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Testemunhas relatam "sangue, feridos e malas por toda parte"

22 de março de 2016

Passageiros do aeroporto internacional de Bruxelas descrevem cenas de horror após duas explosões que deixaram mais de dez mortos e fizeram teto desabar. Pânico também tomou conta de estação de metrô, onde 20 morreram.

Foto: picture-alliance/AP/Ralph Usbeck

Três explosões abalaram Bruxelas nesta terça-feira (22/03), deixando ao menos 31 pessoas mortas no aeroporto internacional de Zaventem e na estação de metrô de Maelbeek, próxima aos escritórios da União Europeia (UE).

Várias testemunhas relataram o drama vivido no momento dos atentados terroristas, reivindicados horas depois pelo grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI).

Zach Mouzon, que chegou num voo de Genebra cerca de dez minutos antes da primeira das duas explosões no aeroporto, disse à emissora de TV BFM que a segunda explosão, mais forte, fez com que o teto desabasse e canos estourassem. "Foi uma atrocidade. O teto desabou. Havia sangue por toda parte, pessoas feridas, malas", relatou. "Andamos sobre os destroços. Era uma cena de guerra."

Anthoy Deloos, funcionário da empresa aérea Swissport no aeroporto, disse que a primeira explosão ocorreu perto dos balcões da companhia. A segunda explosão teria ocorrido perto de uma unidade do Starbucks.

"Ouvimos uma grande explosão. Pulei sobre uma rampa de bagagem para me proteger", disse Deloos. Ele contou que pedaços de papel voavam no momento em que um colega lhe dizia para correr.

Veja imagens de Bruxelas após explosões

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"Um homem gritou algumas palavras em árabe e, então, ouvi uma grande explosão", disse Alphonse Lyoura, trabalhador do setor de segurança de bagagens. Com as mãos ensanguentadas, ele relatou que ajudou a carregar cinco mortos para fora. "Muitas pessoas perderam membros. Um homem perdeu as duas pernas, e um policial teve a perna totalmente mutilada", disse.

O fato de muitas das vítimas no aeroporto terem sido feridas nas pernas sugere que havia uma bomba numa mala no chão.

O belga Marc Noel estava numa loja do aeroporto, prestes a embarcar num voo para Atlanta, quando a primeira explosão ocorreu, a poucos metros de distância. "As pessoas choravam, gritavam, crianças. Foi uma experiência horrível", disse à agência de notícias AP. Ele afirmou que a decisão de comprar revistas pode ter salvado sua vida. "Eu provavelmente estaria naquele lugar quando a bomba foi detonada."

Outro passageiro, Cedric Vanderswalm, disse que um trem atrasado e um elevador lotado salvaram sua vida. Com parte do rosto coberta de pó e fuligem, o belga de 20 anos contou que planejava voar para Londres e estava se dirigindo ao setor de embarque, mas o elevador estava cheio e ele esperou pelo próximo. "Eu estava prestes a entrar quando houve uma grande explosão. Se eu tivesse pegado o elevador anterior, eu teria estado bem no meio da explosão."

O passageiro Paolo Saraca Volpini disse que, por volta de 15 minutos depois das explosões, uma voz emotiva anunciou pelo alto-falante do aeroporto "estamos passando por um ataque", pedindo que as pessoas nos terminais A e B ficassem onde estavam. Outro passageiro disse que, após as explosões, as pessoas correram em pânico em busca de abrigo.

Segundo a ministra da Saúde belga, Maggie de Block, 11 pessoas morreram e 81 ficaram feridas no aeroporto.

Bombeiros atendem feridos diante da estação de metrô de Maalbeek, atingida por uma bombaFoto: picture-alliance/AP/APTN

Atendimento improvisado no metrô

Uma hora mais tarde, uma bomba foi detonada num vagão de metrô, matando 20 pessoas e ferindo mais de cem, segundo o prefeito de Bruxelas, Yvan Majeur.

"O metrô estava deixando a estação de Maelbeek em direção à de Schuman quando houve uma explosão muito alta", disse Alexandre Brans, de 32 anos, tirando sangue do rosto. "O pânico tomou conta. Tinha muita gente no metrô."

Perto da entrada da estação, equipes de resgate montaram um centro de atendimento improvisado num bar. O metrô fechou após os ataques, assim como o aeroporto.

Os atentados em Bruxelas foram executados somente quatro dias após a prisão, na capital belga, de Salah Abdeslam, o principal suspeito dos ataques de 13 de Novembro em Paris. O governo da Bélgica elevou ao máximo o alerta antiterrorismo e declarou três dias de luto nacional.

LPF/ap/rtr

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