Teste confirma paternidade de Charles Lindbergh
28 de novembro de 2003Astrid Bouteil, que faz 43 anos neste sábado (29), recebeu um belo presente nesta sexta-feira, juntamente com seus irmãos Dirk (45) e David (36): a confirmação de que Charles Lindbergh era realmente seu pai. Não que eles tivessem qualquer dúvida. "Não pode ser nenhum outro" - já dissera Astrid meses atrás, em Munique, ao divulgar a "maravilhosa história de amor" entre sua mãe e o herói americano Lindbergh. A prova visava eliminar qualquer dúvida dos que questionavam a paternidade.
O teste genético comprovou, com uma garantia de 99%, que Lindbergh é o pai dos três filhos da chapeleira Brigitte Hesshaimer, informou Anton Schwenk, porta-voz e assessor da família. "Os três já tinham plena consciência da sua origem antes do teste de DNA", acrescentou.
Um incógnito com vida dupla
Charles Lindbergh era e é até hoje um herói nos EUA por ter sido o primeiro piloto a cruzar sozinho o Atlântico em 1927, voando de Nova York a Paris. Durante 20 anos, até a sua morte, em 1974, ele manteve em segredo a relação com Brigitte. Lindbergh visitava várias vezes a família alemã em suas viagens à Europa, sob o pseudônimo de Careu Kent. Nos Estados Unidos, era casado com a escritora Anne Morrow Lindbergh e tinha cinco filhos.
A família americana não exigiu nenhum teste de DNA, segundo Schwenk. Por causa da notória semelhança dos filhos alemães, eles não tiveram a menor dúvida de estar diante de meio-irmãos durante o primeiro encontro, ocorrido há poucas semanas na Europa. Os filhos alemães quiseram o teste por uma questão de "legitimação", para poderem afirmar que são os filhos do célebre piloto. E também porque querem narrar sua história em livro e filme. Além do mais, já teria aparecido gente afirmando ser o bebê de Lindbergh que foi seqüestrado nos EUA. O seqüestro aconteceu realmente em 1932 e a criança foi assassinada, o que provocou indignação em todo o mundo.
Um pai misterioso entre duas famílias
Com os parentes nos EUA, nesse meio tempo, haveria um bom relacionamento e em 2004 os filhos do herói da aviação irão se encontrar novamente. "Mas isso é meramente uma questão de família", ressaltou o assessor dos alemães. Não há nenhuma disputa por questões de herança. "Isso não esteve em jogo em nenhum momento. David, Astrid e Dirk só querem poder dizer quem eles são. Que pessoa não gostaria de fazer isso?", perguntou. O teste realizado no Instituto de Medicina Legal da Universidade Ludwig Maximilian de Munique comparou amostras de saliva dos filhos alemães e de outras pessoas da família Lindbergh que preferem ficar no anonimato.
Em sua infância, os três irmãos nem imaginavam quem seria seu misterioso pai, pois Brigitte Hesshaimer não revelou nunca sua identidade. Mas depois que Astrid encontrou as cartas de amor de Lindbergh à sua mãe, quando tinha 20 anos, resolveu investigar a questão por conta própria. E nunca obteve ajuda de sua mãe, como revelou Astrid, que mora em Paris. Mas Brigitte, que era 24 anos mais jovem que o piloto, pelo menos disse aos filhos que o pai tinha outra família e, por isso, só podia visitá-los em Munique três vezes por ano.
História de amor transatlântico vai virar filme
O que os irmãos agora pretendem contar demonstra que ainda existem histórias de amor entre a "velha Europa" e a "nova América", disse Astrid à agência de notícias AFP. O livro levará em conta as recordações e as 150 cartas de amor de Charles a Brigitte. "Não será uma biografia, mas uma crônica centrada nessa parte desconhecida da vida de Lindbergh", anunciou Anton Schwenk. Os irmãos serão auxiliados pelo autor Rudolf Schröck, que escreveu biografias, entre elas a de Willy Brandt. O livro deverá ser publicado até o 30º aniversário da morte de Lindbergh, em 26 de agosto de 2004 ou, no mais tardar, até a próxima feira do livro em Frankfurt, em outubro.
Segundo Schwenk, não haveria novidades sobre a relação de Lindbergh com a irmã mais velha de Brigitte, Marietta Hesshaimer, que mora na Suíça e que teria ganho uma casa do piloto, com quem teria tido dois filhos. "De parte dos suíços não há interesse em contato com a opinião pública", afirmou. Os casos de amor de Lindbergh poderão acabar com sua imagem de herói da aviação nos meios puritanos dos EUA. Em 1941, Charles Lindbergh pronunciou-se contra a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, levantando a suspeita de simpatizar com os alemães.