Thriller de espionagem marca reencontro de Spielberg e Hanks
Jochen Kürten (ca)16 de outubro de 2015
Rodado em Berlim, "Ponte dos Espiões" conta a história de uma das mais famosas trocas de espiões da Guerra Fria. Bem recebido pela crítica, filme já é apontado como candidato ao Oscar.
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A estreia mundial de Ponte dos Espiões, o novo filme do cineasta americano Steven Spielberg, terminou com uma ovação de pé durante o 53° Festival de Cinema de Nova York, no início deste mês.
Será interessante observar como o grande público americano vai reagir após a chegada do filme aos cinemas do país nesta sexta-feira (16/10). No Brasil, o longa está previsto para estrear em 22 de outubro. Na mídia americana, Ponte dos Espiões já é considerado um forte candidato ao Oscar de 2016.
A reação da imprensa após a pré-estreia já foi muito positiva. A revista especializada The Hollywood Reporter elogiou, dizendo tratar-se de um "melodrama otimista sobre a Guerra Fria". Por sua vez, o jornal New York Post prognosticou várias indicações ao Oscar. O Independent também reagiu com entusiasmo. A revista Variety enalteceu principalmente a atuação de Mark Rylance, que faz o papel de uma agente do serviço secreto soviético KGB.
Orçado em 40 milhões de dólares, o filme marca o reencontro de Spielberg com Tom Hanks. Os dois trabalharam juntos pela última vez em O Terminal, de 2004.
O elenco também conta com o ator alemão Sebastian Koch, conhecido por sua participação em filmes como A vida dos outros e Operação Valquíria. No ano passado, ele passou semanas filmando em locações originais no país: em Berlim e Potsdam, em Brandemburgo, como também nos estúdios de cinema Babelsberg.
Um diretor entre a ficção e a história
Em sua longa e bem-sucedida carreira, Spielberg já produziu muito medo e terror, com seres cinematográficos fantásticos, como um tubarão branco e dinossauros gigantescos. Ele elaborou criaturas bizarras, mas absolutamente meigas como E.T., mas mostrou também o realismo nas telas: em A lista de Schindler, ele aborda Auschwitz e o Holocausto; em O resgate do soldado Ryan, o avanço dos Aliados sobre a Alemanha nazista.
Em Ponte dos Espiões, os espectadores vão reencontrar esse Spielberg "realista". Mesmo que a história contada pelo diretor possa parecer à plateia de hoje algo inimaginável, ela é baseada em fatos verídicos da Guerra Fria.
Ponte dos Espiõesdescreve o abate de um avião de reconhecimento americano do tipo U-2 por um míssil russo, sobre a União Soviética em 1960. Milagrosamente, o piloto Francis Gary Powers conseguiu se salvar a 20 mil metros de altura. Os acontecimentos se espalharam rapidamente por todas as partes do planeta, tirando o fôlego das pessoas no auge da Guerra Fria.
Sucesso de propaganda soviético
Os americanos já haviam relatado a morte de seu piloto quando os soviéticos, pouco depois, anunciaram ter prendido Powers: um tremendo sucesso de propaganda para os comunistas. Inicialmente, a tentativa de libertá-lo através de negociações fracassou.
É neste ponto que entra o filme de Spielberg. Em Berlim Oriental, o advogado nova-iorquino James B. Donovan (Tom Hanks) entra em contato com autoridades da Alemanha comunista e com agentes russos. Ele se encontra com o negociador alemão-oriental Wolfgang Vogel, interpretado por Sebastian Koch. Finalmente, as negociações são bem-sucedidas, porque a superpotência EUA também tinha algo a oferecer em troca: o superespião soviético Rudolf Abel, que na época se encontrava preso pelos americanos.
Numa memorável permuta de agentes, em 1962, Powers e Abel trocam de lados na Ponte de Glienicke. A partir dali, a ponte se tornou palco de novas trocas. A construção que liga as cidades de Berlim e Potsdam entrou para a histórica como "ponte dos espiões", fato agora consagrado com a produção hollywoodiana.
