Publicado 1 de setembro de 2025Última atualização 1 de setembro de 2025
Tremor de magnitude 6 e várias réplicas atingem sobretudo províncias de Kunar e Nangarhar, na fronteira com o Paquistão, e deixa pelo menos de 2.800 mil feridos.
Afegãos vasculham escombros de casa que ruiu após o terremoto na província de KunarFoto: REUTERS
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Mais de 800 pessoas morreram e pelo menos 2.800 mil ficaram feridas depois que um forte terremoto de 6 graus de magnitude e várias réplicas atingiram o leste do Afeganistão na noite deste domingo (31/08), disseram autoridades locais nesta segunda-feira.
Os terremotos foram sentidos com força nas províncias orientais de Kunar, Nangarhar, Nuristão e Laghman, e os tremores também atingiram a capital, Cabul.
Segundo autoridades locais, 812 pessoas morreram em Kunar e Nangarhar. Equipes militares de resgate se espalharam pelas duas províncias, comunicou o Ministério da Defesa do governo do Talibã, acrescentando que 40 voos transportaram 420 feridos e mortos.
O Afeganistão é propenso a terremotos mortais, especialmente na cordilheira Hindu Kush, onde as placas tectônicas da Índia e da Eurásia se encontram. Mais de 1.500 pessoas morreram numa série de terremotos em 7 de outubro de 2023, segundo a ONU. O Talibã relatou até 2.500 mortes na época. Em junho de 2022, tremores de magnitude 6.1 mataram ao menos mil pessoas.
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Epicentro em Nangarhar
O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) localizou o epicentro do sismo principal, de 6 graus de magnitude, a 42 quilômetros de Jalalabad, capital da província de Nangarhar, e a uma profundidade de oito quilômetros, o que geralmente amplifica o poder de destruição.
O tremor inicial, registrado às 23h47 de domingo (horário local, 16h17 de Brasília), foi seguido por ao menos duas réplicas de magnitude 5.2.
Resgates em andamento
As equipes de resgate trabalham desde o início da manhã para localizar sobreviventes entre os escombros, embora as operações sejam dificultadas por deslizamentos de terra que bloquearam estradas importantes em Kunar e Nuristão.
Nesta segunda-feira, helicópteros transportavam feridos para um hospital após eles serem retirados dos escombros. As autoridades temem que o balanço de vítimas aumente à medida que áreas mais remotas sejam acessadas.
As equipes de resgate lutavam para encontrar sobreviventes na área que faz fronteira com a região de Khyber Pakhtunkhwa, no Paquistão, onde casas de barro foram arrasadas pelo terremoto. Os tremores foram sentidos também no país vizinho, incluindo a capital, Islamabad.
Voos militares transportaram muitos feridos das províncias de Kunar e NangarharFoto: REUTERS
A missão das Nações Unidas no país mobilizou pessoal para prestar "assistência de emergência e apoio vital", enquanto o Crescente Vermelho afegão já enviou equipes médicas para Kunar, a província mais afetada.
Kunar é uma região remota na fronteira com o Paquistão, aninhada nos vales da cordilheira Hindu Kush, cuja população vive principalmente em casas precárias de barro e palha, extremamente vulneráveis a sismos.
Esta fragilidade estrutural, somada a décadas de conflito e à falta de infraestruturas, ampliou o impacto do desastre.
O Talibã reconheceu a magnitude do desastre. "Infelizmente, o terremoto desta noite causou mortes e danos materiais em algumas de nossas províncias orientais", escreveu o porta-voz Zabihullah Mujahid na rede social X.
"Funcionários locais e moradores estão atualmente envolvidos em esforços de resgate. Equipes de apoio do centro e de províncias vizinhas também estão a caminho, e todos os recursos disponíveis serão usados para salvar vidas", acrescentou.
"Todas as nossas equipes foram mobilizadas para acelerar a assistência, para que possamos fornecer apoio abrangente e completo", comunicou o Ministério do Interior afegão, controlado pelo Talibã, à agência de notícias Reuters, citando esforços em áreas que vão da segurança à alimentação e saúde.
Em Cabul, autoridades de saúde disseram que equipes de resgate corriam para chegar a vilarejos remotos espalhados por uma área com um longo histórico de terremotos e inundações.
Em Nuristão, as autoridades confirmaram que os moradores sentiram fortes tremores, mas garantiram que até o momento não foram relatadas vítimas ou danos materiais.
"Fortes tremores também foram sentidos na província, mas até agora não há relatos de perdas humanas ou materiais", disse o diretor de Informação e Cultura de Nuristão à agência de notícias Efe.
A província de Kunar, a mais afetada, está localizada na fronteira com o Paquistão, na cordilheira Hindu Kush. A precariedade das estradas e o acesso quase inexistente às comunicações nas áreas rurais dificultam a avaliação dos danos e a coordenação da ajuda.
as/bl (Efe, Reuters, Lusa, ARD)
Os terremotos mais fortes dos últimos 100 anos
Sismo de 6 graus de magnitude no Afeganistão causou morte de mais de 800 pessoas em agosto de 2025. No último século foram registrados tremores ainda mais fortes.
Foto: Toru Hanai/REUTERS
Chile teve o terremoto mais forte
O terremoto mais forte já registrado, de magnitude 9,5 graus na escala Richter, atingiu Valdívia, na costa sul do Chile, por 10 minutos, em maio de 1960. Foram destruídas cidades inteiras e a geografia da região foi alterada. Quase 6 mil pessoas morreram. E o tsunami gerado pelo sismo causou a morte de 130 pessoas no Japão e de 61 no Havaí. Na foto, ruínas do porto de Corral.
