Longe de ser um paraíso tropical, país insular na Polinésia é periodicamente abalado por terremotos e outros eventos extremos. Desde a erupção vulcânica recente, Tonga está praticamente isolada do mundo exterior.
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Onde fica o reino de Tonga?
Tonga é um arquipélago do Oceano Pacífico, que se estende por 800 quilômetros e pertence à Polinésia, uma subregião da Oceania. A leste das Ilhas Fidji, ao sul de Samoa e ao norte da Nova Zelândia, compõe-se por 172 ilhas, das quais 36 habitadas. O reino está na área do Círculo de Fogo do Pacífico, um cinturão vulcânico que circunda o oceano em três locais.
Quem vive em Tonga?
Em seus 747 quilômetros quadrados, as 36 ilhas tonganesas habitadas têm uma população de 105 mil. Segundo um recenseamento de 2016, 97% são polinésios, e os demais 3%, chineses, europeus e habitantes de outras ilhas pacíficas.
A população é jovem, com uma idade média de 24 anos (em comparação: na Austrália, por exemplo, o índice é de 38 anos, na Alemanha, de 44 anos). O país dispõe de um sistema de ensino relativamente eficiente, seu índice de alfabetização é de 98%.
A escolaridade é obrigatória até os 12 anos de idade, e os custos da continuação dos estudos são baixos. Junto com 11 outros Estados insulares, Tonga mantém a Universidade do Pacífico Sul. Há também bolsas universitárias para o exterior – onde vivem muitos tonganeses, à busca de melhores salários.
Por que há terremotos periódicos?
Ao longo dos 40 mil quilômetros do Círculo de Fogo do Pacífico, ocorrem terremotos e tsunamis. No relatório de risco mundial de 2021 da ONG Bündnis Entwicklung Hilft, Tonga ocupa o terceiro lugar entre os países com maior risco de um evento natural extremo resultar em catástrofe.
Apenas nos últimos 12 anos, registraram-se três catástrofes naturais. Em 13 de fevereiro de 2010, ocorreu um sismo de 6,3 pontos na escala Richter. Dois dias mais tarde, um ciclone com ventos de até 228 quilômetros horários varreu as ilhas. Em 11 de janeiro de 2014, uma intempérie voltou a devastar a região, atingindo em especial o grupo de ilhas Ha‘apai e sua capital Lifuka.
Em 14 de janeiro de 2022, o vulcão submarino Hunga Tonga-Hunga Ha‘apai, periodicamente ativo, irrompeu mais uma vez, desencadeando um maremoto, classificado como o mais forte dos últimos 30 anos.
Qual é o efeito das mudanças climáticas sobre Tonga?
Com clima tropical, o arquipélago apresenta, a grosso modo, duas estações anuais: uma fase quente e úmida, de dezembro até abril, e uma menos chuvosa entre maio e novembro. A elevação do nível do mar, provocada pela mudança climática, e o incremento de ciclones, inundações, erosão de costas e das precipitações pluviais contam entre as mais graves ameaças existenciais e ambientais para Tonga.
Segundo a Sociedade Alemã para Cooperação Internacional (GIZ, na sigla original) e o portal do clima do Banco Mundial, os eventos meteorológicos extremos se intensificarão ainda mais nas próximas décadas, agravados pelos danos ambientais do desmatamento para utilização agrícola, da poluição industrial e da eliminação de lixo.
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De que vive Tonga?
Tonga é classificada pelo Banco Mundial como lower middle income country (país de renda média-baixa, MIC), grupo das nações com renda per capita entre 1.036 e 12.535 dólares. Os acontecimentos mais recentes, contudo, puseram em crise a economia do arquipélago.
O turismo, sua segunda maior fonte de divisas, está praticamente paralisado devido à pandemia de covid-19 e às restrições rigorosas às viagens. A agricultura – tradicionalmente forte, responsável por quase um quinto do PIB – está sujeita à meteorologia e às oscilações de preços no mercado mundial. No momento, os principais produtos de exportação são baunilha e peixe.
