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Testes rápidos de covid ainda fazem sentido para a ômicron?

3 de janeiro de 2022

FDA alertou que os testes de antígeno são menos sensíveis à ômicron do que às variantes anteriores do coronavírus, podendo resultar em falsos negativos.

Dois kits de teste rápido de coronavírus, em primeiro plano Portão de Brandemburgo ao fundo
Foto: Sebastian Gabsch/Geisler-Fotopress/picture alliance

Na luta global contra o novo coronavírus, os testes rápidos de antígeno estão desempenhando um papel central, não apenas para os não vacinados, como cada vez mais também para os já inoculados. Na Alemanha, por exemplo, realizam-se testagens nos locais de trabalho, na esfera pública e na privada. Em determinadas circunstâncias, também vacinados e recuperados precisam apresentar um teste negativo.

Muitos confiam nos testes rápidos. Eles ajudam a detectar infecções precocemente e interromper cadeias de contágio. Muitos cidadãos preferem se submeter a um teste antes de visitar os parentes em lares para idosos ou de cuidados especiais, ou antes de participar de reuniões privadas.

No entanto, a consequente sensação de segurança pode se revelar enganosa, sobretudo neste momento em que a variante ômicron é dominante. No fim de dezembro de 2021, a agência reguladora de medicamentos FDA, dos Estados Unidos, alertou que os testes rápidos de antígeno são menos sensíveis à ômicron do que às variantes anteriores, podendo resultar em falsos negativos.

Essa constatação é particularmente relevante diante do fato de, paralelamente, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país terem baixado para apenas cinco dias o período de quarentena para os pacientes de covid-19 assintomáticos.

Altas cargas virais não detectadas

Antes mesmo da declaração da FDA já havia dúvidas quanto à confiabilidade dos testes rápidos. Pesquisadores dos institutos de saúde alemães Paul Ehrlich e Robert Koch, e do hospital universitário Charité, de Berlim, examinaram mais de perto um grande número dos testes de antígenos disponíveis: 20% foram desqualificados, por não reagirem nem mesmo a uma grande carga viral.

Segundo o estudo, divulgado em preprint, 26 dos 122 testes examinados não preenchiam sequer a exigência mínima de 75% de sensibilidade, ou seja, a capacidade de detectar pelo menos três quartos das amostras com um determinado volume de vírus.

Essa quantidade é definida pelo índice Ct, referente ao número de vezes que uma amostra precisa ser reproduzida em laboratório até que o material genético do vírus seja detectável. Quanto mais baixo esse índice, maior a carga viral: um Ct de 25 ou menos indica que o portador é extremamente contagioso; de 25 a 30, a carga viral é alta; entre 30 e 36, moderada.

Na pesquisa realizada pelas instituições alemãs, cerca de 80% dos testes expressos examinados indicaram a presença do Sars-Cov-2 nas amostras extremamente infecciosas; 60% identificaram também as altamente infecciosas; porém um quinto fracassou inteiramente.

Quem garante a confiabilidade dos testes expressos?

Para a testagem do coronavírus, recolhem-se secreções das vias respiratórias, com um esfregaço do nariz e/ou da garganta. Nos testes rápidos, procura-se por antígenos – determinadas proteínas do invólucro viral. Se a amostra contém pouca quantidade de vírus, contudo – por o paciente estar apenas no começo ou já no fim da infecção, ou se tiver ingerido muito líquido antes da coleta – os testes expressos não são muito confiáveis.

Por isso, no caso de resultado positivo deve-se realizar logo em seguida um teste de reação em cadeia da polimerase (PCR), que é muito mais seguro. Através dessa reação, procura-se em laboratório o DNA do Sars-Cov-2, bastando pequenas cargas virais para que o resultado seja positivo.

Por mais estranho que pareça, atualmente os fabricantes de testes de antígeno podem colocar seus produtos no mercado sem qualquer controle de qualidade externo, expedindo para si mesmos a necessária marcação CE, indicadora de conformidade com os padrões de segurança e desempenho da União Europeia.

Segundo o Instituto Paul Ehrlich (PEI), segundo a atual diretriz da UE para diagnósticos in vitro (IVD), os fabricantes de testes de covid-19 ainda podem autocertificá-los como "IVDs de baixo risco", prescindindo de uma supervisão independente, antes de comercializá-los.

Testes rápidos de covid não servem para nada?

Portanto na Europa são os próprios fabricantes a atestar que seus testes de antígeno são confiáveis: um estado de coisas inadmissível, mas que não mudará antes de maio de 2022. A partir daí, segundo o PEI, os testes de covid-19 passarão à classe de risco máximo, exigindo certificação por um laboratório de referência da UE e por outras instâncias – como, por exemplo, a empresa TÜV.

Tudo isso, porém, não significa que os testes rápidos sejam inúteis. Muitas vezes, eles ajudam a conter a pandemia, ajudando a detectar infecções com grande rapidez, rompendo assim a cadeia de contágio, sobretudo quando se trata de portadores de carga viral alta.

No entanto, mesmo quem apresenta um resultado negativo pode estar infectado e contaminar outros. Dois dias antes dos primeiros sintomas, os pacientes de covid-19 já são contagiosos. Nesse estágio – ou em se tratando de um quadro assintomático – os testes de antígeno não são inteiramente seguros. Por isso não se deve confiar demasiado em seus resultados, apoiando-se numa sensação de segurança enganosa.

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