Tipo sanguíneo pode influenciar evolução da covid-19
Gudrun Heise av
19 de junho de 2020
Pacientes do grupo sanguíneo A teriam maior probabilidade de enfrentar quadros graves da doença respiratória, enquanto os do O têm menos risco. Pesquisa analisou dados de infectados na Espanha e Itália.
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Por que alguns indivíduos sequer notam que estão infectados com o vírus Sars-Cov-2, enquanto outros precisam se submeter a tratamento médico e respiração artificial, e no pior dos casos morrem? Devido a esses quadros clínicos tão diversos, é difícil definir quantos realmente contraíram o coronavírus, e quantos já desenvolveram imunidade, o que resulta num número elevado de casos não registrados.
Pesquisadores alemães e noruegueses analisaram a relação entre os diferentes grupos sanguíneos e a evolução do quadro clínico da covid-19, chegando a resultados surpreendentes, publicados nesta quarta-feira (17/06) na revista especializada New England Journal of Medicine.
Para o estudo, foram examinados 1.610 pacientes de covid-19 em estado grave da Itália e Espanha, com quadro de falha respiratória, alguns não tendo sobrevivido. Eles vinham de Milão, Monza, Madri, San Sebastián e Barcelona, epicentros em que a pandemia grassou com especial virulência.
Os cientistas examinaram determinados trechos do DNA dos pacientes onde ocorrem mutações genéticas frequentes. As características constatadas foram comparadas com amostras de sangue de 2.205 indivíduos saudáveis.
O primeiro resultado é que os pertencentes ao grupo sanguíneo A parecem apresentar risco especialmente alto de uma trajetória grave da doença respiratória. A probabilidade de necessitarem oxigênio ou respiração artificial é duas vezes maior do que entre os portadores de grupo sanguíneo O.
Embora não esteja garantido contra uma infecção com o coronavírus, na atual situação, esse grupo pode se considerar bem-afortunado. Os que têm fator Rh negativo são, além disso, doadores universais de sangue. Os grupos A e O são os mais comuns, caracterizando, juntos, mais de 80% das populações ocidentais. O B e AB são bem mais raros, e se situam entre o tipo O e A em termos do risco de desenvolver formas graves de covid-19.
Caso se confirmem, os resultados do estudo também ajudarão no desenvolvimento de diversas terapias medicamentosas. No tocante a outras doenças, estudos científicos já estabeleceram uma correlação semelhante com os grupos sanguíneos.
Sabe-se, por exemplo, que entre os portadores do tipo O são muito raras as formas graves de malária, e seu organismo está bem defendido contra uma evolução rigorosa do quadro. Por outro lado, o grupo A é o mais resistente à peste.
Nas pesquisas sobre os enigmas do coronavírus, até o momento o foco tem recaído sobre os grupos de risco, como portadores de doenças prévias, idosos ou fumantes. Agora os cientistas seguem uma outra pista no labirinto da pandemia.
Vírus por toda parte! Talvez no tomate, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o Sars-Cov-2.
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Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Como todas as infecções por gotículas, o Sars-Cov-2 se propaga por mãos e superfícies tocadas com frequência. Embora seja ainda relativamente desconhecido, os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus.
Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho – se ainda estiver funcionando. Em princípio, coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-Cov-2 por esse meio de transmissão".
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Medo de importados?
Ainda segundo o BfR, os pais não precisam temer um contágio através de brinquedos importados. Até o momento não pôde ser comprovado nenhum caso desses. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta umidade atmosférica.
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Vírus pelo correio?
Em geral, coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e umidade, o BfR considera "antes improvável" um contágio por pacotes de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-Cov-2.
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Pingue-pongue entre cão e dono?
Meu cachorro pode me contagiar e eu a ele? Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excreções.
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Verduras assassinas?
Igualmente improvável é a transmissão do Sars-Cov-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR, não sendo conhecidos casos comprovados. Lavar cuidadosamente as mãos antes do preparar da refeição continua sendo mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
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Longa vida no gelo
Embora os coronavírus Sars e Mers conhecidos até o presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-Cov-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
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Animais silvestres são tabu
Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens. Há fortes indícios de o novo coronavírus ter sido transmitido aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria, certamente contra a própria vontade. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"...