento das emissões de automóveis e um número crescente de projetos de construção são responsáveis pela poluição atmosférica em Xangai.
Foto: Imago
O lago mais alto: Titicaca
O Lago Titicaca fica 3.810 metros acima do nível do mar e é o lago navegável mais elevado do mundo. Mas isso não é tudo: o lago situado na fronteira entre o Peru e a Bolívia é o maior da América do Sul em volume de água. Particularmente interessantes são as ilhas flutuantes dos uros, construídas pelos nativos com totora, uma espécie de junco do Titicaca.