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Todos os livros do mundo em um chip

19 de julho de 2016

Pesquisadores holandeses anunciam dispositivo com capacidade de armazenar 500 vezes mais dados que melhor HD hoje disponível. Instalação em celulares e computadores, porém, ainda é considerada realidade distante.

Novo chip desenvolvido por pesquisadores holandeses tem 96 nanômetros de largura e 126 nanômetros de altura
Novo chip tem 96 nanômetros de largura e 126 nanômetros de alturaFoto: picture-alliance/dpa/TU Delft

Quem quiser acessar informações contidas neste chip precisa ter paciência. Quem quiser salvar algo nele também precisa ter paciência. Mas o minúsculo dispositivo apresentado por pesquisadores holandeses na revista Nature Nanotechnology nesta segunda-feira (18/07) consegue algo que nenhum outro já conseguiu: o dispositivo alcançou uma densidade de armazenamento de 500 terabits por polegada quadrada, 500 vezes mais do que o melhor disco rígido atualmente disponível.

"Teoricamente esta densidade de armazenamento permitiria escrever todos os livros que a humanidade já criou num único selo postal", diz o líder do estudo, Sander Otte, na Universidade Técnica de Delft. "É possível compará-lo a um quebra-cabeça deslizante."

Otte e sua equipe desenvolveram o chip com base em átomos de cloro. Eles aproveitaram a capacidade desses átomos de, numa superfície de cobre plana, se organizarem em uma estrutura bidimensional.

Ao disporem menos átomos de cloro do que seria necessário para cobrir toda a superfície, os cientistas provocam o surgimento de lacunas na estrutura. A partir de uma dessas lacunas e de um átomo de cloro, eles formam um bit, a menor unidade de armazenamento digital.

Para poder salvar dados, os cientistas precisam movimentar os átomos, o que fazem com um microscópio de corrente de tunelamento. Operado por um computador, o microscópio desloca os átomos de lacuna para lacuna até que os campos de bits se formem.

Milhares de anos

Por enquanto, a leitura de um bloco de 64 bits salvo no chip dura cerca de um minuto, e para salvar a mesma quantidade de informação no dispositivo são necessários cerca de dois minutos. Além disso, o procedimento só funciona a uma temperatura de -196 °C.

Portanto, caso se tentasse armazenar todos os livros do mundo em um chip do tipo, isso demoraria milhares de anos. Até agora os pesquisadores só armazenaram no dispositivo uma frase: "Há muito espaço lá em baixo." Trata-se de uma referência a uma palestra do físico americano e visionário Richard Feynman, realizada em 1959 e considerada a semente da nanotecnologia.

Ainda vai demorar para que chips de cloro e cobre estejam instalados em computadores e celulares. Otte e seus colegas veem a invenção mais como parte da pesquisa básica, e comemoram o fato de um sistema de armazenamento atômico que funcione ter sido desenvolvido.

LPF/efe/dpa

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