Time da "inexistente" Bielefeld é a zebra da vez na Alemanha
Guilherme Becker10 de abril de 2015
Arminia, da terceira divisão, despacha três favoritos e fica a uma vitória da decisão da Copa da Alemanha. Título pode colocar no mapa do futebol a cidade do oeste do país, alvo constante de piadas por "não existir".
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Como na Copa do Brasil, a Copa da Alemanha permite que clubes de menor porte – por vezes desconhecidos – entrem em cena contra as grandes potências do futebol. Muitas das equipes são amadoras, raramente chegam a ter uma partida televisionada. No entanto, de degrau em degrau, os pequenos podem chegar às fases finais.
Como no caso do Arminia Bielefeld, da terceira divisão, que está a um jogo da decisão em Berlim depois de eliminar três clubes da primeira. As chamadas "zebras" podem ocorrer com mais facilidade na Copa da Alemanha. Diferentemente da Copa do Brasil, cada fase do torneio é jogada em partida única, sempre na casa do clube de divisão inferior.
"Não pode, já que não existe"
Nas semifinais desta edição, de um lado estão os finalistas do ano anterior, Bayern de Munique e Borussia Dortmund. Do outro, Wolfsburg e... Arminia? Arminia Bielefeld, da cidade cuja fama é sustentada muito mais devido a uma lenda urbana – que virou brincadeira em todo o país – do que por sediar uma das maiores empresas de produção de alimentos da Alemanha, a Dr. Oetker.
Explica-se: a piada surgiu em 1994, durante uma festa estudantil. Ao conhecer alguém de Bielefeld, um estudante retrucou com a frase "não pode ser verdade". O espanto em forma de brincadeira se deve ao fato de que na época estavam sendo feitas grandes obras nas rodovias de acesso, deixando a cidade de difícil alcance. Posteriormente, um site que brincava com teorias da conspiração espalhou a piada: "Bielefeld não existe".
Tudo o que se refere a Bielefeld, portanto, vira um "não pode, já que não existe". Na verdade, o município de cerca de 320 mil habitantes fica na Renânia do Norte-Vestfália, no oeste do país. E, logicamente, apesar das controvérsias irônicas, existe.
Em campo, em jogos únicos e eliminatórios, o Arminia Bielefeld desbancou três dos principais nomes da atual Bundesliga: Werder Bremen, no tempo normal, Hertha Berlim e Borussia Mönchengladbach, nos pênaltis – sempre jogando em seu estádio, a SchücoArena, que tem capacidade para pouco menos de 30 mil espectadores. É lá que ele tentará surpreender novamente, jogando a semifinal em 29 de abril, diante do Wolfsburg, atual vice-líder do Campeonato Alemão.
Tradição centenária
Na Copa do Brasil não faltam exemplos de "zebras", como o Santo André-SP, campeão em 2004, e o Paulista de Jundiaí, em 2005. Mas a história do Arminia é bem mais forte na elite alemã do que a dos dois brasileiros. Fundado em 1905, o clube já jogou na primeira divisão por 16 temporadas, o que significa que tem mais participações na elite do que times como Freiburg, Hoffenheim, Mainz e Augsburg.
Como um time atado às suas limitações – financeiras e estruturais –, o Arminia Bielefeld tenta manter para a próxima temporada o destaque Fabian Klos, atacante de 27 anos contratado junto ao Wolfsburg, em 2011, e que já marcou 67 gols em 114 jogos pelo clube.
Diferentemente da temporada 1970/1971, quando foi manchete como um dos clubes envolvidos em um esquema de manipulação de resultados, o Arminia busca desta vez estampar as capas dos jornais com a maior conquista da história do clube – maior do que as sete vezes em que subiu da segunda para a primeira divisão, três delas como campeão.
Almeja, no caso, a sua primeira taça a nível nacional envolvendo clubes da elite alemã, uma taça de suma importância para o clube e para o futebol alemão. Um troféu que cravaria de vez o nome da instituição na lista de campeões nacionais. E o nome de Bielefeld, no mapa do país.
As promessas do futebol alemão
A seleção sub-19 da Alemanha também convenceu e conquistou a Eurocopa da categoria, na Hungria. Quem será o próximo Bastian Schweinsteiger ou Mario Götze?
