TPI condena jihadista a pagar por destruição em Timbuktu
17 de agosto de 2017
Tribunal em Haia considera extremista responsável por danos a mausoléus em 2012, em área do Mali considerada patrimônio mundial da humanidade pela Unesco.
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O Tribunal Penal Internacional (TPI), baseado em Haia, condenou nesta quinta-feira (17/08) o extremista muçulmano Ahmad al-Faqi al-Mahdi a pagar uma indenização de 2,7 milhões de euros pela destruição de mausoléus em Timbuktu, no norte do Mali, em 2012.
"O tribunal ordenou indenizações individuais, coletivas e simbólicas, reconhecendo que a destruição de edifícios protegidos atingiu os interesses das populações do Mali e da 'comunidade internacional'," disse o juiz Raul Cano Pangalangan na leitura da acusação.
Em comunicado, os juízes também destacaram a importância do patrimônio cultural, cujo propósito e simbolismo lhe conferem valores únicos e sentimentais. "Sua destruição traz uma mensagem de terror e desamparo", concluíram.
Porém, diante da condição de pobreza do condenado, o que impossibilita o pagamento dos reparos, os juízes estabeleceram a criação de um fundo fiduciário para as vítimas a fim de complementar a reparação dos danos. O TPI ordenou ainda que um pedido de desculpas de Mahdi fosse genuíno, categórico e empático.
Em setembro do ano passado, Mahdi já havia sido condenado a nove anos de prisão por ter provocado os ataques contra a porta da mesquita Sidi Yahia e a outros nove mausoléus da cidade, algo apontado pelo TPI como crime de guerra.
Considerados patrimônio mundial da humanidade pela Unesco, os locais em questão datam dos anos dourados do Mali, no século 14, quando a cidade servia de entreposto comercial e centro do islamismo sufista, um ramo da religião visto como idólatra por alguns grupos muçulmanos linha-dura.
Nascido em 1975, Mahdi foi membro do grupo extremista Ansar Dine, que controlou o norte do Mali durante dez meses em 2012. A organização criminosa foi desmembrada após a intervenção militar internacional comandada pela França em 2013.
IP/rtr/lusa/dpa
Os tesouros arqueológicos de Palmira
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".