Torcedores apoiam Boateng contra comentário racista
Mark Hallam (tam)30 de maio de 2016
"Jérôme, seja nosso vizinho!" Amistoso Alemanha x Eslováquia tem faixa em resposta a político ultradireitista do AfD, segundo o qual muitos no país não quereriam o jogador negro morando por perto.
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Populista de direita nega ter se referido a Boateng
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A criatividade entrou em campo neste domingo (29/05), no amistoso entre Alemanha e Eslováquia, em Augsburg. Com faixas dizendo "Seja nosso vizinho" e "Vem mudar aqui para o lado", os torcedores fizeram um bem-humorado protesto ao comentário do político populista de direita Alexander Gauland sobre o zagueiro Jérôme Boateng.
O semanário Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung citou uma declaração do líder estadual do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) afirmando que "as pessoas" acham o defensor do Bayern de Munique – filho de mãe alemã e pai ganês, e nascido em Berlim – um bom jogador de futebol, "mas não querem ter um Boateng como vizinho".
Após a declaração vir a público, Gauland afirmou não ter feito, "em nenhum momento", qualquer comentário pessoal sobre o jogador, que nunca encontrou. No que denominou uma "discussão de fundo", ele teria apenas questionado a atitude do público em relação a Boateng, referindo-se hipoteticamente ao modo de pensar "de algumas pessoas". O Frankfurter Allgemeine afirma ter gravado a declaração.
Por sua vez, os torcedores deixaram claro que preferem ter como vizinho o campeão do mundo, ao advogado ultradireitista Gauland, de 75 anos, que cresceu ao leste da Cortina de Ferro.
Em sua conta em alemão no Twitter, a Uefa, que promove a campanha "Não ao racismo", publicou a foto de um torcedor mirim negro e um branco se abraçando, sobre a legenda "Vizinhos no #GERSVK" (sigla para "Alemanha x Eslováquia", em inglês).
Muitos jogadores de origem estrangeira
Antes da partida em Augsburg, o capitão do Schalke, Benedikt Höwedes, postou uma série de fotografias em que ele e Boateng aparecem juntos no gramado ao longo dos anos, com o comentário: "Se você quer conquistar títulos para a Alemanha, precisa de vizinhos como ele."
Após o intervalo do jogo, o volante e capitão da seleção da Alemanha Sami Khedira passou a braçadeira a Boateng. Na sequência, Boateng foi para o banco, substituído no segundo tempo por Höwedes. O time perdeu para a Eslováquia por 3 a 1.
Frauke Petry, presidente do partido AfD – que vem ganhando espaço nas últimas eleições estaduais da Alemanha – tentou restringir os danos, escrevendo no Twitter: "Jérôme Boateng é um jogador de qualidade e merecidamente parte da seleção nacional alemã. Estou ansiosa pela Eurocopa."
Boateng é um entre muitos jogadores alemães de origem estrangeira. As famílias de Ilkay Gündogan, Emre Can e Mesut Özil vêm da Turquia; Shkodran Mustafi da Albânia; Mario Gómez da Espanha; Leroy Sane da França; Antonio Rüdiger tem raízes em Serra Leoa; Karim Bellarabi no Marrocos, e assim por diante.
O novo museu alemão do futebol
A Federação Alemã de Futebol construiu um templo para si em Dortmund, ao custo de mais de 30 milhões de euros. Relíquias e um complexo multimídia apresentam uma minuciosa história do esporte no país.
Foto: DFM
36 milhões de euros
Foram precisos 36 milhões de euros, 800 toneladas de aço e nove anos de trabalho. O Museu Alemão do Futebol (Deutsches Fussballmuseum) vai dar um toque tricolor no antes sombrio centro de Dortmund.
Foto: Getty Images/Bongarts/C. Koepsel
A bola do primeiro título
Esta bola conseguiu esses arranhões na partida entre a Alemanha Ocidental e a Hungria, em 1954. À época, a Alemanha possuía três seleções – a ocidental, a oriental e do Protetorado do Sarre. Todos foram obrigados a ficar de fora da Copa de 1950 por causa das sanções pós-Segunda Guerra. O ano de 1954 marcou a volta dos alemães ao cenário esportivo – e o primeiro título mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
O milagre de Berna
O "milagre de Berna" faz um tributo aos homens que conquistaram a primeiro Copa para a Alemanha, em 1954. E também ajuda a perceber como os corpos dos jogadores mudaram nas últimas décadas.
Foto: DFM
Pouco espaço para as mulheres
O intervalo de jogo chega cedo ao museu. Além de itens curiosos, como bagagens das antigas seleções, o museu reserva uma área para a discussão sobre o futebol no Terceiro Reich e na antiga Alemanha Oriental. O futebol feminino, apesar do sucesso da seleção alemã, conta com pouco espaço no museu.
Foto: DFM
Planeta futebol
Com quatro metros de diâmetro, essa bola gigante iluminada serve de ícone da Federação Alemã de Futebol e da sua seleção nacional. Na sua superfície, são exibidas imagens de partidas gloriosas da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
A câmara do tesouro
Após acompanhar cenas do último título mundial da Alemanha, o visitante se depara com "a câmara do tesouro" - a sala de troféus com réplicas de todas as grandes conquistas da seleção alemã.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
Como no estádio
O visitante que adentrar o espaço de exibição do museu não vai encontrar nenhum lugar para sentar-se e aproveitar os espaços multimídia. Ele pode parar um pouco nessas cadeiras semelhantes às encontradas nos estádios, mas vai ter que aguentar um passeio de carrossel - conforme as poltronas giram - e assistir a vídeos que reproduzem trapalhadas registradas no futebol alemão
Foto: DFM
Jogos inspirados no jogo
Os seus instintos futebolísticos são páreo para essas perguntas e respostas apresentadas por essas máquinas? Essa parte mais interativa do museu ainda vale a visita.