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PolíticaItália

Torturador uruguaio é preso na Itália

10 de julho de 2021

Ex-capitão de 75 anos foi condenado à prisão perpétua por participação na morte e tortura de dissidentes no âmbito da Operação Condor, a aliança de ditaduras da América do Sul que atuou nos anos 70 e 80.

Italien Nestor Jorge Fernandez Troccoli
O ex-capitão foi processado na Itália pelo desaparecimento e morte de 25 pessoas, incluindo 20 cidadãos uruguaios e 5 ítalo-uruguaios.Foto: Pasquale Stanzione/ANSA/dpa/picture alliance

O ítalo-uruguaio Jorge Troccoli, um ex-capitão da Marinha que participou da Operação Condor, a aliança de ditaduras do Cone Sul nas décadas de 1970 e 1980, foi preso neste sábado (10/07) no sul da Itália, informaram fontes judiciais.

"Trocoli foi detido e está na prisão de Fuorni, Salerno, no sul da Itália", dissea advogada Alicia Mejía, que representa algumas das vítimas do repressor sul-americano.

Na sexta-feira, um Tribunal de Roma confirmou a sentença à prisão perpétua para 14 repressores sul-americanos, incluindo Troccoli, de 74 anos, que viveu na Itália por vários anos. Ao todo, 11 militares uruguaios e três chilenos acusados pela morte de cidadãos italianos e sul-americanos durante a Operação Condor foram condenados.

"O meu cliente ia se entregar. Estava à espera do resultado de uma série de exames médicos em razão de algumas patologias que sofre há muito tempo. Na véspera esteve no hospital de Battipaglia para fazer alguns exames. Vários agentes o levaram para o quartel e depois para a prisão", disse seu advogado, Francesco Saverio Guzzo.

"A prisão de Troccoli mostra que o Estado está executando as sentenças", comentou Jorge Ithurburu, presidente da organização de defesa dos direitos humanos 24Marzo. "Troccoli ainda não contou onde estão os corpos de suas vítimas, ele ainda pode", completou Ithurburu.

O ex-capitão foi processado na Itália pelo desaparecimento e morte de 25 pessoas, incluindo 20 cidadãos uruguaios e 5 ítalo-uruguaios.

Um total de 21 militares e policiais do Uruguai, Bolívia, Peru e Chile, que participaram de operações entre as ditaduras sul-americanas para sequestrar e executar dissidentes, foram processados e condenados na Itália em 2019.

Julgamento

Na audiência realizada na sexta-feira, eram 20 os indiciados, mas foi constatada a morte de três réus e foi realizado um pedido de esclarecimento sobre a situação de outros três peruanos: o ex-presidente Francisco Morales Bermúdez e os militares Germán Ruiz Figueroa e Martín Martínez Garay.

Por essa razão, o Supremo decidiu apenas o caso de 11 repressores uruguaios e três chilenos, todos eles, exceto Troccoli, condenados à revelia.

Operação Condor uniu ditaduras da América do SulFoto: Biblioteca da Presidência da República

O caso dos três réus peruanos será estudado em outro processo perante a Suprema Corte italiana.

Os uruguaios são Troccoli, José Ricardo Arab Fernández, Juan Carlos Larcebeau Aguirregaray, Pedro Antonio Mato Narbondo, Ricardo José Medina Blanco, Ernesto Abelino Ramas Pereira, José Sande Lima, Jorge Alberto Silveira Quesada, Ernesto Soca, Gilberto Vázquez Bissio e Juan Carlos Blanco.

Os ex-soldados Luis Alfredo Maurente Mata e José Horacio "Nino" Gavazzo também já morreram. O mesmo aconteceu com outros dois réus bolivianos que faziam parte inicialmente do processo, o ex-presidente Luis García Meza Tejada e seu ministro do Interior, Luis Arce Gómez.

Há uma semana, a Justiça italiana já havia ratificado a prisão perpétua de três ex-soldados chilenos que não recorreram: o coronel Rafael Ahumada Valderrama, o suboficial Orlando Moreno Vásquez e o brigadeiro Manuel Vásquez Chauan.

jps (AFP, EFE, ots)

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