ONU: terremoto destruiu meio milhão de casas no Nepal
7 de maio de 2015
Mais de 250 mil residências viraram escombros e outras 213 mil ficaram seriamente danificadas, calcula Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários. ONG alerta para risco de tráfico de mulheres e crianças.
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O terremoto que devastou o Nepal há cerca de duas semanas destruiu completamente 256 mil casas, o dobro do que o que se pensava anteriormente, afirmou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) nesta quinta-feira (07/05).
Outras 213 mil casas foram seriamente danificadas, segundo a agência da ONU. As casas de pedra e barro nas montanhas nepalesas foram as mais atingidas pelo tremor, de magnitude 7,8 na escala Richter.
Cerca de um quarto dos 31 milhões de habitantes do país foram afetados pelo terremoto, estima a ONU. Ao menos 7,7 mil pessoas morreram em decorrência do tremor, sendo 7,6 mil delas no Nepal.
Até o momento, 18 mil toneladas de alimentos, como arroz, açúcar, sal, feijão e lentilha, foram distribuídos, de acordo com dados oficiais. No entanto, jornalistas locais relatam que muitos suprimentos de ajuda humanitária estão armazenados nos aeroportos, pois há poucos helicópteros e pilotos com experiência em zonas montanhosas para distribuir os mantimentos.
De acordo com a mídia local, estradas bloqueadas por deslizamentos de terra estão sendo liberadas, incluindo uma pista da Araik Highway, que liga a capital Katmandu ao leste do país. A China está ajudando nos trabalhos de reparação, segundo o jornal Kantipur.
A Alemanha aumentou a ajuda ao Nepal para 3,5 milhões de euros. O dinheiro será colocado à disposição de organizações de ajuda humanitária, segundo o Ministério alemão do Exterior.
Tráfico humano
Organizações de ajuda humanitária alertam para o risco de tráfico humano nas áreas afetadas pela catástrofe. Sobretudo mulheres e crianças que ficaram desabrigadas estão em perigo, afirma a ONG Maiti Nepal.
"Meninas estão expostas a um alto risco de tráfico humano e abuso sexual e precisam ser protegidas", disse a fundadora da Maiti Nepal, Anuradha Koirala, à agência de notícias AFP. A organização reforçou a vigilância na fronteira com a Índia, onde se registrou um aumento dos casos suspeitos.
A polícia nepalesa afirmou que há equipes especiais operando para garantir que mulheres e crianças em abrigos de emergência não corram perigo. Um relatório da comissão de direitos humanos do Nepal, de 2013, listou 29 mil casos de tráfico humano ou tentativa de tráfico.
LPF/dpa/rtr/afp
Patrimônio Mundial destruído no Nepal
Terremoto devastador matou e feriu milhares de pessoas. Tremor também foi duro golpe contra a rica herança cultural do país asiático.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Vale de Katmandu
O terremoto no Nepal danificou bastante o coração cultural e espiritual do país. No vale de Katmandu, no sopé do Himalaia, há sete monumentos considerados Patrimônio Mundial da Unesco ao longo de poucos quilômetros. Na foto, tirada antes do terremoto, vê-se um deles: os mosteiros de Swayambhunath.
Foto: Imago
As estupas budistas de Swayambhunath
As estupas e os mosteiros budistas de Swayambhunath (foto) formam um centro espiritual no Nepal. A estupa de Bodhnath, as praças Durbar das três cidades reais e os templos hindus de Pashupatinath e Changu Narayan, fora de Katmandu, também estão na lista de Patrimônios Mundiais.
Antigamente, famílias reais viviam nos palácios da praça Durbar de Bhaktapur (foto), da praça Durbar em Katmandu e da praça Durbar de Patan. Foi somente no final de 2007 que o Nepal aboliu a monarquia e proclamou a república no ano seguinte.
Foto: picture alliance / ZUMAPRESS/P. Gordon
Praça Durbar de Bhaktapur, após o terremoto
Nas cidades reais de Bhaktapur (foto), Patan e no centro de Katmandu, vários templos e estátuas dos séculos 12 até o 18 foram danificados ou completamente destruídos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/N. Shrestha
Praça Durbar de Katmandu, antes do terremoto
Na Praça Durbar de Katmandu, capital do Nepal, havia vários pagodes característicos do país, com dois ou três andares.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Praça Durbar de Katmandu, após o terremoto
O terremoto destruiu os pagodes. O especialista P. D. Balaji, da Universidade de Madras, na Índia, questiona se os prédios poderão ser totalmente reconstruídos. "É uma perda irreparável para o Nepal e para o resto do mundo."
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Torre Dharahara, antes do terremoto
Entre as atrações de Katmandu estava esta torre de nove andares e 62 metros de altura. Ela também desabou durante o terremoto, no último sábado (25/04) à tarde.
Foto: imago
Torre Dharahara ,após o terremoto
Da torre, que tinha uma escada em espiral de 200 degraus, só restou a base. Equipes de socorro tentaram resgatar cerca de 50 pessoas que ficaram sob os escombros, noticiou uma emissora de televisão. O forte terremoto de 1934 já havia destruído a torre de doze andares, construída em 1826 e que, mais tarde, foi reconstruída.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Templos de Changu Narayan
Os quatro templos e três palácios, reconhecidos pela Unesco em 2006 como Patrimônio Mundial, são testemunhos da história política e religiosa do Nepal.
Foto: imago
Templo de Pashupatinath
O templo hindu é um dos mais importantes do gênero no Nepal. Hinduísmo e budismo se disseminaram ao longo dos séculos no Nepal e levaram à construção de templos magníficos, a partir do século 5.
Foto: picture alliance/ANN/The Star
Local de nascimento de Buda
No total, há no Nepal, além do vale de Katmandu, três outros locais com Patrimônios Mundiais: Lumbini (foto), o parque nacional de Chitwan e o parque nacional de Sagarmatha . A Unesco busca informações sobre a situação de Lumbini. A cidade, cerca de 280 quilômetros a oeste de Katmandu, é considerada o local onde Buda nasceu.
Foto: AFP/Getty Images/K. Knight
Um dos países mais pobres da região
O epicentro do terremoto no último sábado fica cerca de 80 quilômetros a oeste da capital Katmandu. O terremoto, com 7,8 de magnitude, ocorreu a uma baixa profundidade, tendo consequências mais graves. O Nepal é um dos países mais pobres do sul da Ásia. O país tem 28 milhões de habitantes, e a economia é quase totalmente dependente do turismo.