Terremotos da Turquia e Síria afetam 11 milhões de crianças
5 de agosto de 2023
Em 6 de fevereiro de 2023, sismos de magnitude 7.8 mataram 6 mil e deixaram rastro de destruição. Para muitos nas regiões afetadas, porém, a catástrofe não acabou, e crianças são principais vítimas. Unicef faz apelo.
Os sismos de 6 de fevereiro de 2023, com magnitude de até 7.8 pontos, resultaram em pelo menos 50 mil mortos, e 214 mil prédios destruídos ou em estado precário, entre os quais mais de 2.100 escolas e 214 instalações de saúde. Nos três meses seguintes registraram-se ainda mais de 30 mil abalos secundários no sul e centro da Turquia e no norte e oeste da Síria.
Para 6,5 milhões de menores e suas famílias, permanece grande o risco de contrair moléstias transmitidas pela água, como a cólera; a insegurança alimentar aumentou em 10%; e exacerbaram-se os diversos riscos à integridade das criança, como trabalho infantil, casamentos forçados, danos psicossociais ou violência por motivo de gênero.
A Síria enfrenta uma das crises humanitárias mais complexas do mundo: cerca de 8,8 milhões, incluindo 3,7 milhões de crianças, foram afetados pelos sismos, agravando ainda mais a situação do país, já insustentável após 12 anos de conflitos.
Como relata em seu website, até a data o Unicef ajudou 2,5 milhões de indivíduos nas zonas sírias afetadas pelos abalos sísmicos, mas as necessidades humanitárias continuam a ser "enormes" e o financiamento é muito limitado. Assim, a organização lança um apelo para angariar 468,5 milhões de dólares para ajuda às crianças e suas famílias nas zonas afetadas.
Destruição e desabrigo na Turquia
Na Turquia, cerca de 4 milhões de menores continuam necessitando assistência humanitária, depois de mais de 300 mil edifícios terem sido danificados ou destruídos por terramotos, forçando 1,6 milhão de habitantes a viver em tendas ou abrigos improvisados.
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Nos seis meses desde a catástrofe, o Unicef, em colaboração com o governo turco e seus parceiros, e outras ONGs, levou água potável a 1,4 milhão de atingidos e material de higiene e saneamento a 586 mil.
Além disso, 1 milhão de crianças receberam vacinas e serviços de imunização, 400 mil tiveram acesso à educação. O programa das Nações Unidas prestou também apoio psicológico a 518 mil crianças e seus responsáveis, entre outras realizações.
No entanto, as necessidades continuam a ser enormes. Segundo o Unicef, são necessários 64,7 milhões de dólares para continuar fornecendo à população material humanitário, ajudar as famílias a enfrentarem a escassez econômica e permitir que as crianças regressem à escola em setembro.
av (Lusa,ots)
O terremoto devastador na Turquia e na Síria em imagens
Após o pior terremoto em décadas atingir a região da fronteira turco-síria, equipes de resgate buscam sobreviventes sob os escombros de milhares de prédios. "Estão cavando com as próprias mãos", relata testemunha.
Foto: Sertac Kayar/REUTERS
Susto no meio da noite
Este prédio residencial em Diyarbakir, no sudeste da Turquia, foi um dos vários milhares de edifícios destruídos pelo terremoto de magnitude 7,8 que abalou a região da fronteira turco-síria. O sismo surpreendeu os moradores no meio da madrugada, às 4h17 (hora local) de segunda-feira (06/02/23).
Foto: Omer Yasin Ergin/AA/picture alliance
Dezenas de réplicas
O terremoto foi seguido dezenas de réplicas que acabaram por agravar a catástrofe. O tremor secundário mais forte, de magnitude 7,5, ocorreu horas depois, na tarde de segunda-feira.
Foto: SERTAC KAYAR/REUTERS
Prédios reduzidos a escombros
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Planejamento Urbano, mais de 84 mil edifícios na Turquia desabaram ou foram severamente danificados, como estes em Karamamaras. Duas semanas após o desastre, o número de mortos já passava de 47 mil, a grande maioria na Turquia.
Foto: IHA/REUTERS
Resgate "com as próprias mãos"
Grupos de civis e equipes oficiais de resgate correm contra o tempo para encontrar pessoas presas sob os escombros, como mostra esta foto em Adana. Testemunhas relataram à DW que voluntários cavam os destroços "com as próprias mãos" para alcançar sobreviventes. Mais de 200 horas depois do tremor, duas mulheres foram resgatas com vida, em 14 de fevereiro.
Foto: IHA/AP Photo/picture alliance
Devastação no norte da Síria
A província de Idlib, no norte da Síria, também foi afetada pelo terremoto. O tremor de segunda-feira foi um dos mais devastadores a ocorrer na região em décadas e atingiu áreas já devastadas pela guerra civil que assola o país há quase 12 anos.
Foto: Ghaith Alsayed/AP Photo/picture alliance
"Famílias inteiras soterradas"
"Os moradores de Idlib correram de suas casas, estavam em pânico", contou à DW um repórter local na cidade de Sarmada, na província de Idlib. "Pouco depois, desabaram as primeiras casas, que já não estavam em boas condições como resultado dos ataques aéreos russos. Mas edifícios mais novos também desabaram. Famílias inteiras ainda estão soterradas",disse à DW.
Foto: Omar Albam
Capacetes Brancos em ação
Os Capacetes Brancos, uma organização fundada durante a guerra civil síria, participam dos trabalhos de resgate em áreas controladas por rebeldes no noroeste da Síria. Os dois homens na foto buscam por sobreviventes em Zardana, na província de Idlib.
Foto: Ahmad al-Atrash/AFP
Ajuda de todo lugar
Rapidamente diversos países – até mesmo a Ucrânia – ofereceram auxílio às regiões atingidas. A Alemanha, por exemplo, enviou ajuda de emergência e suprimentos de primeiros socorros, incluindo abrigos e estações de tratamento de água. Já os Estados Unidos mobilizaram uma equipe de especialistas em resposta a desastres.
Foto: SERTAC KAYAR/REUTERS
Construções históricas destruídas
Tesouros culturais também foram destruídos no terremoto. Na província turca de Maltaya, a famosa Mesquita Yeni (foto), do século 13, foi severamente danificada – assim como o imponente Gaziantep Kalesi, um castelo construído há cerca de 2.200 anos, na cidade de Gaziantep.
Foto: Volkan Kasik/AA/picture alliance
Aleppo não escapou
Na Síria, a cidade antiga de Aleppo (foto) e outros sítios arqueológicos importantes também tiveram partes de suas construções destruídas.
Foto: AFP
Prisão de empreiteiros
A Justiça turca criou uma unidade especial para investigar possíveis negligências na construção dos edifícios que desabaram com o sismo e emitiu mais de 110 mandados de detenção. Segundo a imprensa local, a polícia turca deteve no dia 11 de fevereiro pelo menos 14 pessoas nas províncias de Gaziantep e Sanliurfa, incluindo empreiteiros e engenheiros civis.