Passeio pelas ruínas da Alemanha Oriental
Localizado na antiga Berlim Oriental, o antigo parque de diversões Spreepark vira ponto turístico para os interessados pelas ruínas do extinto país. Fechado desde o início dos anos 2000, o local oferece passeios guiados.
Foto: DW/R.Miranda
Viagem no tempo
Uma caminhada pelas instalações abandonadas do antigo parque de diversões Spreepark, em Berlim, é quase uma viagem no tempo. Os brinquedos, como a montanha-russa que é engolida por uma espécie de tigre, estão todos em más condições – muitos enferrujados e com pixações. A situação é tão precária que, durante o passeio organizado pelos administradores, não é permitido caminhar entre os brinquedos.
Foto: DW/R.Miranda
Visita guiada
Por motivos de segurança, todo o percurso é feito num trem de madeira, que dá a volta pelo parque, mostrando o pouco que sobrou das atrações da época em que o país era dividido. Para conhecer o lugar, é preciso fazer uma reserva pela internet no site do parque. O passeio, sempre aos sábados e domingos, às 13h e às 16h, custa 15 euros por pessoa.
Foto: DW/R.Miranda
Driblando a segurança
Mas há aqueles que preferem se aventurar pelas instalações fora do horário de visitação. Na internet há até relatos de invasores que contam em detalhes suas aventuras pelo Spreepark. Nesses sites, os que se recusam a pagar pelo passeio explicam a melhor maneira de pular as cercas e também aconselham sobre quais cuidados tomar para evitar encontros com seguranças e cachorros que guardam o local.
Foto: DW/R.Miranda
Dinossauros e montanhas-russas
Entre as atrações do Spreepark, uma constante são os dinossauros – há estátuas grandes, de plástico duro, espalhadas por quase todo o local. Muitos deles, porém, estão quebrados ou pixados e viraram local de refúgio para bichos.
Foto: DW/R.Miranda
Interesse externo
As pixações e o vandalismo, no entanto, parecem ser os principais atrativos do Spreepark. Para tentar complementar a renda obtida com as visitas guiadas, os administradores também alugam o espaço para quem estiver interessado – desde empresas até fotógrafos interessados em fazer sessões de foto. Em junho de 2013, a banda britânica The XX se apresentou no local. O show teve ingressos esgotados.
Foto: DW/R.Miranda
Abandono e frustração
Localizado no meio da floresta de Plänterwald, o parque foi aberto no final dos anos 60. Administrado pela família alemã Witte, o local chegou a receber mais de 1 milhão de visitantes em seus tempos áureos. Em meados da década de 90, no entanto, o público começou a minguar. Aborrecidos com o fracasso do parque, os donos decidiram fechar o local em 2001.
Foto: DW/R.Miranda
Problemas com as autoridades
Depois de fechar o parque, a família mudou-se para o Peru e levou na bagagem alguns dos brinquedos do Spreepark. Durante a estada no país sul-americano, o patriarca dos Witte sofreu alguns problemas de saúde e acabou se envolvendo com o tráfico de drogas. Em 2003, ele e seu filho foram presos ao tentar contrabandear para a Alemanha mais de 100 quilos de cocaína.
Foto: DW/R.Miranda
Drogas e prisão
A droga estava escondida dentro de uma atração do parque, chamada "O Tapete Voador”. O pai foi preso na Alemanha e sentenciado a oito anos de prisão, tendo sido liberado depois de cumprir quatro anos. O filho, porém, segue detido no Peru, onde foi sentenciado a 20 anos de prisão pelo mesmo crime.
Foto: DW/R.Miranda
Futuro incerto
Desde o fechamento do Spreepark, há muita especulação sobre o que será feito do local. Segundo os administradores do espaço, alguns investidores já manifestaram interesse em assumir o controle do parque. No entanto, até agora nenhum projeto saiu do papel. Recentemente, um anúncio vendendo o local foi postado na internet: os donos pedem pouco mais de 1 milhão de euros pelo espaço.