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Tiroteio em escola alemã causa 18 mortes

tim26 de abril de 2002

Nesta sexta-feira (26), ocorreu uma chacina numa escola em Erfurt, no leste da Alemanha. O banho de sangue custou a vida de 18 pessoas.

Drama no ginásio de ErfurtFoto: AP

Às 11 horas de manhã, aproximadamente, o atirador entrou encapuçado no ginásio de Erfurt. Assassinou imediatamente dois professores. Ao ouvir os tiros, o zelador da escola chamou a polícia. Quando os policiais tentaram intervir, um deles foi morto. Finalmente, um comando especial da polícia entrou na escola, às 11h43, encontrando um cenário pavoroso: 18 mortos, no total. Entre eles, 13 professores, uma secretária da escola, duas alunas, um policial e o próprio pistoleiro, que provavelmente suicidou-se. A suposição inicial da polícia de que haveria um segundo atirador não se confirmou após buscas intensas em todo o prédio.

O autor da chacina é um ex-estudante de 19 anos, que tinha sido reprovado nos exames pela segunda vez. No Estado da Turíngia, isso significa o fim antecipado da formação escolar. O seu objetivo parece, portanto, ter sido a vingança. O atirador, armado de espingarda e pistola, atacou uma sala onde se realizava uma prova, começando ali a série de assassinatos. Um grupo de cerca de 20 alunos refugiou-se em uma das salas de aula e pendurou na janela um cartaz com a palavra "Hilfe" ("Socorro"), enquanto outros alunos ligaram de seus celulares, pedindo auxílio. Finalmente, o atirador fechou-se numa sala e cometeu o suicídio.

O comando policial diante do ginásio de ErfurtFoto: AP

Os cerca de 750 alunos da escola, entre 10 e 19 anos de idade, estão em estado de choque. Eles estão sob os cuidados psicológicos de especialistas da polícia. A busca do presumível cúmplice foi suspensa no final da tarde.

Uma ironia do destino foi o fato de o Parlamento alemão ter aprovado, no momento em que ocorria a chacina de Erfurt, uma reforma da lei que regula o porte e a propriedade de armas na Alemanha. As exigências legais para a aquisição de armas de fogo tornam-se, a partir de agora, ainda mais rigorosas do que já eram anteriormente. E a lista de armas brancas, sob proibição completa, foi complementada, por exemplo, com as estrelas de ninjas e punhais do tipo butterfly.

Difícil prevenção

Carros funerários buscam as vítimas da chacinaFoto: AP

Os casos dos atiradores psicopatas continuam sem explicação satisfatória por parte da medicina. Os especialistas têm um quadro muito vago dos distúrbios mentais dos autores de tais chacinas. São, em geral, pessoas com enormes problemas de relacionamento pessoal, com tendência à depressão e à paranóia, sentindo-se perseguidas e ameaçadas. A falta de conhecimento preciso dos sintomas que precedem as matanças torna muito difícil uma prevenção de tais casos.

"As chacinas nunca ocorrem de forma espontânea, elas sempre são precedidas de fatos concretos", afirma o psicólogo Christian Lüttke, de Colônia. Segundo ele, os autores das matanças não conhecem, na sua maior parte, uma estabilidade familiar, nem dispõem de auto-estima. Sua insegurança, seu medo e a sensação permanente de ameaça acabam se transformando em agressão e violência.

Lüttke classifica os casos de chacina em dois tipos. O primeiro é o da vingança pessoal. Foi, por exemplo, o que ocorreu em Freising, perto de Munique, em fevereiro passado, quando um psicopata de 22 anos matou dois ex-chefes e o diretor da sua escola. Também a matança de Erfurt, nesta sexta-feira (26), foi por vingança pessoal. O segundo tipo de chacina é aquele em que atirador mata indiscriminadamente, escolhendo pessoas estranhas como vítimas. Nestes casos, é freqüente uma busca doentia de fama, através dos meios de comunicação de massa.

Violência na mídia

Repórteres na frente do Ginásio Gutenberg, em ErfurtFoto: AP

Os motivos que fazem deflagrar o ato de agressão são distintos de caso para caso, diz Christian Lüttke. Contudo, a apresentação da violência pela mídia, como solução natural dos problemas, pode ser considerada um dos fatores responsáveis pela freqüência cada vez maior das chacinas.

Segundo o psicólogo, os assassinos ficam praticamente num estado de transe durante as matanças, como se estivessem drogados. Eles simplesmente cumprem o papel que tinham idealizado em suas fantasias anteriores. A percepção da realidade e todos os controles sobre impulsos e instintos ficam como que desativados. Tal situação de inconsciência não perdura, em geral, mais que uma hora. Depois disto, o psicopata volta à lucidez e reconhece os danos causados. É, então, o momento do suicídio.

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