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Tesouros de Teotihuacán

11 de julho de 2010

Mostra em Berlim traz testemunhos da arte, do cotidiano e da religião da civilização de Teotihuacán, a cidade das pirâmides, que viveu no México entre 100 a.C. e 650 d.C. Exposição exibe acervo inédito na Europa.

Peças foram restauradas para a exposiçãoFoto: Consejo Nacional para la Cultura y las Artes

Quando os astecas a descobriram no século 14 duvidaram que aquela cidade em ruínas, com pirâmides colossais, tivesse sido obra de seres humanos e a batizaram de Teotihuacán, que na língua náhuatl significa "lugar onde os homens se tornam deuses". A civilização surgiu mil anos antes dos astecas e viveu entre 100 a.C. e 650 d.C.

Testemunhos da enigmática civilização podem ser vistos pela primeira vez na Europa: até 10 de outubro próximo, o espaço de exposições Martin Gropius Bau, em Berlim, realiza a exposição Teotihuacán – a misteriosa cidade das pirâmides no México.

A mostra é composta por 450 peças. Entre os objetos em exposição estão elementos arquitetônicos, máscaras e representações de divindades, como também 15 fragmentos de pintura mural, cujas cores vivas ficaram preservadas ao longo de 2 mil anos.

Arte abstrata

A Pirâmide do SolFoto: Consejo Nacional para la Cultura y las Artes - Instituto Nacional de Antropología e Historia, México

Para a organização da mostra, foram classificadas e restauradas peças que estavam em diferentes acervos. "Um grande benefício para a pesquisa, porque ao reunir as peças é possível fazer uma leitura mais rica e compreensível sobre o que foi a grande civilização teotihuacana", afirmou à Deutsche Welle Alfonso de María y Campos, diretor do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México, ao qual pertence metade do acervo exposto.

"A arte teotihuacana é abstrata, o que significa um grande avanço para a época, na medida em que sintetiza coisas, mostra símbolos do poder de uma sociedade hierarquizada, marcando com elementos elegantes e sutis a importância de cada homem e seu trabalho na sociedade, sua posição social", destaca.

Enquanto as culturas asteca e as posteriores têm sido de fácil entendimento para os arqueólogos e historiadores, o mesmo não acontece com a teotihuacana. "As culturas antigas anteriores aos astecas requerem um estudo mais aprofundado de suas origens, maior valorização", afirma María y Campos.

A maior cidade do mundo em seu tempo

Pinturas murais de acervos do MéxicoFoto: Martirene Alcántara

Teotihuacán se localiza em uma região semiárida, a 2.275 metros acima do nível do mar. Distante 45 quilômetros da Cidade do México, onde hoje fica San Juan Teotihuacán, ela faz parte do Patrimônio da Humanidade da Unesco e é visitada por centenas de milhares de turistas de todo o mundo a cada ano.

A cidade é considerada a sede da civilização clássica no Vale do México. No período de 292 a.C. até ao ano 900 chegou a ter 160 mil habitantes, o que a tornou a maior metrópole do mundo na época. Os costumes da cidade, que contava, entre outros, com sistema de canalização de água, influenciaram outros povos da região, como os maias, que habitavam montanhas situadas a mil quilômetros dali.

As imponentes pirâmides, os templos e os palácios eram cobertos com estuque e decorados com pinturas murais. Prédios públicos, administrativos e residenciais eram habitados pela população de acordo com sua classe social ou ofício que exercia.

"Suas pirâmides são comparadas às dos egípcios, mas, enquanto estes utilizaram ferramentas de metal para sua construção, os teotihuacanos, que não conheciam animais de carga, utilizaram instrumentos de pedra e a própria força braçal para construí-las", afirma o antropólogo e professor da Universidade Estadual do Arizona, George L. Cowgill, no catálogo da exposição.

O "Jaguar de Xalla"

Escultura arquitetônica é destaque da mostraFoto: Martirene Alcántara

Um dos destaques da mostra é o Jaguar de Xalla. A escultura arquitetônica em forma de jaguar foi encontrada em um dos palácios mais importantes da cidade, chamado Xalla, onde se acredita que os governantes se reuniam para discutir política, afirma o arqueólogo Miguel Angel Báez Pérez.

O especialista destaca que, devido à grande riqueza arqueológica do México, a conservação do material, que é muito mais cara do que a exploração, se torna um problema."No México há mais de 33 mil sítios arqueológicos identificados, destes apenas 172 estão abertos ao público. Calculamos que possa haver até 60 mil sítios, pois o país é talvez um dos cinco países do mundo com maior diversidade arqueológica".

Autor: Eva Usi (rc)
Revisão: Carlos Albuquerque

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