Presidente do STF rebate comentários sobre manipulações nas urnas, após Bolsonaro levantar hipótese de suposta fraude eleitoral. Observadores da OEA acompanharão eleições neste ano.
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, defendeu nesta segunda-feira (17/09) a confiabilidade da urna eletrônica e descartou a hipótese de fraude nas eleições, após o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) divulgar um vídeo no qual cita uma suposta manipulação no processo eleitoral.
"Tem gente que acredita em saci-pererê", afirmou Toffoli, em entrevista coletiva, ao rebater as críticas do presidenciável. "A respeito disso, eu digo apenas que ele [Bolsonaro] sempre foi eleito usando a urna eletrônica", acrescentou.
Internado em São Paulo, após levar uma facada num evento de campanha, Bolsonaro divulgou no domingo um vídeo, no qual sugere a possibilidade de fraude nas urnas para beneficiar o PT. Essa não foi a primeira vez que o candidato critica o processo eleitoral. Na reforma política aprovada em 2015, ele chegou a propor um artigo que determinava a obrigatoriedade do voto impresso.
Sobre as críticas, Toffoli afirmou também que os sistemas das urnas são abertos a auditagem para todos os partidos, candidatos e para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e lembrou que o PSDB, após a derrota no segundo turno em 2014, pediu uma auditoria nas urnas e chegou a conclusão que não houve fraude.
O ministro destacou que pela primeira vez as eleições serão acompanhadas por observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA). "Isso é necessário e importante para acabar com determinadas lendas que possam surgir”, disse.
Na entrevista, o presidente do STF rebateu ainda as críticas de que a Corte atua para conter a Operação Lava Jato. "Em primeiro lugar, o Supremo Tribunal Federal sempre deu suporte à Lava Jato. Vamos parar com essa lenda urbana, com esse folclore, o STF nunca deu uma decisão que parasse a Lava Jato ou outras investigações", afirmou.
O ministro acrescentou que a Corte tem atuado para dar parâmetros legais às investigações e garantir o processo legal. "Quando as investigações se mostram abusivas, elas são, como devem ser, tolhidas pelo Judiciário, que é o que garante direitos individuais e fundamentais", afirmou.
Toffoli assumiu o comando do Supremo Tribunal Federal na última quinta-feira. Ele sucede a ministra Cármen Lúcia na presidência da Corte.
CN/abr/ots
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1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.