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ThyssenKrupp, gigante alemã do aço, vai cortar 11 mil postos

25 de novembro de 2024

Conglomerado se junta a outras empresas alemãs, como Volkswagen e Bosch, que vêm promovendo demissões em massa. Sindicato chama decisão de "catástrofe". Fechamento de postos deve pressionar "cinturão da ferrugem" alemão.

Planta da ThyssenKrupp em Duisburg
Planta da ThyssenKrupp em DuisburgFoto: Rupert Oberhäuser/picture alliance

Após Bosch e Volkswagen anunciarem demissões, foi a vez de a divisão europeia de siderurgia do conglomerado industrial alemão Thyssenkrupp AG informar nesta segunda-feira (25/11) que também pretende desligar 11 mil funcionários nos próximos seis anos, reduzindo sua força de trabalho no setor de aço de 27 mil para 16 mil pessoas.

A divisão Thyssenkrupp Steel Europe (TKSE), sediada em Duisburg, no oeste da Alemanha, justificou a decisão citando dificuldades causadas pelo aumento das importações baratas de aço, especialmente da Ásia, que geraram uma "pressão significativa sobre a competitividade".

"São necessárias medidas urgentes para melhorar a produtividade e a eficiência operacional da própria TKSE e para atingir um nível de custo competitivo", apontou um comunicado da empresa.

Os 27 mil empregados da TKSE estão todos concentrados em unidades siderúrgicas da Europa, sendo a maior parte no oeste da Alemanha.

Segundo o comunicado da empresa, cerca de 5 mil empregos em suas operações siderúrgicas europeias devem ser cortados até o final de 2030 por meio de "ajustes na produção e na administração". Outros 6 mil postos devem ser terceirizados ou eliminados completamente com a venda de unidades.

Pressão sobre "cinturão da ferrugem" alemão

O plano ainda inclui o fechamento total de uma siderúrgica na região de Siegerland, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, que emprega cerca de mil pessoas.

Quase metade dos 27 mil postos da TKSE está concentrada na cidade de Duisburg, um centro urbano no "cinturão da ferrugem" alemão que já vinha sendo duramente afetado pela desindustrialização e perda de população nas últimas décadas.

O governador da Renânia do Norte-Vestfália, o conservador Hendrik Wüst, descreveu o anúncio da TKSE na segunda-feira como um "choque para milhares de funcionários e suas famílias" e, mais uma vez, uma má notícia para a Alemanha.

A TKSE informou ainda que planeja reduzir sua capacidade de produção dos atuais 11,5 milhões de toneladas métricas de aço para uma meta futura de 8,7 a 9 milhões de toneladas.

O anúncio não envolve as operações da Thyssenkrupp AG no Brasil, onde o conglomerado atua nas áreas automotiva, naval e química, entre outras. A  Thyssenkrupp emprega 4 mil pessoas na América do Sul. Em 2017, a Thyssenkrupp AG vendeu a usina siderúrgica brasileira CSA após registrar prejuízos recordes.

A ThyssenKrupp AG foi formada em 1999, com a fusão de duas gigantes da siderurgia, a Thyssen e a Krupp, fundadas no século 19 e que ganharam notoriedade pela produção de armamentos na Primeira e Segunda Guerra mundiais e pelo seu envolvimento com o regime nazista (1933-1945).

Sindicato classifica cortes como "catástrofe"

O CEO da TKSE, Dennis Grimm, argumentou que o objetivo da reestruturação é "garantir perspectivas de emprego de longo prazo para o maior número possível de funcionários". "A otimização e a racionalização abrangentes de nossa rede de produção e de nossos processos são necessárias para nos prepararmos para o futuro", disse ele.

"Estamos cientes de que esse caminho exigirá muito de muitas pessoas, especialmente porque teremos que cortar um grande número de empregos nos próximos anos para nos tornarmos mais competitivos", afirmou Grimm.

A empresa disse ainda que espera evitar demissões forçadas e que, em vez disso, pretende reduzir o quadro de funcionários por meio de desligamentos voluntários.

O influente sindicato IG Metall, que representa grande parte da força de trabalho, descreveu o plano como "uma catástrofe" para os funcionários.

Juntamente com as medidas de corte de custos, a Thyssenkrupp AG anunciou que pretende levar adiante um plano para transformar sua divisão de aço em uma empresa totalmente independente. Essa proposta também enfrenta oposição do sindicato. O copresidente do IG Metall, Jürgen Kerner, criticou os planos e afirmou que eles são uma "declaração de guerra" contra a força de trabalho. "O que é necessário agora é um plano ousado para o futuro, e não um corte explicito e sem imaginação."

Atualmente, a holding tcheca EPCG, do empresário Daniel Křetínský, detém uma participação de 20% na ThyssenKrupp Steel, e, segundo a própria empresa, há planos para que ele aumente sua participação para 50%. O sindicalista Kerner afirmou à revista Der Spiegel que a direção da empresa "pretende entregar a TKSE por uma ninharia para Daniel Křetínský".

A ThyssenKrupp AG, cujos produtos vão de aço à fabricação de submarinos, registrou um prejuízo de € 1,5 bilhão no ano fiscal de 2023-24, após perda de € 2 bilhões no ano anterior.

Demissões em massa na Alemanha        

Os planos da Thyssenkrupp se somam a um cenário sombrio na Alemanha nos últimos meses, que vem sendo palco de uma série de anúncios de demissões em massa no setor industrial da maior economia da Europa.

Empresas como a Volkswagen e os fornecedores automotivos ZF Friedrichshafen, o Grupo Schaeffler e a Bosch já anunciaram que pretendem cortar dezenas de milhares de empregos em meio à desaceleração das vendas de carros novos na Europa.

A Volkswagen, por exemplo, planeja fechar pelo menos três fábricas na Alemanha, demitir dezenas de milhares de funcionários e reduzir o tamanho das unidades fabris restantes no país. Já a multinacional alemã de produtos eletrônicos Bosch planeja cortar 5,5 mil empregos.

jps/ra (dpa, DW, ots)

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