Foto: Getty Images/AFP
Grande Terremoto do Alasca
O terremoto que abalou o Alasca em 27 de março de 1964 também é conhecido como "o grande terremoto do Alasca". Ele segue sendo o mais forte já registrado nos Estados Unidos, com magnitude de 9,2. O movimento sísmico e o posterior tsunami mataram 139 pessoas. Na foto, a destruição causada no pequeno povoado de pescadores na ilha de Kodiak.
Foto: Getty Images/Central Press
Megaterremoto submarino no Oceano Índico
O megaterremoto submarino de 26 de dezembro de 2004 no Oceano Índico teve magnitude de 9,1. Ele desencadeou uma série de tsunamis devastadores, que causaram a morte de 280 mil pessoas em 14 países e inundaram cidades costeiras com ondas de até 30 metros de altura. Foi um dos desastres naturais mais mortíferos de que se tem registro. Na foto, a destruição em Sumatra, na Indonésia.
Foto: Getty Images/P.M. Bonafede/U.S. Navy
Terremoto seguido de tsunami no Japão
Um membro da equipe canina de resgate busca vítimas após o terremoto que causou destruição no noroeste do Japão em 11 de março de 2011, que atingiu 9,1 na escala Richter e foi seguido de um terrível tsunami. Eles causaram a morte de cerca de 18,5 mil pessoas e afetaram a planta nuclear de Fukushima.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Chiba
O terremoto de Kamchatka
Em 4 de novembro de 1952, foi registrado um tremor de magnitude 9 na costa da península de Kamchatka, no leste da Rússia. O tsunami que se seguiu causou destruição e mortes nas ilhas Kurilas. Mais de 2,3 mil pessoas morreram.
Mais uma vez no Chile
O tremor de magnitude 8,8 que afetou a costa do Chile em 27 de fevereiro de 2010 também está entre os mais fortes do século. Ele não causou tantas mortes como o tsunami posterior, que varreu várias localidades costeiras, elevando a cifra de mortos para 530. O sismo danificou o porto de Talcahuano e provocou perdas milionárias aos pescadores e à indústria local.
Foto: Getty Images/AFP/M. Bernetti
Sismo de 1906 atingiu Equador e Colômbia
Em 31 de janeiro de 1906, um terremoto também de magnitude 8,8 na escala Richter causou destruição e cerca de mil mortes no Equador e na Colômbia. O terremoto se deu devido ao choque das placas de Nazca e a Sul-Americana, causando um tsunami de vários metros de altura. O epicentro localizou-se no Oceano Pacífico diante da fronteira entre os dois países.
De novo o Alasca
O sismo de 4 de fevereiro de 1965 atingiu 8,7 de magnitude e teve seu epicentro nas Ilhas Rat, muito propícias a sismos porque se localizam entre as placas tectônicas do Pacífico e da América do Norte. Elas são um grupo vulcânico de ilhas integradas nas ilhas Aleutas, no sudoeste do Alasca. Na foto, a destruição causada pelo terremoto em Anchorage, maior cidade do Alasca.
Foto: U.S. Army
Em 1950, entre Índia e China
O terremoto de Assam-Tibete, entre Índia e China em 15 de agosto de 1950, atingiu a magnitude de 8,6 graus na escala Richter. O sismo causou destruição tanto na região de Assam, na Índia, quanto no Tibete, e foi fatal para cerca de 4,8 mil pessoas.
Alasca é área propícia a terremotos
O sul do Alasca fica na fronteira entre a Placa Tectônica Norte-Americana e a Placa do Pacífico. Em 9 de março de 1957, aconteceu nas ilhas Aleutas um terremoto de magnitude 8,6 na escala Richter.
Turquia e Síria: luto e indignação
Milhares de pessoas morreram no terremoto que atingiu a Turquia e a Síria em 6 de fevereiro de 2023, com uma magnitude de 7,8 na escala Richter. As cifras assustam: pelo menos 50 mil mortos, 214 mil prédios desabados ou em estado precário, milhões perderam suas moradias. Ao luto dos sobreviventes, juntou-se a indignação de constatar que, em muitos casos, não foram cumpridas normas de construção.
Foto: Diego Cupolo/NurPhoto/picture alliance
Terremoto deixa quase 3 mil mortos no Marrocos
O sismo de magnitude 6,8 teve epicentro próximo à cidade turística de Marrakech e foi o mais forte em 120 anos da história do país. O abalo também foi sentido na vizinha Argélia e até em Portugal. Mais de 2.900 pessoas ficaram feridas. Pessoas que foram deslocadas para abrigos nos arredores de Marrakech se diziam indignadas com a falta de planos de curto e longo prazo para realocá-las.
Foto: Mosa'ab Elshamy/AP
Mais de 800 morrem após tremor no Afeganistão
Mais de 800 pessoas morreram e pelo menos 2.800 mil ficaram feridas depois que um forte terremoto de 6 graus de magnitude e várias réplicas atingiram o leste do Afeganistão no final de agosto de 2025, segundo autoridades locais. O país governado pelo Talibã é propenso a terremotos mortais, especialmente na cordilheira Hindu Kush, onde as placas tectônicas da Índia e da Eurásia se encontram.