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O artilheiro
O atacante David Selke, do Werder Bremen, chamou a atenção na Eurocopa Sub-19. Ao abrir o marcador na semifinal contra a Áustria, Selke se consolidou na liderança da artilharia do torneio, com seis gols marcados. Na Bundesliga, o jovem de 19 anos de idade atuou em três partidas, mas ainda não balançou as redes. Já na seleção sub-19 alemã, Selke possui a incrível marca de 14 gols em 15 jogos.
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A segunda tentativa
Marc Stendera (e), do Eintracht Frankfurt, passou por um longo período de sofrimento. Por meses, o talentoso meio-campista ficou afastado dos gramados devido ao rompimento do ligamento cruzado do joelho direito. Na Eurocopa Sub-19, Stendera mostrou que está plenamente recuperado e torce agora por uma temporada livre de lesões na Bundesliga.
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O neto de uma lenda
Na temporada passada, Levin Öztunali trocou o Hamburgo pelo Bayer Leverkusen. Na equipe da multinacional do setor químico, o meia participou de nove jogos na Bundesliga. Na Eurocopa Sub-19, Öztunali foi uma das peças fundamentais para a conquista do título. Talvez a resposta esteja nos genes – Öztunali é neto do lendário atacante Uwe Seeler, vice-campeão da Copa do Mundo de 1966.
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O autor do gol do título
A Alemanha conquistou o título europeu sub-19 graças a Hany Mukhtar. O seu gol, aos 39 minutos do primeiro tempo, determinou a vitória por 1 a 0 contra a seleção de Portugal, na final disputada em Budapeste. O meio-campista de descendência sudanesa atua pelo Hertha Berlim e já possui dez participações em jogos do time principal.
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O sonho do capitão
Niklas Stark, do Nürnberg, não é apenas o capitão da seleção como também o organizador da equipe: o zagueiro é responsável pela estabilidade defensiva. Há dois anos, Stark esteve presente quando a seleção alemã perdeu a final da Eurocopa Sub-17, nos pênaltis, para a Holanda. Desta vez, em Budapeste, realizou o sonho de ser campeão europeu.
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A muralha
O goleiro Oliver Schnitzler, que joga pelo VfR Aalen, da segunda divisão da Bundesliga, sofreu apenas dois gols em todo a competição. Na final, Schnitzler evitou o empate de Portugal, aos 23 minutos do segundo tempo, quando venceu o duelo de um contra um com o atacante brasileiro, mas naturalizado português, Marcos Lopes.
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O especialista da defesa
Com 19 anos, Kevin Akpoguma pulou na temporada passada do time reserva para o elenco profissional do Hoffenheim. O lateral-direito também esteve em campo na final perdida para a Holanda na Eurocopa Sub-17, dois anos atrás. Agora Akpoguma volta para o Hoffenheim como campeão europeu e na espera de conseguir a sua primeira participação na Bundesliga.
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Da 3ª divisão ao título europeu
Joshua Kimmich acabou de subir com o RB Leipzig para a 2ª divisão da Bundesliga no final da temporada passada e, de quebra, se tornou campeão europeu sub-19. O volante foi formado na categorias de base do Stuttgart. Agora Kimmich atua em Leipzig, numa equipe financiada por uma empresa produtora de bebidas energéticas, e quer dar o passo seguinte: novo acesso e jogar na primeira divisão.
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Até a Juventus está de olho
Marc-Oliver Kempf (d.) já pôde acumular a experiência de cinco atuações na Bundesliga. Agora Kempf pretende jogar com mais regularidade na elite do futebol alemão. Por isso, o zagueiro optou por deixar o Eintracht Frankfurt e atuar pelo Freiburg na nova temporada. No início da temporada anterior, Kempf recusou uma oferta da poderosa Juventus, da Itália.
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A promessa
Julian Brandt é tido como um dos maiores talentos no futebol da Alemanha. Em 12 participações na Bundesliga, o meio-campista do Bayer Leverkusen já anotou dois gols. Até na Liga dos Campeões Brandt já somou alguns minutos em campo. Com apenas 18 anos, o valor de mercado dele já está avaliado em 5 milhões de euros.