Tremor ocorrido em abril alterou direção do movimento natural do pico mais alto do mundo, fazendo-o se mover 3 centímetros para o sudoeste, segundo pesquisadores chineses.
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O terremoto devastador que atingiu o Nepal no final de abril deste ano moveu o Monte Everest 3 centímetros para o sudoeste, sem alterar sua altura, de acordo com cientistas chineses citados pela agência de notícias oficial Xinhua nesta terça-feira (16/06).
O tremor de magnitude 7,8 alterou o sentido do deslocamento gradual do pico mais alto do mundo, que costuma ser para nordeste, segundo a Administração Nacional de Pesquisa, Mapeamento e Geoinformação chinesa.
De acordo com um relatório da instituição citado pela mídia estatal, o Everest se moveu 40 centímetros na direção nordeste ao longo da última década, a uma velocidade de 4 centímetros por ano. O pico na fronteira entre a China e o Nepal também "cresceu" 0,3 centímetros por ano entre 2005 e 2015.
Rodger Bilham, professor de Ciências Geológicas na Universidade do Colorado, concorda com as conclusões dos cientistas chineses. "O Everest foi empurrado levemente por esse movimento [terremoto], alguns centímetros para o sul e um pouco para baixo", disse Bilham à agência de notícias AFP.
O terremoto do dia 25 de abril e sua réplica em 12 de maio resultaram na morte de mais de 8,7 mil pessoas. Também provocaram deslizamentos de terra e destruíram meio milhão de casas, deixando milhares desabrigados.
O Nepal fica numa zona de fricção entre as placas tectônicas chinesa e indiana, que se movem cerca de 2 centímetros por ano e levaram à formação do Himalaia. A altura oficial do Everest – 8.848 metros – foi determinada por uma pesquisa indiana em 1954, mas outras medições apontam uma variação de alguns metros.
LPF/afp/efe
Patrimônio Mundial destruído no Nepal
Terremoto devastador matou e feriu milhares de pessoas. Tremor também foi duro golpe contra a rica herança cultural do país asiático.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Vale de Katmandu
O terremoto no Nepal danificou bastante o coração cultural e espiritual do país. No vale de Katmandu, no sopé do Himalaia, há sete monumentos considerados Patrimônio Mundial da Unesco ao longo de poucos quilômetros. Na foto, tirada antes do terremoto, vê-se um deles: os mosteiros de Swayambhunath.
Foto: Imago
As estupas budistas de Swayambhunath
As estupas e os mosteiros budistas de Swayambhunath (foto) formam um centro espiritual no Nepal. A estupa de Bodhnath, as praças Durbar das três cidades reais e os templos hindus de Pashupatinath e Changu Narayan, fora de Katmandu, também estão na lista de Patrimônios Mundiais.
Antigamente, famílias reais viviam nos palácios da praça Durbar de Bhaktapur (foto), da praça Durbar em Katmandu e da praça Durbar de Patan. Foi somente no final de 2007 que o Nepal aboliu a monarquia e proclamou a república no ano seguinte.
Foto: picture alliance / ZUMAPRESS/P. Gordon
Praça Durbar de Bhaktapur, após o terremoto
Nas cidades reais de Bhaktapur (foto), Patan e no centro de Katmandu, vários templos e estátuas dos séculos 12 até o 18 foram danificados ou completamente destruídos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/N. Shrestha
Praça Durbar de Katmandu, antes do terremoto
Na Praça Durbar de Katmandu, capital do Nepal, havia vários pagodes característicos do país, com dois ou três andares.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Praça Durbar de Katmandu, após o terremoto
O terremoto destruiu os pagodes. O especialista P. D. Balaji, da Universidade de Madras, na Índia, questiona se os prédios poderão ser totalmente reconstruídos. "É uma perda irreparável para o Nepal e para o resto do mundo."
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Torre Dharahara, antes do terremoto
Entre as atrações de Katmandu estava esta torre de nove andares e 62 metros de altura. Ela também desabou durante o terremoto, no último sábado (25/04) à tarde.
Foto: imago
Torre Dharahara ,após o terremoto
Da torre, que tinha uma escada em espiral de 200 degraus, só restou a base. Equipes de socorro tentaram resgatar cerca de 50 pessoas que ficaram sob os escombros, noticiou uma emissora de televisão. O forte terremoto de 1934 já havia destruído a torre de doze andares, construída em 1826 e que, mais tarde, foi reconstruída.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Templos de Changu Narayan
Os quatro templos e três palácios, reconhecidos pela Unesco em 2006 como Patrimônio Mundial, são testemunhos da história política e religiosa do Nepal.
Foto: imago
Templo de Pashupatinath
O templo hindu é um dos mais importantes do gênero no Nepal. Hinduísmo e budismo se disseminaram ao longo dos séculos no Nepal e levaram à construção de templos magníficos, a partir do século 5.
Foto: picture alliance/ANN/The Star
Local de nascimento de Buda
No total, há no Nepal, além do vale de Katmandu, três outros locais com Patrimônios Mundiais: Lumbini (foto), o parque nacional de Chitwan e o parque nacional de Sagarmatha . A Unesco busca informações sobre a situação de Lumbini. A cidade, cerca de 280 quilômetros a oeste de Katmandu, é considerada o local onde Buda nasceu.
Foto: AFP/Getty Images/K. Knight
Um dos países mais pobres da região
O epicentro do terremoto no último sábado fica cerca de 80 quilômetros a oeste da capital Katmandu. O terremoto, com 7,8 de magnitude, ocorreu a uma baixa profundidade, tendo consequências mais graves. O Nepal é um dos países mais pobres do sul da Ásia. O país tem 28 milhões de habitantes, e a economia é quase totalmente dependente do turismo.