De grande importância para a economia do reino são as remessas bancárias dos tonganeses que vivem no exterior, sobretudo na Nova Zelândia, Havaí e Austrália. Além disso, recebe ajuda humanitária internacional – cuja cifra oficial em 2017 foi de 80,3 milhões de dólares líquidos, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Quem governa Tonga?
Desde 1875 Tonga é uma monarquia constitucional hereditária, e em 1970 se tornou independente do Reino Unido. Em novembro de 2010, pela primeira vez a maioria dos membros parlamentares foi eleita por voto popular direto. Desde 15 de dezembro de 2021, o governo do país é encabeçado pelo primeiro-ministro Siaosi Sovaleni, eleito pelo Parlamento e nomeado oficialmente pelo rei Tupou 6º.
Tonga é membro independente da Commonwealth of Nations (comunidade de 54 nações, a maioria ex-colônias britânicas) e, desde 1999, também das Nações Unidas. O país está, ainda, associado à Alemanha por um "pacto de amizade duradouro" assinado em 1876, durante o reinado de Tupou 1º, e renovado em 1977 pelo governo da República Federal da Alemanha.
O poder de destruição da natureza
Água, vento, fogo ou gelo: grandes desastres naturais causam mortes por todo mundo, afetando a vida de milhões de pessoas. Confira algumas das catástrofes naturais registradas no último século.
Foto: Getty Images/AFP/J. Barret
Enchente na China em 1931 pode ter matado até 4 milhões de pessoas
Em 1931, a cheia dos rios Amarelo, Pérolas, Yangtzé e Huai devastou parte da China. A enchente, que durou de julho a novembro, inundou mais de 88 mil km² e deixou outros 21 mil km² parcialmente inundados. Não há registro exato do número de mortos, mas estima-se que de 1 milhão a 4 milhões de pessoas morreram em decorrência da tragédia e de seus efeitos secundários, como a fome.
Foto: picture-alliance/AP Images
Por falta de aviso à população, ciclone mata pelo menos 300 mil em Bangladesh
Em novembro de 1970, o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) esteve no caminho do ciclone Bhola. Meteorologistas disseram ter previsto a tempestade, mas que não havia meios de comunicar o risco à população. Como resultado, ao menos 300 mil pessoas morreram – algumas estimativas chegam a meio milhão de mortes. Em 1991, Bangladesh foi atingido por outro ciclone, que deixou cerca de 138 mil mortos.
Foto: Getty Images
Terremoto acaba com cidade na China
A cidade industrial de Tangshan, na China, foi arrasada por um terremoto de magnitude 7,6 em 28 de julho de 1976. Em minutos, a cidade praticamente deixou de existir, com o colapso da maioria dos prédios. O abalo sísmico matou 242 mil pessoas, segundo o governo chinês – o recorde entre os terremotos ocorridos no século 20.
Foto: Imago/Xinhua
Erupção riscou cidade colombiana do mapa
O vulcão Nevado del Ruiz, na Cordilheira dos Andes, riscou do mapa a cidade de Armero, em 13 de novembro de 1985, na Colômbia. Uma erupção provocou um degelo, formando uma avalanche de lama e cinza vulcânica que atingiu um raio de 100 km, matando mais de 23 mil pessoas, entre elas, Omayra Sánchez, de 12 anos, que agonizou por 60 horas em frente às lentes do mundo todo sem possibilidade de resgate.
Foto: AP
Diretor de cinema e equipe soterrados por avalanche
Uma avalanche acima do povoado de Nizhny Karmadon, na Rússia, deixou 127 mortos em 20 de setembro de 2002 – entre eles o ator e diretor russo Serguei Bodrov Jr. e a equipe de 24 pessoas que filmavam no local no momento do desastre. Acredita-se que a tragédia tenha sido causada por um pedaço de uma geleira que se soltou das montanhas do Cáucaso e rolou em direção ao vilarejo.
