Top 5 – Cinco tipos de lixo
23 de março de 2013Os números da reciclagem no Brasil indicam que ainda há muito trabalho a ser feito. O país recicla apenas 1,4% de todo o lixo que produz e manda 0,8% dos resíduos orgânicos para a compostagem, de acordo com a Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP). Mas o problema maior está não está em convencer os brasileiros a separar o lixo.
Embora os dados não sejam recentes, a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que um em cada três lares do país separa o lixo biodegradável daquele que não é. No entanto, o mesmo estudo indica que apenas 40% desse resíduo é coletado de forma seletiva quando chega à rua. Dados da ABLP dão conta ainda de que o Brasil tem 4 mil lixões, e apenas de 30% a 40% do lixo coletado é depositado em aterros sanitários adequados.
Na Europa o panorama é diferente, e a reciclagem se transformou em negócio. Durante o Seminário Internacional de Engenharia em Saúde Pública, no mês de março, em Lisboa, foram apresentados números expressivos. O setor de reciclagem emprega atualmente 2 milhões de pessoas e movimenta 145 bilhões de euros por ano, o equivalente a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia.
Mas cada setor produtivo gera diferentes tipos de resíduo, e o material de descarte segue um caminho diferente do lixo doméstico.
1. Industrial
Os resíduos da cadeia produtiva são variados e apresentam um alto grau de toxidade, exigindo tratamentos diferentes, os quais envolvem todo o tipo de material que é dispensado no processo produtivo. Podem ser gases, cinza, lodo, óleo, resíduos alcalinos ou ácidos, plástico, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escória, vidro, cerâmica. Resíduos da contrução civil também são comumente inseridos nesta categoria.
Dados do departamento de Resíduos Sólidos do Ministério do Meio Ambiente indicam que o Brasil recicla apenas 13% dos resíduos industriais. Esse fraco desempenho resulta em desperdício. O país deixa de economizar R$ 8 bilhões por não aproveitar todo o potencial de reciclagem das cadeias de vidro, plástico, papel, metais e alumínio.
2. Agrícola
Em algumas áreas do setor agrícola, os números do desempenho nacional são mais animadores. Dados de dezembro de 2012 apresentados pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) informam que 94% das embalagens que entram em contato direto com os produtos químicos usados na agricultura são retiradas do campo e recebem destinação adequada.
A lista de exigências para o manejo dessas embalagens é grande, e poucas empresas têm a certificação exigida para reciclar esse tipo de plástico. Na maior parte dos casos, o material é transformado em conduítes, usados para revestir cabos elétricos na construção civil. Além dos adubos e fertilizantes, também fazem parte dessa categoria os dejetos da produção animal, ração e restos de colheitas.
3. Hospitalar
O lixo produzido por hospitais, clínicas, laboratórios, ambulatórios, consultórios odontológicos, farmácias, clínicas veterinárias e postos de saúde é altamente contaminante. Sua coleta e manejo precisam ser feitos por empresas especializadas. Material utilizado na área da sáude, como seringas, agulhas, bisturis, ampolas ou mesmo resíduos orgânicos de origem hospitalar, não pode ser misturado a outro tipo de lixo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece diferentes categorias para o resíduo produzido na área de saúde – cerca de 1% a 3% do lixo urbano produzido no Brasil – e boa parte do material, especialmente o perfurante, é incinerada. Equipamentos modernos facilitam o trabalho: uma tecnologia de incineração desenvolvida por uma empresa italiana pode transformar o material de origem hospitalar em uma espécie de serragem, mas nem todos os hospitais dispõem do equipamento.
Além disso, remédios sem uso ou com prazo de validade vencido também podem representar um risco para o meio ambiente, já que são geralmente descartados com o lixo doméstico comum. Dessa forma, oferecem o risco de envenar acidentalmente crianças e adultos e contaminam a água.
4. Material Radioativo
O manejo inadequado de uma parte de um equipamento usado para o tratamento de radioterapia, econtrado por catadores em Goiânia, em 1987, matou quatro e contaminou cerca de 122 mil pessoas. Foi o pior acidente nuclear do Brasil, categorizado na escala 5 da Agência Internacional de Energia Atômica, em números que vão de zero a 7. O lixo radioativo é produzido especialmente por usinas nucleares, na produção e desmontagem de armas nucleares e por equipamentos médicos.
Entidades ambientais protestam contra o uso de energia nuclear, defendida por especialistas como mais limpa por não emitir gases do efeito estufa. O Greanpeace publicou um relatório em que contradiz essa informação: afirma que a cadeia produtiva da energia nuclear emite mais gases do que fontes de energia renovável.
Depois do acidente nuclear de Fukushima, no Japão, investigações apontaram falhas em quase todas as usinas nucleares da Europa, e países como a Alemanha trabalham para mudar a matriz energética, priorizando fontes renováveis.
5. Lixo Eletrônico
A cidade de Guiyu, na China, é um exemplo negativo da carga ambiental provocada pelo lixo eletrônico. O avanço cada vez mais veloz da tecnologia promove um sucateamento constante de aparelhos elétricos e eletrônicos, criando montanhas de lixo que podem conter elementos químicos altamente contaminantes. Cerca de 50 milhões de toneladas de e-lixo são produzidas todos os anos no mundo e, entre os países chamados emergentes, o Brasil aparece no topo da lista dos produtores desse tipo de resíduo.
O maior perigo do lixo eletrônico é a contaminação por metais pesados, como mercúrio e chumbo. Para não poluir, os equipamentos precisam ser desmontados da forma correta, e cada componente precisa ser separado conforme a sua composição.
Um tratado internacional, a Convenção de Basileia, assinada em 1989, regulamenta o transporte de resíduos considerados perigosos. Mas 80% de todo o lixo eletrônico produzido pelos países ricos do mundo ainda vai parar nos países pobres.