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Três países africanos na rota do presidente alemão

Ute Schaeffer (lk)2 de abril de 2006

Na política externa, Horst Köhler dá especial atenção à cooperação com a África. Presidente alemão visita Moçambique, Madagáscar e a Botsuana.

Interesse pela África: presidente Horst KöhlerFoto: picture-alliance / dpa/dpaweb

Os países para os quais Horst Köhler parte neste domingo (02/04), em sua segunda viagem à África como presidente da Alemanha, são tidos como exemplos de sucesso num continente que costuma ocupar as manchetes em função de suas crises, guerras e catástrofes.

Moçambique (de 3 a 6 de abril), Madagáscar (de 6 a 9) e a Botsuana (de 9 a 12) conseguiram romper o círculo vicioso de miséria, doenças e educação deficiente que aprisiona muitos países africanos. A África não é apenas um continente de crises, mas também capaz de proporcionar à Europa exemplos dignos de ser seguidos – esta é uma convicção profunda de Köhler.

"A África precisa encontrar seu caminho"

Anatnanarivo, a capital de MadagáscarFoto: AP

Como diretor executivo do Fundo Monetário Internacional, Horst Köhler esteve seis vezes no continente africano, observou os esforços em prol de reformas políticas e econômicas. A intenção do presidente alemão não é apresentar receitas prontas; tampouco ele o fez em sua primeira viagem ao continente nesta função em dezembro de 2004, quando visitou a Serra Leoa, Benin e a Etiópia.

"O que nós não podemos de jeito nenhum é – vindo de fora, com ajuda ou com dinheiro – impor aos africanos as nossas noções de mundo", declarou Köhler na ocasião durante o vôo de volta. "É claro que a África tem uma história trágica, com a escravidão, o colonialismo, o conflito entre o Oriente e o Ocidente; mas a África também tem sua cultura própria." Para se desenvolver, o continente teria de encontrar seu próprio caminho. "Não podemos de jeito nenhum exportar nossas idéias para lá."

Soluções próprias

Os países que o presidente alemão visita desta vez servem de exemplo nesse sentido, em especial a Botsuana. Considerada a "Suíça africana", a Botsuana não depende de ajudas financeiras do exterior e é considerada modelo de uma política de reformas persistente.

Mina de diamantes na BotsuanaFoto: DPA

Graças aos diamantes – a Botsuana produz um terço de todos os diamantes do mundo – o país, com a extensão da França e 1,7 milhão de habitantes, tem o mais alto Produto Interno Bruto do continente. Os lucros provenientes dessa riqueza são aplicados em infra-estrutura e benefícios sociais, em estradas e escolas – e no combate à aids, que representa um risco para os avanços sociais, econômicos e políticos.

De cada dez adultos em Botsuana, quatro são soropositivos. Para prevenir da melhor maneira a catástrofe iminente, o governo destina 12% do orçamento anual ao sistema de saúde e um terço, à educação.

O caminho das reformas, seguido pela Botsuana com sucesso já há anos, é uma trilha nova no caso de Moçambique e de Madagáscar. A este último país, a Alemanha destina entre 2005 e 2006 16,5 milhões de euros a título de cooperação para o desenvolvimento. O fomento destina-se em especial a projetos ambientalistas e de preservação dos recursos naturais.

No combate à pobreza, o país tem avançado pouco: mais de dois terços dos 18 milhões de malgaxes precisam sobreviver com menos de um dólar por dia.

Maputo, a capital de MoçambiqueFoto: P. Reategui

Moçambique, onde se inicia a viagem de Köhler, depende ainda da ajuda de mais de duas dezenas de países, mas sua economia é tida como a que mais cresce na África, com uma previsão de 7% para este ano. Para projetos no setor da educação, do desenvolvimento rural e da reforma agrária, a Alemanha destina 70 milhões de euros.

O grande desafio de Moçambique é diversificar sua economia, na qual – com exceção de projetos de maior porte bancados quase sempre por investidores sul-africanos – predominam os pequenos agricultores, pescadores e artesãos.

Questão de dignidade

Pacíficos e democráticos – esses adjetivos podem ser atribuídos aos três países que Köhler visita. E por isso ele os considera bons exemplos. Köhler não quer saber de ouvir falar em "continente perdido". Ele está convicto de que a ajuda externa é necessária, mas que a democracia que nasce de dentro é uma precondição para transformações no continente. E, também neste ponto, os três países são exemplares.

Levar a África a sério, atribuir ao continente a relevência que lhe cabe – essa é a missão política de Horst Köhler, acentuada também por esta segunda visita ao continente. Sua convicção é que a segurança, a paz e, por fim, o bem-estar da Europa só estarão assegurados duradouramente se a África tiver uma chance justa.

"Para mim o destino da África é que vai decidir até que ponto existe humanismo neste mundo. Não é uma questão de dignidade da Europa, levando em consideração nossos próprios fundamentos, nossos valores e nossa história, nos engajarmos na África com honestidade e generosidade?" Esta questão foi colocada por Köhler já em julho de 2004, no discurso que pronunciou ao assumir o cargo de presidente da Alemanha.

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