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TPI inicia julgamento de ex-presidente da Costa do Marfim

28 de janeiro de 2016

Tribunal Penal Internacional acusa Laurent Gbagbo de crimes contra a humanidade cometidos durante guerra civil no país africano. Trata-se do primeiro chefe de Estado a ser julgado na corte em Haia.

Elfenbeinküste Präsident Laurent Gbagbo
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kooren

O julgamento do ex-presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, foi iniciado nesta quinta-feira (28/01) no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia. O africano, que é o primeiro chefe de Estado a ser julgado pelo TPI, se declarou inocente.

Ele é alvo de quatro acusações de crimes contra a humanidade, que incluem assassinatos, estupros e perseguições cometidos durante a guerra iniciada em 2011 na Costa do Marfim, onde mais de 3 mil pessoas morreram.

Gbagbo se recusou a deixar a presidência após a vitória de seu rival Alassane Ouattara nas eleições de 2010, desencadeando uma guerra civil entre os apoiadores dos dois políticos, que apenas terminou após a intervenção da França – país que colonizou a Costa do Marfim.

Junto com Gbagbo, de 70 anos, é julgado o ex-chefe de milícias Charles Blé Goude, de 44 anos. Este também alegou inocência e disse não reconhecer as acusações de crime contra a humanidade.

A promotora Fatou Besounda afirmou que Gbagbo e pessoas próximas a ele agiram contra muçulmanos e membros de outras etnias que teriam supostamente apoiado Ouattara.

"A Costa do Marfim sucumbiu ao caos e foi sujeita a atos de violência indescritível", afirmou. "Gbagbo jamais cogitou deixar o poder", disse a promotora, em meio a protestos dos apoiadores do ex-presidente presentes nas galerias.

Centenas de pessoas protestaram em frente ao tribunal, em defesa do ex-presidente. Alguns sustentam que ele foi vítima da interferência neocolonial da França e acusam os promotores de ignorar os crimes cometidos do lado de Ouattara.

Em 2015, a esposa do ex-presidente, Simone Gbagbo, foi condenada a 20 anos de prisão por sua atuação na crise que assolou o país africano logo após as eleições de 2010.

O julgamento, que deve durar vários meses, é considerado uma prova de fogo à credibilidade do TPI. O tribunal foi alvo de críticas pelo fracasso ao tentar levar à Justiça o ex-presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, em meio à intensa pressão de lobbys diplomáticos quenianos e seus aliados na África.

Até hoje, o TPI conseguiu apenas duas condenações, ambas contra líderes de milícias africanas pouco conhecidos. Na quarta-feira, o Tribunal abriu uma investigação sobre a guerra entre a Rússia e a Geórgia em 2008.

RC/rtr/afp

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