Foto: AP
Mais de 230 mil mortes um dia depois do Natal
Em 26 de dezembro de 2004, um maremoto no Oceano Índico com intensidade 9.1 na escala Richter causou ondas de até 30 metros de altura, que devastaram regiões de 13 países, deixando quase dois milhões de desabrigados e ao menos 230 mil mortos. Somente na província indonésia de Acé morreram 170 mil pessoas.
Foto: Pornchai Kittiwongsakul/AFP/Getty Images
Furacão rompe barragens e deixa cidade debaixo da água nos EUA
Um dos furacões mais conhecidos da história dos Estados Unidos teve efeitos devastadores em Nova Orleans, na Luisiana. Ocorrido em 2005, o Katrina matou cerca de 1.800 pessoas, fez com que 250 mil perdessem suas casas e provocou danos estimados em cerca de 108 bilhões de dólares. Barragens se romperam, deixando 80% da cidade debaixo da água e arrancando até mesmo caixões das sepulturas.
Foto: AP
Ciclone devasta Myanmar e deixa pelo menos 140 mil mortos
O ciclone Nargis afetou, entre outros países, Índia, Sri Lanka, Laos, Bangladesh e, principalmente, Myanmar com sua fúria de categoria 4, em 2 de maio de 2008. Estatísticas apontam que 140 mil pessoas morreram, mas o número real pode ser próximo de um milhão de vítimas.
Foto: IFRC/dpa/picture alliance
Um terço da população afetada por terremoto no Haiti
Não bastasse ser o país mais pobre da América, em 12 de janeiro de 2010 um terremoto de magnitude 7 na escala Richter destruiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, deixando cerca de 220 mil mortos e 1 milhão de desabrigados. Entre as vítimas estava a fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns. Estima-se que 3 milhões de pessoas, quase um terço da população, tenham sido afetadas.
Foto: C. Somodevilla/Getty Images
Enxurrada e deslizamentos matam mais de 900 no Rio de Janeiro
O Brasil não costuma ser assolado por desastres naturais como terremotos e tsunamis. Porém, entre 11 e 12 de janeiro de 2011, uma sequência de chuvas fortes atingiu a região serrana do Rio de Janeiro, causando uma grande enxurrada e vários deslizamentos de terra, com soterramento de casas. O desastre provocou mais de 900 mortes em sete cidades e afetou mais de 300 mil pessoas.
Foto: AP
Tsunami provoca derretimento de reatores e acidente nuclear no Japão
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 seguido de um tsunami causou danos devastadores no Japão. A catástrofe matou pelo menos 16 mil pessoas. Na usina nuclear de Fukushima, os núcleos de três dos seis reatores derreteram, causando o pior acidente atômico desde Chernobyl, em 1986. O tsunami fez com que quase 300 espécies marinhas viajassem através do Pacífico até o litoral dos EUA.
Foto: AP
Dezenas de mortos cercados pelo fogo em estrada de Portugal
Uma onda de calor causou vários incêndios em Portugal em junho de 2017. Ao menos 61 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um deles, que atingiu a vila de Pedrógão Grande. Corpos de 30 pessoas foram encontrados dentro de veículos, em uma estrada que foi cercada pelo fogo. Mais de 800 bombeiros trabalharam para extinguir as chamas, com a ajuda de cinco aviões.
Foto: Reuters/R. Marchante
Onda de calor deixa 70 mil mortos na Europa
Embora os brasileiros estejam acostumas e preparados para temperaturas que frequentemente chegam a 40°C, a Europa não costumava, até alguns anos, enfrentar esse tipo de problema. Mas uma onda de calor atingiu o continente no verão de 2003, provocando a morte de cerca de 70 mil pessoas – na Alemanha foram 7 mil mortes. Na foto acima, o rio Reno em Düsseldorf.